Porcelanato em fachadas combina beleza, durabilidade e industrialização
Revestimento pode ser utilizado em fachadas de diferentes portes, seja assentado ou compondo sistemas ventilados. Conheça mais sobre essa tecnologia
(Foto: Portobello/Divulgação)
A adoção de porcelanato em fachadas é uma solução cada vez mais explorada em empreendimentos residenciais e comerciais, inclusive em edifícios altos. O interesse por esse revestimento, que tem uso consagrado em pisos, se explica pela combinação de alto desempenho com múltiplas possibilidades estéticas.
O porcelanato é produzido com uma mistura de argilas, feldspatos e outras matérias-primas inorgânicas sinterizadas a altas temperaturas. Tais condições agregam ao material características como baixa absorção de água, elevada resistência mecânica e a ataques químicos, assim como manutenção de cores, mesmo sob exposição dos raios ultravioletas.
Segundo Aline Tramontin, engenheira civil e projetista na Eliane Tec, a ampla possibilidade de composições de design e a superfície sem porosidade, ou seja, mais resistente à absorção de poeira e sujeira, são outros atributos do porcelanato que se alinham com as necessidades das fachadas.
Fachada ventilada com porcelanato
Há dois métodos principais para instalar porcelanato em uma parede externa. A tradicional, aderida, se baseia no uso de argamassa colante para fixar as placas diretamente na vedação.
Outra solução é a fachada ventilada, composta por placas de porcelanato presas a estruturas metálicas previamente fixadas à edificação. Esse tipo de solução oferece praticidade e agilidade na execução, podendo ser utilizada em edifícios altos e com placas de grandes formatos.
Mas a principal característica da fachada ventilada é proporcionar o efeito chaminé em função do afastamento entre o revestimento e a vedação. Com isso, o ar frio entra pela parte inferior e o ar quente é removido pela parte superior, favorecendo ventilação contínua no sentido vertical e melhorando o conforto térmico interno. Por causa da circulação de ar, o sistema também reduz o risco de eflorescências e de infiltração nas fachadas, oferecendo maior facilidade de manutenção. “Caso necessário, cada painel pode ser substituído individualmente”, comenta Tramontin.
Fachada industrializada
Para a arquiteta Caroline Werner, coordenadora de capacitação da Portobello, a fachada ventilada significa uma evolução na construção ao simplificar o processo de execução de fachadas. Ela lembra que, em uma obra tradicional, pode haver mais de 15 fornecedores diferentes envolvidos nessa etapa. “Com a fachada ventilada, há apenas um fornecedor e, pelo menos, cinco vezes menos homem/hora por se tratar de uma tecnologia a seco, sem entulhos”, diz ela.
“Além disso, o sistema remove a fachada do caminho crítico da obra, ou seja, essa etapa deixa de reter o prosseguimento de outros serviços, como a instalação de janelas, pintura e demais acabamentos internos. Somente com essa mudança, é possível antecipar em quase três meses a entrega da obra”, adiciona a arquiteta da Portobello.
Economicamente, a fachada ventilada com porcelanato também oferece vantagens quando comparada a outros acabamentos. “Primeiro por reduzir custos de manutenção. Depois porque, ao promover melhor isolamento térmico, ela pode reduzir de 30% a 50% o consumo de energia da edificação”, diz a engenheira da Eliane Tec.
Como escolher porcelanato para fachadas?
A especificação do porcelanato para fachadas requer mais do que a escolha de uma cor ou de um acabamento. É preciso considerar aspectos técnicos, desde a forma de fixação que pode prever inserts metálicos ocultos ou visíveis na superfície do revestimento.
É necessário, ainda, dar atenção ao estudo da modulação das placas, passando pela previsão de detalhes como o dimensionamento das juntas.
Revestimento para reforma de fachadas
Uma aplicação crescente do porcelanato é em obras de retrofit. “Nesses casos, o sistema ventilado, por envolver uma instalação limpa e rápida, reduz o incômodo em edifícios habitados. Ao mesmo tempo, ele dispensa a necessidade de retirar os revestimentos antigos para aplicar os novos”, comenta Caroline Werner.
Esse tipo de intervenção, porém, deve ser precedida da avaliação estrutural do edifício existente para conferir se ele suporta a carga do novo revestimento, bem como as ações de vento.
Entre as obras que se aproveitaram dessa solução está o Floripa Shopping, na capital catarinense. O retrofit da fachada, que envolveu a montagem de pele de vidro e colocação de porcelanato, ocorreu sem interrupção do funcionamento do estabelecimento.
Entre as novas edificações, um case que se destaca é o arranha-céu Platina 220. A torre de uso misto com 50 pavimentos em São Paulo foi projetada por Königsberger Vannucchi com sistema de fachada ventilada composta por placas de porcelanato claro em substituição ao granito.
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Colaboração técnica
- Aline Tramontin – Engenheira civil e projetista da Eliane Tec
- Caroline Werner – Arquiteta e coordenadora de capacitação da Portobello