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Pisos com aparência de madeira e concreto conquistam o setor de revestimentos

Mais tecnológicos e bem acabados, esses produtos ajudam a preservar matéria-prima, têm durabilidade e fácil limpeza

Publicado em: 20/07/2015Atualizado em: 30/10/2023

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket


Piso liso da Linha Ambienta®, da Tarkett (Divulgação)

Durante muito tempo pisos com aparência de outros materiais foram rejeitados por arquitetos, decoradores e outros profissionais da área, que não gostavam nem de ouvir falar sobre tal solução. Com a evolução tecnológica do setor, esse cenário está ficando no passado, e os produtos vêm conquistando o público cada dia mais. “A aparência era muito falsa, dando a impressão de material de baixa qualidade. A mudança aconteceu devido à evolução tecnológica de impressão e dos processos produtivos na representação e produção dos materiais”, explica Glaucio de Souza Dias, gerente nacional de pisos e portas na Eucatex.

Entre as diferentes alternativas deste mercado de pisos com aparência de outros materiais os produtos com aspecto de madeira são os mais cobiçados, seguidos por aqueles que se parecem com pedras ou concreto. Cada vez mais se consegue imitar os desenhos, estruturas e texturas dos produtos naturais, como madeira, pedras, granitos e tecidos. “Essa é uma maneira consciente de utilização das matérias-primas, evitando-se, por exemplo, que madeiras nobres e quase extintas sejam usadas”, lembra Flavia Athayde Vibiano, gerente de Marketing da Construção Civil na Eucatex. Ela comenta, ainda, que a tecnologia de impressão evoluiu de tal maneira que, às vezes, só é possível descobrir o material instalado após o toque e, em alguns casos, nem dessa forma.

A preservação de materiais naturais não é a única vantagem dos pisos com aparência de outros materiais. Na escolha do revestimento, características como facilidade de limpeza e baixa manutenção também colocam o produto como solução a ser considerada. “Materiais sintéticos podem, ainda, oferecer resistência ao tráfego, propriedades acústicas e térmicas, rapidez de instalação e, na maioria dos casos, uso imediato”, destaca a arquiteta Bianca Tognollo, gerente de Marketing da Tarkett.

A madeira natural não pode ser indicada para uso em áreas molhadas e, sendo a cerâmica um material apropriado para este tipo de local, porque não unir o visual de uma com a utilidade da outra?
Simone Lourensi

Os pisos com aparência de outros materiais já chamam a atenção de consumidores de diferentes faixas de renda. “O que define o perfil do público não é somente o design de superfície, mas outros atributos, como o formato da peça, um dos principais indicadores do preço final/m². A mesma madeira tem leituras diferentes quando apresentada de forma quadrada ou no modelo de ripas alongadas, este último conferindo maior naturalidade”, avalia Simone Lourensi, coordenadora de Design e Portfólio da Eliane.

PISOS CERÂMICOS

O setor teve início com peças que se assemelham ao mármore e ao granito. A decoração serigráfica nas peças começou na década de 70. “Antes disso, eram explorados mais os efeitos reativos dos esmaltes, sem um desenho controlado, com foco maior nos efeitos aleatórios gerados pela queima”, explica Lourensi, lembrando que o padrão madeira nos pisos cerâmicos surgiu para suprir uma limitação da matéria-prima. “A madeira natural não pode ser indicada para uso em áreas molhadas e, sendo a cerâmica um material apropriado para este tipo de local, porque não unir o visual de uma à utilidade da outra?”, pondera.

A padronagem de madeira e pedras contribui para ampliar a utilização de pisos cerâmicos, que antes ficavam reservados a cozinhas e banheiros, e hoje podem ser usados até em salas e dormitórios. “Esses revestimentos especiais trazem um ar de aconchego, requinte e sofisticação, tornando qualquer espaço mais atrativo. O toque acetinado dos porcelanatos esmaltados também contribui, transmitindo uma sensação de aquecimento”, ressalta Lourensi. A cerâmica tem, ainda, outra vantagem, que é conseguir absorver a temperatura ambiente e ajudar na transmissão dessa energia. “Se for um local aquecido, a cerâmica ajuda a transmitir o calor”, explica.

No mercado de revestimentos cerâmicos, as novidades ficam por conta de linhas que remetem a pedras, aço, mármore, entre outros. Lourensi conta que foram lançados pisos com aparência de cores fortes e urbanas que refletem a imponência e elegância bruta das pedras; uma linha formada por ripas de madeira com aspecto natural, que levam o conforto da vida simples para a decoração urbana; peças inspiradas nos veios orgânicos do mármore; além de produtos que remetem ao aço cortein, cimento queimado e concreto.

PISOS VINÍLICOS

Os pisos vinílicos sempre ofereceram diversidade de padrões, desde sua introdução no mercado brasileiro na década de 60. Com utilização voltada principalmente para áreas comerciais, os padrões foram evoluindo ao longo do tempo devido ao desenvolvimento de novas tecnologias e matérias-primas. Os pisos vinílicos padrão madeira não são recentes, foram criados em meados da década de 90. Porém, o ganho de escala e as inovações dos últimos anos fizeram com que esse mercado crescesse desde então. "O produto ainda tem uso intenso em ambientes comerciais, mas o segmento em ascensão para os pisos em régua é definitivamente o residencial. Essa é a categoria que mais cresce em todo o mundo, representando hoje mais de 200 milhões de m²”, informa Tognollo.

O mercado de pisos de madeira ainda tem seu espaço, com atendimento a um público disposto a pagar a diferença de preços para um produto bastante exclusivo, afinal uma madeira não será igual à outra
Glaucio Dias 

Segundo ela, não há no mercado resistência ao vinílico com aparência de outros materiais. “Pelo contrário, como os padrões têm alta definição, variedade de cores e texturas, além de diversos benefícios, os consumidores estão cada vez mais atraídos por essa categoria de piso”, afirma.

A ampla variação de preços do produto – que pode custar entre R$ 30 e R$ 120/m² – ajuda a explicar por que ele é capaz de despertar o interesse de diferentes públicos. “Existem soluções para diversos usos e com diferenças de qualidade. O que afeta o preço é o uso de metais pesados como estabilizantes, o que os torna bem mais baratos, mas prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Produtos com maior espessura usam mais matéria-prima, portanto são mais caros; e peças de uso comercial têm valor mais alto do que aquelas para ambientes residenciais”, detalha Tognollo.

A vida útil do vinílico é outro aspecto positivo. “Temos casos de pisos instalados há mais de 30 anos e que ainda estão com excelente aparência”, comenta Tognollo, destacando que, entre as principais novidades deste segmento, estão os produtos que são instalados sem a necessidade de adesivos e click, apenas com uma base antiderrapante que se prende no contrapiso. “Além de todas as vantagens do vinílico, esse novo modelo pode ser retirado em caso de mudança e ser reaproveitado em um local diferente”, ressalta.

PISOS LAMINADOS

A avaliação de Vibiano é que o piso laminado foi uma evolução do carpete de madeira, tornando-se uma opção de revestimento com características e aspectos similares ao piso de madeira, com valores mais acessíveis. Segundo Dias, o piso laminado também vem ocupando uma parcela que antes era reservada aos tacos, em função de suas características funcionais e avanços tecnológicos. "O mercado de pisos de madeira ainda tem seu espaço, com atendimento a um público disposto a pagar a diferença de preços para um produto bastante exclusivo, afinal uma madeira não será igual à outra”, afirma o gerente da Eucatex, indicando que os laminados detêm 2% do mercado de todos os pisos utilizados internamente.

Diferentemente dos Estados Unidos, onde é comum o uso de laminados padrão madeira em cozinhas, o mesmo não acontece no Brasil devido a uma questão cultural. “Nos EUA, o costume de limpeza é diferente do nosso. Aqui fazemos a limpeza das cozinhas com água em abundância, e qualquer produto à base de madeira não pode receber água. Por esse motivo, não é recomendável a utilização do piso laminado em cozinhas”, explica Vibiano. Mesmo não sendo o mais indicado, alguns profissionais especificam a solução para as cozinhas tipo gourmet ou masculinas, onde são preparados pratos mais simples, sem a necessidade da limpeza de rotina.

Colaboraram para esta matéria

Bianca Tognollo – arquiteta e urbanista formada pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, com MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atualmente ocupa o cargo de gerente de Marketing na Tarkett.
Simone Lourensi – graduada em Desenho e Plástica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Tem especialização em Design para Estamparia, também pela UFSM; Marketing pela instituição Talentos/UNESC e MBA em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)..
Flavia Athayde Vibiano – formada em Design - Desenho Industrial - e Comunicação Visual pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP); tem pós-graduação em Marketing pela Universidade Paulista (UNIP) e Designing Furniture pela Domus Academy Milano – Itália. Tem 28 anos de experiência no gerenciamento, coordenação e desenvolvimento de produtos, em indústrias nacionais ligadas ao setor de revestimentos, com atuação principal nos segmentos moveleiro e da construção civil. Atualmente, é gerente de Marketing da Construção Civil na Eucatex.
Glaucio de Souza Dias – bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Salgado de Oliveira – Universo, tem MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e MBA em Gestão Estratégica da Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – (UFRJ). Tem 19 anos de experiência na área comercial, desenvolvido em empresas multinacionais e nacionais de atuação no segmento da construção civil com produtos de acabamento e decoração. Ocupa o cargo de gerente Nacional de Pisos e Portas na Eucatex.