menu-iconPortal AECweb

Ponte no Amapá combina execução em balanços sucessivos e pré-moldados

Executada sobre o Rio Matapi, estrutura de 688 m e 12,77 m de largura facilita o deslocamento na Região Metropolitana de Macapá

Publicado em: 22/02/2017

Texto: Redação PE


Nova ponte tem gabarito vertical de navegação de 25 m de altura no vão central (Divulgação/ CR Almeida)

Com 688 metros de extensão, a nova ponte sobre o Rio Matapi não apenas facilitará a travessia de veículos entre as cidades de Santana e Mazagão, no Amapá, como também promoverá maior integração entre os demais municípios da região metropolitana de Macapá. Até a inauguração da obra, no final de 2016, o trajeto era feito apenas por balsas, num percurso que durava de 10 a 15 minutos, fora o tempo de espera.

A obra, executada pelo Consórcio Equador – liderado pela construtora CR Almeida – como parte do Programa Rodoviário do Estado do Amapá, também gerou uma nova opção de acesso ao município de Laranjal do Jari, encurtando o trajeto em 26 quilômetros em relação ao percurso feito pela Rodovia BR 156 Sul.

Os 12,77 m de largura da ponte compreendem duas faixas de rolamento e uma faixa para pedestres. A superestrutura tem três vãos centrais de 100 m cada e dois vãos de 60,48 m, todos em concreto moldado in loco. A estrutura ainda é complementada por sete vãos isostáticos executados com vigas pré-moldadas.

“O perfil geométrico da ponte é uma curva vertical com inflexão junto ao vão central de 100 metros”, descreve o gerente de contrato Edmilson Araújo Filho, do Grupo CR Almeida. Neste ponto, o gabarito vertical de navegação é de 25 m de altura.

BALANÇOS SUCESSIVOS E PRÉ-MOLDADOS

O Rio Matapi tem um intenso fluxo de embarcações responsáveis pelo abastecimento do comércio local e pelo transporte da população, como balsas, empurradores, barcos e lanchas. Essas restrições levaram o consórcio construtor a adotar, nos vãos centrais da superestrutura, o método de execução da em balanços sucessivos. “Trata-se do sistema construtivo mais eficiente do ponto de vista técnico e financeiro para essa obra. A ponte foi construída em concreto armado e protendido”, conta Edmilson. Nesse trecho, a seção do tabuleiro é composta por um caixão de 2,30 m de altura e 7 m de largura e lajes projetadas em balanço de 2,88 m nas duas laterais.

Já sobre as margens do rio, a superestrutura foi executada com vigas pré-moldadas de 2 m de altura, espaçadas a cada 2,94 m, e pré-lajes solidarizadas com uma camada de concreto de 20 cm a 21,5 cm de espessura. No total, são sete vãos de aproximadamente 38 m – três do lado do município de Mazagão e quatro do lado de Santana.

A mesoestrutura é constituída de pilares em concreto armado executados com fôrmas trepantes. “No trecho em vigas pré-moldadas, há uma travessa de união de dois pilares em cada apoio; no trecho em balanços sucessivos, os pilares são unidos monoliticamente à superestrutura. Os apoios das vigas pré-moldadas são metálicos. Nas extremidades do trecho em balanço sucessivo, foram utilizados pilares provisórios durante a obra, para execução das aduelas de partida”, explica Odilon.

FUNDAÇÕES

A fundação da ponte foi executada como estacas escavadas com camisas metálicas. São 42 estacas com 160 cm de diâmetro, oito com 140 cm de diâmetro e 38 com 120 cm de diâmetro. A profundidade média é de 62 m a partir da lâmina d’água e a profundidade máxima é de 73,50 m. Nos trechos submersos, as estacas são encamisadas com tubos metálicos com parede de espessura de 3/8 polegadas e cravados, no mínimo, a 10 metros de profundidade no leito do rio.

As estacas são encabeçadas por 20 blocos de coroamento executados em concreto armado. Nos pilares centrais, existem ainda quatro dolphins – denominação dos blocos de proteção contra abalroamentos de embarcações.

“A escavação das estacas foi realizada por uma perfuratriz hidráulica acoplada a um guindaste, que portava uma caçamba na ponta da haste para retirar o material do fundo do furo”, conta Odilon. “Após a escavação, era realizada a colocação da armadura seguida da concretagem, que utilizava um tubo tremonha”, explica.

Edmilson Araújo Filho relata que houve atrasos na fase de fundação, provocados pela interrupção nas etapas construtivas decorrentes da morosidade na desapropriação das áreas adjacentes à obra. “Esse obstáculo foi superado com a alteração da concepção executiva da fundação. Redefinimos toda a sequência dos trabalhos e redimensionamos os recursos destinados a essas atividades e às atividades subsequentes”, diz.

COLABORAÇÃO TÉCNICA

Edmilson Araújo Filho, gerente de contrato da obra
Odilon Oliveira, engenheiro de produção da obra