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Polímero permite produção de cimento com propriedades translúcidas

Fabricado e patenteado por empresas internacionais, o material permite transmissão de luz natural e translucidez através das paredes

Publicado em: 24/02/2016

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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Vista externa do Pavilhão Italiano da Expo Xangai 2010 (Foto: divulgação/Italcementi Group)

Na fachada do Pavilhão Italiano da Expo Xangai 2010, duas coisas chamavam atenção: era possível ver a silhueta de pessoas e objetos através de paredes e, durante o dia, raios solares iluminavam alguns dos ambientes.

Para apresentar tais características, o edifício – projetado pelo arquiteto Giampaolo Imbrighi – utilizou cerca de 3,7 mil painéis de cimento com propriedades translúcidas em 40% de sua fachada.

O produto, patenteado pelo grupo italiano Italcementi, foi desenvolvido especialmente para atender à demanda arquitetônica do pavilhão. Sua fórmula conta com materiais cimentícios e polímeros. “São policarbonatos, epóxi, fibras de vidro, fibras ópticas, sílica coloidal, aminas e cimento Portland em proporções não divulgadas”, aponta Arnaldo Battagin, geólogo e gerente dos laboratórios da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

É oportuno esclarecer que não se trata de um cimento transparente. Na verdade, o material constitui-se de placas de concreto com propriedades translúcidas
Arnaldo Forti Battagin

As resinas agregam 92% de fator de transmissão óptica ao material, valor calculado conforme o DIN 5036 — Instituto Alemão para Normalização. Além disso, os painéis contam com aberturas de 2 ou 3 mm que permitem que raios de luzes perpendiculares atravessem o cimento em condição de luz direta.

Esses painéis podem ser utilizados em ambientes internos e externos, sendo mais indicados para coberturas, alvenarias, pisos e elementos decorativos. Atendem a demandas de redução de resíduos, pois são pré-fabricados, e diminuem o consumo de energia elétrica, já que permitem aproveitamento da luz natural. “Ao mesmo tempo, sua aplicação pode comprometer a privacidade”, pondera Battagin.

TRANSLÚCIDO OU TRANSPARENTE?

Ao se referir ao material, alguns meios o classificam como ‘cimento transparente’. “Mas é oportuno esclarecer que não se trata de um cimento transparente. Na verdade, o material constitui-se de placas de concreto com propriedades translúcidas”, corrige o gerente dos laboratórios da ABCP. Por não permitir que a luz percorra de forma regular e precisamente definida — cuja perfeição só possível por meio do vácuo —, não há a transparência propriamente dita.

OUTROS REGISTROS

Antes do grupo Italcementi, um cimento com propriedades translúcidas já havia sido desenvolvido também na Europa. “Sua origem remete às iniciativas do então estudante da Real Universidade de Estocolmo, o arquiteto húngaro Aron Losonczi”, conta Battagin.

Losonczi desenvolveu a primeira mostra do material em 2001 e a patenteou um ano depois. Em 2004, fundou a empresa Litracon, que também comercializa o produto. Ele é composto por fibras ópticas de vidro e cimento fino. Em um modelo mais recente, a empresa substituiu as fibras por plásticos translúcidos — policarbonatos e ligas acrílicas.

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Colaboração técnica

Arnaldo Forti Battagin – Gerente dos laboratórios da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e representante da mesma entidade no Conselho Diretor do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON). Geólogo pelo Instituto de Geociências da USP e especialista nas áreas de tecnologia de cimento e concreto, durabilidade e sustentabilidade do concreto, técnicas experimentais e gestão da qualidade. Representante da ABCP em comissões de estudos de normalização da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Autor e coautor de mais de 100 trabalhos técnico-científicos publicados em revistas nacionais e internacionais e anais de congressos.