Por que usar barreiras acústicas em estradas?
A simples implantação de barreiras próximas aos locais habitados pode reduzir o volume de ruído aos níveis aceitáveis e trazer conforto acústico. Entenda
Redação AECweb / e-Construmarket
Com a retomada do desenvolvimento econômico do país, nos últimos anos, aumentou consideravelmente o volume de tráfego de automóveis e caminhões pesados pelas estradas brasileiras, agravando a poluição sonora que prejudica a saúde da população das áreas vizinhas às rodovias. O engenheiro Daniel Egon Schmidt, gerente de Operação e Regulamentação da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), afirma que a simples implantação de barreiras acústicas próximas aos locais habitados pode reduzir o volume de ruído aos níveis aceitáveis. Ele lembra que o ruído excessivo provoca danos graves à saúde, causando problemas fisiológicos e psicológicos. “O estresse provocado pelo ruído causa cansaço físico e mental, insônia, dificuldade de concentração e doenças no coração. Também tem impacto sobre a fauna, pois interfere na comunicação dos pássaros. O ruído constante de 42 decibéis já provoca o declínio da população animal”, afirma.
Ele lembra que a Organização Mundial da Saúde (OMS), define que o ruído acima de 65 dB(A) – decibéis na escala A, uma escala de ponderação que tenta imitar o ouvido humano – é prejudicial à saúde. De 60 dB(A) a 65 dB(A) causa irritação, e até 55 dB(A) é aceitável.
Schmidt diz que é possível reduzir o ruído nas regiões habitadas em até 17 decibéis, o permitiria atingir o conforto acústico nas regiões críticas. Entretanto, lamenta o engenheiro, o projeto de barreiras acústicas da Cetesb, que teve início há 12 anos, ainda não foi para frente. “Na minha opinião, o projeto de conforto acústico deve ser feito desde o início da construção ou da ampliação da estrada”, afirma.
Barreiras acústicas de acrílico e madeira de pinho tratada
O engenheiro participou de pesquisas de campo sobre o volume de ruído lindeiro às margens de rodovias. O primeiro levantamento, segundo ele, visava verificar como o ruído se dispersa. “Com essa preocupação fizemos medições na via Dutra, em uma planície na altura do quilômetro 160. Com o equipamento atrás do guard-rail, o nível de ruído equivalente era de 84,6 dB(A). Ele conta que conforme afastava o equipamento da rodovia, o volume se reduzia até chegar a um nível constante. “A uma distância de 25 m da pista, o nível de ruído caiu para 75,5 dB(A); a 50 m, 70 dB(A); a 100 m, 61 dB(A); a 200 e 300 m, 59 dB(A); e a 500 m, 56,5 dB(A)”. Depois disso, ficou inalterado. Em outro estudo na via Anhanguera, região de Campinas, numa distância de 56 m do eixo central da pista, o nível de ruído equivalente era de 61,5 dB(A)”, afirma.

De acordo com o engenheiro, com o resultado dos estudos foi possível definir as especificações das barreiras acústicas. “Elas devem ter de 3 m a 5 m de altura e comprimento de acordo com a área a ser protegida. Em um condomínio de 200 m de largura, a barreira deve ser um pouco maior para proteger as laterais, entretanto os arquitetos devem decidir de acordo com cada caso”, orienta. Diz ainda que as barreiras podem ser de alvenaria, de concreto, vidro ou de estrutura metálica. “As barreiras vegetais não são recomendáveis, pois a redução de ruído é mínima. Bambu, por exemplo, não funciona”, diz.
Schmidt informa que as barreiras convencionais reduzem em até 12 dB(A) o volume de ruído lindeiro. O tipo de asfalto, se for à base de pneus reciclados, pode reduzir em até três dB(A) e a menor velocidade dos veículos reduz dois dB(A), num total de 17 dB(A). “Se pegarmos os exemplos das medições feitas na Dutra e na Anhanguera, cujo nível máximo de ruído numa distância de 50 m é de 70 dB(A), com a barreira esse volume cairia para 53 dB(A), dentro dos padrões aceitáveis pela OMS”, afirma.
Ele lembra que no caso do Rodoanel, além da barreira acústica foi realizada a mudança do asfalto e houve a redução da velocidade nas áreas mais habitadas. Com isso, afirma, “a queda do volume de ruído foi em torno de 17 dB(A) garantindo o conforto acústico na região”.
Redação AECweb / e-Construmarket
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