Pisos decorativos invadem corporações e casas noturnas
A tendência de humanizar o ambiente corporativo tem desembocado em projetos charmosos, que utilizam materiais alternativos, especialmente em espaços de convivência
A tendência de humanizar o ambiente corporativo tem desembocado em projetos charmosos, que utilizam materiais alternativos, especialmente em espaços de convivência
Redação AECweb
Tudo pode começar pelos revestimentos de piso que, em outros tempos, seriam impensáveis. Sozinhos ou em composições de bom gosto, entram em cena materiais como o ladrilho hidráulico, assoalho de madeira, mosaicos, cimento queimado, vidro e algumas cerâmicas rústicas.
“Os ambientes corporativos que permitem a interação entre os funcionários, como o lounge e o espaço de café, eram esquecidos nos projetos de interiores. Devido à troca de informações dentro das empresas, esses ambientes passaram a ser valorizados e estão se ampliando. Nas multinacionais norte-americanas, por exemplo, a área de café é ampla, confortável, tem pessoas trabalhando em seus laptops, em reuniões informais, ou resolvendo assuntos pelo celular”, observa o arquiteto Olegário Vasconcelos, do escritório Couto & Vasconcelos Arquitetura.
O arquiteto conta que tem aplicado nesses espaços materiais como a pastilha de vidro, que classifica como um revestimento tradicional. “Temos uma experiência interessante com a Alcoa, que tem seus escritórios na Marginal Pinheiros, em São Paulo , em que optamos por instalar pastilhas de vidro no lounge da empresa, que foi ampliado e situado numa das melhores vistas, a da ponte estaiada”, conta Vasconcelos.

Para o arquiteto Olegário Vasconcelos, quanto mais artesanal for o mosaico, mais textura ele tem e o resultado fica melhor. “O mosaico precisa ser bem aplicado para durar décadas e a manutenção pede apenas que se passe um pano. Além dos lounges, também utilizamos em banheiros, espelhos d’ água e algumas áreas de tráfego. Para espelhos d’ água, tem mosaicos transparentes que são bárbaros, com várias cores, além do translúcido que confere uma luminosidade. “Para usar o mosaico folheado a ouro, é necessária uma aplicação com propriedade, sem agredir o meio ambiente”, comenta.
Para uso no piso, é preciso verificar se a lâmina de ouro 24 K está aplicada entre dois vidros de proteção, caso contrário, a peça ficará comprometida rapidamente. Soledad Diz, designer da Amenco, representante da marca italiana Bisazza no Brasil, lembra que a marca produz mosaicos em ouro com dimensões de 20 mm x 20 mm e 10 mm x 10 mm , para o uso em pisos de trafego leve. “Têm longa vida útil em condições normais de uso e conservação. Pode ser aplicado em áreas internas e externas; e áreas de tráfego leve, como piscinas, espelhos d’ água e fontes”, explica, recomendando avaliação e preparação da área onde será aplicado, que deve estar perfeitamente lisa e regular, curada, consistente e estável .
O bom e velho assoalho de madeira

Vasconcelos lembra que, em breve, empregará um outro revestimento tradicional, o assoalho de madeira de demolição, na empresa La Pastina. “No lounge da corporação, vamos utilizar o revestimento proveniente de madeira de demolição. É um material rústico e sustentável que remete ao campo, porém, é mais caro se comparado com os outros. Não precisa de nenhum tratamento e a limpeza é feita praticamente com um aspirador”, diz. Já o piso de poliuretano, o arquiteto considera ótimo para a limpeza, sendo possível a mistura de cores sólidas. “Na experiência do escritório, esse piso apresenta uma boa vida útil. A manutenção também é fácil e geralmente os fabricantes têm uma cera específica”, afirma.
A praticidade do linóleo
“O linóleo é um piso monolítico que permite a produção de curvas e o trabalho com cores e texturas, criando movimento. Também pode ser aplicado em hospitais e, se comparado ao vinílico, tem uma espessura maior, porque tem cortiça na composição, o que fotografa menos o piso. Além disso, a limpeza é muito fácil, apenas um pano resolve”, observa.
De acordo com Vasconcelos, o piso de cimento queimado, tradicional no Brasil, exige o cuidado de instalação de juntas de dilatação a cada 2 m, pelo menos. “Quanto maior, mais monolítico fica e tende a rachar. Não recomendo para ambientes corporativos e, sim, para lojas e residências”, diz, lembrando que é uma opção usual em escritórios de linguagem moderna, como os de arquitetura.

Vidro, sempre ‘clean’
Seguro e transparente, o vidro é utilizado na arquitetura como um piso em si mesmo. Autorportante, pode cobrir imensas áreas como a passarela ao ar livre, em forma de ferradura, sobre o Grand Canyon, nos Estados Unidos, com 21 m de comprimento, comportando 121 pessoas de uma só vez. “No Brasil, é empregado quando o arquiteto deseja conferir leveza e transparência aos ambientes”, diz Claudia Mitne , gerente de Marketing da Glasses – Vidros de Segurança. Segundo ela, é usado em locais como mezanino, escadas e passarelas. É comum, também, a aplicação decorativa ou comercial, instalando elementos sob o vidro, como um mostruário ou, ainda, imprimindo através de serigrafia, a logomarca da empresa sobre a superfície.
“Trata-se de vidro laminado de segurança, com altas espessuras, de acordo com os critérios da norma técnica dos vidros de segurança. O piso de vidro exige cálculo estrutural, considerando aspectos como dimensões da peça, tipo de fixação e de uso do local”, explica. Por ser laminado, permite a escolha de infinitas cores determinadas pelas películas de PVB (polivinilbutiral)”, explica Mitne.

A peculiaridade dos desenhos que o ladrilho hidráulico consegue compor artesanalmente, agora retorna com força nos projetos de interiores. Originário do século XIX, o piso foi o precursor da cerâmica. Restrito durante décadas ao revestimento de piso de casas de campo e de praia, tornou-se tendência em bares e restaurantes paulistanos, ampliando sua visibilidade. E caiu no gosto dos jovens casais que, hoje, o adotam no piso de suas casas e apartamentos. “A mistura de materiais que o ladrilho hidráulico possibilita é muito bem-vinda e, cada vez mais, os arquitetos têm abusado disso. Além do que, o material traz informações de várias épocas”, comprova o arquiteto Olegário Vasconcelos.
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