Polímero diminui fator rebote em aplicações de concreto projetado
Além de reduzir perdas e agilizar obras, a macromolécula também otimiza o processo de aglutinação e aderência do material
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Trabalhadores operam equipamento de projeção de concreto (wandee007/shutterstock.com)
Você já ouviu falar de concreto polímero? O polímero é uma macromolécula, um conjunto de monômeros de baixa massa molecular que pode ser aplicado no concreto para melhorar o desempenho do material. É muito utilizado, por exemplo, em serviços de reparo em estruturas feitas com cimento Portland, pois elimina os vazios entre os grãos dos agregados e impede a penetração de água.
“O concreto modificado por polímero apresenta uma melhora significativa no processo de aglutinação, preenchendo os espaços entre as partículas, tornando o concreto menos permeável e duradouro”, diz André Nagamine, químico de aplicação da Wacker.
TRÊS COMPOSIÇÕES
Existem três maneiras de combinar o concreto com polímero, cada uma atendendo necessidades diferentes. Os tipos são chamados de concreto impregnado com polímero (CIP), concreto modificado com polímero (CMP) e concreto polimérico (CP).
O concreto modificado por polímero apresenta uma melhora significativa no processo de aglutinação, preenchendo os espaços entre as partículas, tornando o concreto menos permeável e duradouroAndré Nagamine
“No CIP, a impregnação é feita com elementos do concreto endurecido ou com tratamento superficial, ao passo que no CP a resina assume o papel de ligante ou aglomerante que seria do cimento, substituindo-o. No CMP, temos também o uso do cimento Portland, e o polímero é usado simultaneamente na preparação do concreto fresco”, diferencia Arnaldo Battagin, gerente dos laboratórios da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
O CIP oferece maior vantagem para o endurecimento do concreto, proporcionando maior durabilidade a estruturas. Já o CMP é recomendado para obras com grande demanda de concreto, como projeções de túneis e barragens, pois é a melhor combinação para reduzir perdas. Por sua vez, o CP oferece vantagem em aderência, sendo ideal para aplicações em superfícies úmidas.
REDUÇÃO DO FATOR REBOTE
O emprego do polímero no concreto proporciona diversos benefícios em questão de produtividade e desempenho para a obra. Entre eles, destacam-se otimização da adesão e coesão do material, efeito impermeabilizante, melhor resistência em condições externas e menores índices de porosidade e absorção.
Além dessas vantagens, o concreto modificado com a macromolécula também diminui o fator rebote (reflexão) em aplicações de concreto projetado, reduzindo perdas e preservando as propriedades do material. Essa característica faz com que o polímero seja fundamental nesse campo de aplicação.
“A engenharia de construção moderna não pode existir sem o concreto projetado, essencial em túneis, minas e outras construções subterrâneas”, afirma Nagamine. “Nesse mercado, o tempo e o consumo de materiais são particularmente críticos, e o concreto projetado com polímeros reduz ambos”, completa.
Fora os aspectos quantitativos, o polímero também pode contribuir em questão qualitativa para construções subterrâneas, que exigem maiores níveis de força, estabilidade e impermeabilidade do concreto. “A adesão a substratos difíceis, permeabilidade e fissuras pode ser melhorada com o concreto modificado com polímero”, esclarece o químico de aplicação. A solução pode ser usada nos métodos via seca ou via úmida.
Segundo Battagin, as principais desvantagens ligam-se ao custo, necessidade de mão de obra treinada e odor — sendo que certas resinas são tóxicas.
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PERSPECTIVA MERCADOLÓGICA
O emprego do concreto com polímero é muito amplo em países avançados em tecnologia. No Brasil, além do baixo número de pesquisas sobre essa solução, há poucas empresas explorando comercialmente o produto no mercado. Além disso, não há normas técnicas direcionadas à produção e caracterização do material.
Resolver questões culturais e de custos, com maior difusão, pode ser um caminho para aumentar a aplicação do concreto com polímero no paísArnaldo Forti Battagin
Apesar dos dados pessimistas, Nagamine acredita que o concreto com polímero tende a crescer no país devido aos seus benefícios na construção. “Trata-se de uma inovação para o mercado e tende a ser cada vez mais utilizado, uma vez que proporciona ganho em produtividade e economia de materiais”, aposta.
“Resolver questões culturais e de custos, com maior difusão, pode ser um caminho para aumentar a aplicação do concreto com polímero no país”, analisa o gerente dos laboratórios da ABCP.
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Colaboraram para esta matéria
- André Nagamine – químico de aplicação da Wacker.
- Arnaldo Forti Battagin – gerente dos laboratórios da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). Geólogo pelo Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP). Especialista nas áreas de tecnologia de cimento e concreto, durabilidade e sustentabilidade do concreto, técnicas experimentais e gestão da qualidade. Representante da ABCP em comissões de estudos de normalização da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Autor e coautor de mais de 100 trabalhos técnico-científicos publicados em revistas nacionais e internacionais e anais de congressos.