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Piscinas naturais: dicas para projetar e manter

Reservatórios dispensam uso de produtos químicos e contam com peixes, plantas e materiais que filtram a água sem comprometer a neutralidade do pH

Publicado em: 07/07/2016Atualizado em: 04/03/2021

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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Foto: Denilson Machado / MCA, Projeto: Residência OF – Studio Otto Felix

As piscinas naturais representam reservatórios compostos por animais e plantas aquáticas, areia e pedras naturais. Para que o sistema funcione, são utilizadas bombas hidráulicas, mantas e filtros. Também chamadas de piscinas biológicas ou ecológicas, elas reproduzem um ecossistema no projeto, onde os organismos se relacionam e equilibram as características da natureza na arquitetura.

Além de ornamentar casas, parques e outros tipos de projeto, as piscinas naturais permitem o cultivo de espécies aquáticas e, sobretudo, são indicadas para banho. Suas características garantem que a filtragem da água possa acontecer sem o uso de produtos químicos, proporcionando mais neutralidade ao pH da substância (escala que mensura níveis de acidez). “As pessoas se sentem muito confortáveis dentro da água, mesmo com a presença de peixes”, diz Otto Felix, arquiteto e urbanista, proprietário do Studio Otto Felix.

COMO FUNCIONAM

As piscinas naturais ficam separadas em duas zonas. Uma delas é o reservatório propriamente dito, semelhante a um pequeno lago, onde os peixes convivem e as pessoas se banham. A outra zona consiste em um percurso dotado de pedras, areia e plantas. A circulação da água é impulsionada por meio de bombas hidráulicas (ver ilustração a seguir).

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Esquema de divisão em zonas, sistema de filtragem e bombeamento das piscinas naturais (Divulgação/ Ecoeficientes)

Na zona do percurso, pedras e areias são responsáveis por reter as impurezas da água enquanto as plantas promovem a oxigenação aquática, resultando em um processo de purificação da substância.

Na zona da piscina, os peixes também podem colaborar com a limpeza da água. “Os mais indicados são as carpas Nishikigois que, além de serem mais ornamentais, são mansas e têm o hábito de revirar o fundo do lago, fazendo com que as partículas de sujeira entrem em suspensão e possam ser captadas pelo sistema de filtragem”, explica Ricardo Caporossi, veterinário especializado em vida aquática e proprietário da Genesis Ecossistemas.

O serviço consiste basicamente em limpar o filtro uma vez por mês. Não precisa de produto químico, como o cloro
Otto Felix

As plantas aquáticas utilizadas são do tipo flutuante, marginal e palustre. As espécies podem variar de acordo com os animais que farão parte do ecossistema, sendo que as mais comuns são aguapé, elódea, lentilha d’água e taboa.

COMO PROJETAR

As piscinas naturais podem ser implantadas em qualquer tipo de terreno. O projeto deve prever uma escavação mínima de 1,50 m de profundidade, onde se aplica uma cobertura geotêxtil e uma manta de EPDM (borracha de etileno-propileno-dieno) para reter a água. O material costuma apresentar propriedades atóxicas e alta capacidade de alongamento, o que garante estabilidade biológica ao ecossistema da piscina e moldagem sobre diversos tipos de substrato, respectivamente.

Após esse processo, são colocados pedregulhos, rochas naturais e areia quartzosa, semelhante à das praias, para conter a manta e ornamentar a piscina. O sistema de bombeamento é feito submersamente e pode contar com soluções integradas de filtragem, característica que varia de acordo com o fornecedor.

Segundo Caporossi, com uso de sistema de oxigênio ativado no bombeamento, é possível remover o acúmulo de matéria orgânica, amônia e nitrito, eliminando organismos patogênicos como vírus e bactérias. “Isso diminui a demanda biológica de oxigênio e aumenta o potencial redox da água. Também elimina as células de algas e melhora a clareza da água, além de diminuir a quantidade de briófitas acumuladas nas regiões superficiais do lago”, explica. Outro sistema que pode ser integrado são lâmpadas para filtragem UV, encapsuladas em tubo de quartzo.

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É de grande responsabilidade trabalhar com vida em ambientes artificiais. Para que o resultado seja perfeito, devem-se evitar pequenos erros que podem ser irreversíveis
Ricardo Caporossi Jr.

MANUTENÇÃO REDUZIDA

Repleta de elementos e organismos purificadores, a manutenção das piscinas naturais apresenta baixa demanda. “O serviço consiste basicamente em limpar o filtro uma vez por mês. Não precisa de produto químico, como o cloro”, diz Felix. A presença desses elementos favorece também o banho, pois minimiza-se a presença de agentes que podem irritar olhos, pele, cabelo, entre outros.

Para Caporossi, é importante o envolvimento de médicos veterinários e biólogos que estejam aptos a manter a qualidade do ecossistema, além de profissionais técnicos. O serviço de manutenção consiste na retirada de dejetos e resíduos gerados pelos animais e plantas, e controle químico e patogênico do ambiente.

MÃO DE OBRA ESPECIALIZADA

Para atender às especificidades de projeto, como escavação adequada, instalação de bombas e filtros e seleção de plantas e peixes, recomenda-se o apoio da mão de obra especializada. “Não é só instalar. Tem todo um ecossistema envolvido”, esclarece o arquiteto.

“É de grande responsabilidade trabalhar com vida em ambientes artificiais. Para que o resultado seja perfeito, devem-se evitar pequenos erros que podem ser irreversíveis”, completa Caporossi.

O custo das piscinas naturais pode variar de acordo com os acabamentos e sistema envolvido. Embora seu preço inicial seja mais caro do que o de piscinas tradicionais, os gastos a longo prazo são menores devido às necessidades reduzidas de manutenção.

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Colaboração técnica

Ricardo Caporossi Jr. – Médico veterinário credenciado, formado pela Universidade de Espírito Santo do Pinhal, e especializado em Vida Aquática e Peixes. Possui larga experiência no desenvolvimento de Ecossistemas Aquáticos, com cursos de especialização na Alemanha e visitas técnicas aos EUA, visando buscar novos conhecimentos. Como pesquisador, é o idealizador e proprietário da Genesis Ecossistemas.
Otto Felix – Arquiteto e urbanista pela Universidade Paulista (2004) com MBA em marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialização em empreendedorismo em Babson College, em Boston (EUA). Durante a faculdade, descobriu seu gosto e talento para o marketing, especializando-se em projetos comerciais, corporativos e varejo, que necessitam de um estudo e posicionamento de mercado. Em 2005, inaugurou o Studio Otto Felix.