Pergolados devem sombrear e criar ambientes de descanso no jardim
Feitos com travessas ou pilares de madeira, cabos ou vigas de aço – eles devem dialogar com a arquitetura
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Redação AECweb / e-Construmarket
Pergolado - Bar de piscina, residência em Itu - SP, e pergolado Indio da Costa, em residência na cidade de Embu - SP
Eles podem compor qualquer jardim, integram-se à paisagem e dão sombra a quem quer se esconder do sol. Em geral mais rústicos, os pergolados são abertos lateralmente e seu teto vazado é preenchido aleatoriamente por plantas com suas cores, perfumes, flores e, muitas vezes, frutos. “Na maioria dos casos, uso a pérgola como um ‘terraço’, ambiente informal no jardim onde as plantas trepadeiras se encarregam de criar a sombra e a cobertura. As plantas frutíferas, que necessitam de apoio para crescer, como as parreiras e maracujá são, também, opção interessante”, diz o paisagista Leo Laniado, autor de jardins em todo o país e diretor da A Estufa.
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As estruturas, segundo Laniado, podem ser as mais variadas, porém, sempre acompanhando a arquitetura local. “Podemos usar colunas de pedra com cobertura formada por travessas de madeira ou de cabos de aço; pilares de madeira roliços ou quadrados; vigas de aço; ferro batido e retorcido. A cobertura pode, ainda, ter uma estrutura curva. Enfim, fica por conta da imaginação de cada um”, ensina. A construção do piso, entendida como uma extensão do jardim, vai da terra batida aos pedriscos, ou até uma combinação de pedra com grama entremeada.
OÁSIS
Na maioria dos casos, uso a pérgola como um ‘terraço’, ambiente informal no jardim onde as plantas trepadeiras se encarregam de criar a sombra e a cobertura. As plantas frutíferas, que necessitam de apoio para crescer, como as parreiras e o maracujá são, também, opção interessanteLeo Laniado
“Não há restrições para uma pérgola. Ela deve apenas dialogar com a arquitetura”, diz o paisagista. Nas construções urbanas, os pergolados são vistos em edifícios corporativos como áreas externas de convivência ou, mesmo, de fumantes. É menos frequente, porém, o seu uso com a função de galeria para a conexão de dois ou mais prédios, com algum mobiliário para o descanso de usuários e visitantes. “Projetos de empreendimentos corporativos não deixam muita margem para o paisagista fazer sua interferência. Até porque as áreas de paisagismo são definidas no escopo do projeto arquitetônico, delimitando as áreas de ajardinamento, como as coberturas de garagem. Na maioria dos casos, o paisagista tem que lutar para que deixem para ele mais do que um canteirinho”, ironiza Leo Laniado.
O profissional relata que os edifícios residenciais dedicam áreas maiores a esses projetos e garantem mais liberdade ao paisagista. Assim como nos resorts, nos condomínios residenciais verticais ou horizontais, os pergolados ganham destaque na área de piscinas, com a intenção de proteger os usuários do sol, sombreando assim como os ombrelones. É possível ter as duas soluções no mesmo jardim ou apenas uma. “Imagine um pergolado com 20m de comprimento na área verde, enquanto os ombrelones estão instalados próximos à piscina. É um cenário ideal”, sugere.
ALINHADO À ARQUITETURA
Reforçando que será preciso nortear o projeto de paisagismo pela concepção arquitetônica da edificação, Laniado exemplifica com os jardins da casa em que o arquiteto projetou um extenso terraço suportado por colunas. “No fundo do jardim, espelhei no pergolado a colunata da residência com as mesmas proporções, a mesma distância entre elas e o mesmo pé-direito, só que coberto com madeira quadriculada, à semelhança de laje tipo cubeta. E enfeitada como se fez com a casa, usando vasos e plantas próximos à coluna, com suas flores, cores e perfumes”, diz. Nesse e nos demais projetos, o paisagista procura criar o pergolado longe da edificação, que se traduz num convite para que as pessoas tenham outro ângulo de visão da casa.
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COBERTURANão há receita para determinar a área mínima de um pergolado, mas o paisagista deve considerar a proporcionalidade em relação ao tamanho da área externa e da arquitetura. Há situações em que a pérgola, de menores dimensões, serve apenas como local sombreado, sem ambientação, apenas para visitação. A cobertura, no entanto, vem agregando novidades como o teto verde e o fechamento com vidro ou policarbonato.
“O teto verde em pergolado não é usual, mas é possível. Sua aplicação exige uma cobertura de laje para receber o teto verde com profundidade de 15 cm, no mínimo. A irrigação da vegetação é feita por capilaridade, ou seja, por pequenos tubos de água que sobe e irriga por aspersores. O escoamento, por sua vez, pode ser feito através de tubulação dentro das colunas de sustentação ou externas a ela”, explica Laniado.
Podemos usar colunas de pedra com cobertura formada por travessas de madeira ou de cabos de aço; pilares de madeira roliços ou quadrados; vigas de aço; ferro batido e retorcido. A cobertura pode, ainda, ter uma estrutura curvaLeo Laniado
VIDRO OU POLICARBONATO
Recentemente, surgiu a tendência de cobrir as pérgolas com vidro ou policarbonato, especialmente quando se pretende ambientar com mobiliário ou até mesmo redes. “Particularmente, não gosto dessa solução porque gera desconforto térmico. Nesse caso, utilizo os artifícios possíveis para deixar o ar quente sair, inclusive, sobrepondo os vidros de maneira que ocorra a dispersão do ar quente, ou ainda revestindo as peças com películas de isolamento térmico. Defendo que o pergolado não seja tão difícil. Deve ser mais despojado, que é sua origem”, afirma.
PERGOLADO X GAZEBO
Laniado conta que é comum as pessoas confundirem pergolado com gazebo envidraçado, para ali criar um ambiente que exige proteção das intempéries. Outra situação comum é a solicitação de pergolado como extensão da casa, simulando uma varanda, o que pode ser de mal gosto e parecer um ‘puxadinho’. “Mas há exceções”, diz.
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Colaborou para esta matéria
- Leo Laniado – Economista pela Universidade de Columbia (EUA), ingressou na área de paisagismo em 1978 ao se associar com a paisagista Marlene Laniado, na A Estufa, localizada no Brooklin (SP). O espaço fazia então, parte do movimento cultural e artístico chamado ‘O Galpão’ que, anos depois, se mudou para os Jardins. Em 1994, Leo Laniado fundou a Terracor com o químico Osiel Alves Pereira. Com a criação da Terracor, a A Estufa mudou-se para a Vila Madalena, e se tornou, além de um showroom, um espaço cultural, artístico e também de paisagismo. Leo Laniado participou de várias mostras de decoração como as da Artefacto e Casa Cor, e o Resort Txai leva sua assinatura no paisagismo e na arquitetura.