Perfuração de poços artesianos demanda equipamentos com alta força de rotação
Sucesso na execução de poços depende diretamente do desempenho das sondas perfuradoras, que podem ser do tipo rotativa, à percussão ou roto-pneumática. Saiba mais sobre elas
A construção de poços artesianos deve aliar projetos consistentes, equipamentos adequados e mão de obra capacitada (foto: shutterstock.com / tavizta)
A perfuração de poços artesianos é um serviço de engenharia cada vez mais requisitado por uma série de motivos. Primeiro, porque pode garantir ao empreendimento uma fonte de água de boa qualidade a um custo relativamente baixo. Além disso, é uma forma de oferecer maior segurança hídrica aos edifícios diante de possíveis falhas no abastecimento da rede pública. Só que a construção desses poços – que se caracterizam por utilizar a pressão natural para fazer a água jorrar, em vez de bombeamentos – precisa combinar projetos consistentes, equipamentos adequados e mão de obra capacitada.
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PERFURATRIZES PARA POÇOS ARTESIANOS
O principal equipamento para a perfuração de poços artesianos é a sonda perfuratriz que pode ser do tipo rotativa, à percussão ou roto-pneumática.
Os equipamentos do primeiro tipo contam com motores que acionam uma mesa rotativa que faz a perfuração e a fragmentação do solo. A perfuratriz à percussão funciona com a queda livre alternada de um conjunto de ferramentas (porta-cabo, percussores, haste e trépano) suspenso por um cabo. Ao cair, o trépano rompe e tritura o material rochoso, ao mesmo tempo em que gira sobre o seu próprio eixo, proporcionando um furo circular.
As perfuratrizes a ar comprimido ou roto-pneumáticas baseiam-se numa percussão em alta frequência. Essas máquinas contam com um martelo (megadrill) e brocas especiais que são rotacionadas, triturando e desgastando o solo.
As perfuratrizes roto-pneumáticas são mais utilizadas porque conseguem abranger um campo operacional maior e ter maior produtividade em relação às demais tecnologiasGeovane Eustáquio do Nascimento
“As perfuratrizes roto-pneumáticas são mais utilizadas porque conseguem abranger um campo operacional maior e ter maior produtividade em relação às demais tecnologias”, afirma Geovane Eustáquio do Nascimento, sócio administrador da Itapoços. Ele explica que os equipamentos rotativos costumam ser indicados em obras com aquíferos porosos ou sedimentares, quando se exige maior sustentação das paredes do poço. Já as máquinas percussivas são recomendadas apenas quando os outros dois métodos não conseguem avançar, já que têm baixa produtividade.
De modo geral, os equipamentos mais modernos, equipados com brocas diamantadas, permitem a perfuração em qualquer tipo de formação geológica (sedimentos ou rochas).
CRITÉRIOS DE ESPECIFICAÇÃO
As perfuratrizes para poços artesianos disponíveis no mercado se diferenciam por sua força de retração (pull back), que é a capacidade, em quilos, de retirar os tubos de perfuração do subsolo. Durante a execução do serviço, à medida que se adicionam tubos para a broca avançar na profundidade desejada, a coluna de perfuração vai ficando mais pesada. Para se ter uma ideia, um poço a 240 metros de profundidade possui, em média, 6 t de tubos dentro dele. “Ao final do processo de perfuração, todo esse material precisa ser retirado para dar início à execução de revestimento do poço”, conta Alexandre Toledo, gerente de marketing e produto na Atlas Copco Drilling Solutions. “O equipamento, portanto, precisa ter força de retração suficiente para içar todo esse peso, retirando o material de dentro do poço perfurado”, explica. Como referência, é possível encontrar nos catálogos de fabricantes valores de pull back que vão de 5 t (equipamentos que chegam a perfurar 220 m) a 50 t (capacidade de perfurar 1.500 m).
Outra propriedade igualmente importante é o torque da cabeça rotativa (cabeçote). Essa parte do equipamento é a responsável pela força de rotação da broca e, consequentemente, pelo rompimento da rocha encontrada no subsolo.
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QUAL MÁQUINA ESCOLHER?
Na hora de optar por um determinado modelo de perfuratriz é preciso ter em mente o tipo de poço que será construído e as principais características do projeto. “A profundidade é um fator decisivo, lembrando que há desde equipamentos capazes de perfurar poços de 200 m, até aqueles que chegam a perfurar mais de 1 mil m”, comenta Toledo.
O Brasil possui grande diversidade geológica. Só com conhecimento prévio do tipo de aquífero encontrado é possível definir o equipamento mais adequado para a perfuraçãoAlexandre Toledo
Também interferem na especificação do equipamento a formação geológica local e o diâmetro do poço. “O Brasil possui grande diversidade geológica. Só com conhecimento prévio do tipo de aquífero encontrado é possível definir o equipamento mais adequado para a perfuração”, afirma Toledo.
PROJETO DE PERFURAÇÃO DE POÇOS
Projetos para obras de captação de água subterrânea devem ser realizados em conformidade com a ABNT NBR 12.212:2017 - Projeto de poço tubular para captação de água subterrânea — Procedimento. Essa norma prevê que toda construção de poço, por mais simples que possa parecer, requer um estudo prévio do solo e um planejamento adequado.
“O estudo da geologia local é fundamental para determinar o revestimento do poço e a broca que será utilizada na perfuração”, diz Alexandre Toledo, ressaltando que o domínio sobre as condições do subsolo contribui também para dar assertividade ao orçamento, ao cronograma e ao planejamento.
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Colaboração técnica
- Alexandre Toledo – Pós-graduado em gestão empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), é gerente de marketing e produto na Atlas Copco Drilling Solutions
- Geovane Eustáquio do Nascimento – É sócio administrador da Itapoços, empresa especializada em captação de água subterrânea