Porcelanato ultrafino: saiba instalar
De espessura reduzida, as placas são mais leves e fáceis de manusear. Confira as principais etapas do assentamento e os pontos de atenção
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Por Graziela Silva
Extrafino da Portobello, com 5 mm de espessura, cobre parede parede e piso
A espessura do porcelanato ultrafino (ou slim) chega a menos da metade dos modelos convencionais: as opções variam entre 3,5 e 8 mm, contra 9 a 12 mm das placas tradicionais. A solução é mais leve – garantem os fabricantes –, mas com resistência e durabilidade compatível com essa classe de revestimentos cerâmicos.
Da espessura reduzida deriva uma série de vantagens: facilidade para manusear, cortar e furar, possibilidade de grandes formatos, menor peso sobre a estrutura, além da diversidade de usos. O porcelanato ultrafino pode cobrir fachadas, paredes, pisos residenciais e comerciais, em obras novas ou reformas. “Neste último caso, ele é especialmente recomendado por permitir aplicação sobre o piso antigo sem quebra-quebra”, afirma o engenheiro Luiz Henrique Manetti, gerente da Portobello Técnica.
Segundo o engenheiro Anderson Patricio Eziquiel, coordenador da Garantia da Qualidade da Eliane, o porcelanato slim não é recomendado para pisos em áreas de alto tráfego, uma vez que a capacidade de carga é diretamente proporcional à espessura dos materiais. Por outro lado, é opção que extrapola os usos tradicionais, podendo ainda dar cara nova a móveis, como armários e bancadas, além de portas.
INSTALAÇÃO
Os procedimentos seguem as mesmas regras dos porcelanatos convencionais. Há cuidados, entretanto, que devem ser observados. Por serem finos, os produtos estão mais suscetíveis a quebras por movimentações, impactos ou torções, alerta Anderson Patrício, da Eliane. São quatro as etapas principais da instalação, resume Luiz Henrique, da Portobello: preparação do ambiente (limpeza, nivelamento e alinhamento), assentamento, rejuntamento e limpeza final.
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1 - Preparação do ambiente
A superfície sobre a qual será aplicado o produto deve estar limpa, nivelada e livre de imperfeições que possam causar desvios ou pontos de fragilidade no material. “Deve-se necessariamente utilizar régua para verificação da condição do contrapiso e o material só poderá ser assentado quando o valor de desnível máximo não ultrapassar 3 mm em régua de 2 metros”, orienta o profissional da Eliane. Caso existam falhas de planicidade, é preciso executar a regularização da base com argamassa colante e régua metálica antes do assentamento.
Linha Laminum da Eliane tem 3,5 mm de espessura e grande formato
2 - Assentamento
Materiais: lápis de carpinteiro, linha de nylon, régua metálica, esquadro metálico, metro, espátula plástica, desempenadeira com base de borracha (em substituição ao martelo de borracha, que pode quebrar o material), desempenadeira dentada (altura dos dentes de acordo com especificação do fabricante). Além desses, é indispensável o uso de EPIs pelo instalador, como luvas de PVC e óculos de segurança.
Argamassa colante: o manual técnico dos fabricantes traz orientações sobre os produtos recomendados. “Nesse ponto, o porcelanato ultrafino é mais versátil que os demais, pois pode ser instalado com as argamassas tradicionais e também com algumas específicas de alto desempenho disponíveis no mercado, as argamassas fluídas”, comenta Luiz Henrique. As indicações de argamassa variam conforme a aplicação (fachadas, áreas internas) e o substrato (cimentício, concreto, piso sobre piso, pedra, madeira etc). A conformidade com a NBR 14081-1:2012 – Argamassa colante industrializada para assentamento de placas cerâmicas é imprescindível.
Técnica: segundo Anderson, utiliza-se o sistema de dupla colagem, no qual a argamassa é aplicada no substrato e, no verso da peça, com o auxílio da desempenadeira dentada. Os cordões, explica, devem ser regulares e formados no mesmo sentido para que o ar contido no tardoz possa ser totalmente retirado na colocação peças. “A peça ainda deve ser comprimida sobre o contrapiso em movimentos executados do centro para as bordas favorecendo, assim, a retirada total do ar aprisionado no momento da instalação.”
Sobre a distância das juntas de dilatação deve-se verificar a especificação do fabricante do porcelanato. “No geral, são produtos retificados e, por consequência, as juntas são pequenas, de 2 mm”, diz Anderson Patrício. No assentamento de pisos, a orientação é deixar junta em todo o perímetro do piso no encontro com as paredes. O espaço, de 3 a 5 mm, será escondido pelo rodapé, explica Luiz Henrique.
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3 - Rejuntamento
A etapa só pode ser executada após a cura da argamassa colante. Placas com argamassa ainda úmida submetidas a cargas podem sofrer quebras e outros danos. A seleção do rejunte deve se pautar nas especificações contidas nos manuais dos produtos. O preenchimento das juntas é feito com desempenadeira emborrachada. Para melhor alinhamento, é indicado o uso de espaçadores plásticos.
4 - Limpeza final
Após retirar resíduos soltos com vassoura ou aspirador, o piso pode ser lavado com água, detergente neutro e, se necessário, produtos de limpeza pós-obra específicos para porcelanatos. Esfregar com o uso de escova ou vassoura de cerdas macias. O uso de ferramentas metálicas (como esponjas de aço) e produtos contendo ácido muriático e flúor podem causar danos permanentes ao revestimento.
SOBREPOSIÇÕESA instalação do porcelanato ultrafino sobre outros acabamentos é possível desde que estes estejam íntegros e suportem as condições de uso, orienta Anderson Patrício, coordenador da Garantia da Qualidade da Eliane.
O revestimento pode ser assentado sobre cerâmicas, pedras, concretos e metais. O uso sobre madeira só pode ocorrer em paredes. “No chão, ela flete muito e compromete a integridade do porcelanato”, justifica o engenheiro. A aplicação no caso de sobreposição segue os mesmos procedimentos de obras novas. Requer atenção redobrada em relação à avalição da planicidade da superfície e à escolha da argamassa, que deve ser apropriada para a base existente.
Para a aplicação sobre móveis e portas, a fixação é feita com cola branca e silicone ou diretamente com adesivos de poliuretano, explica o engenheiro. “Podem existir ainda outras colas que podem ser utilizadas. Em casos especiais, consulte o fornecedor.”
Colaboraram para esta matéria
- Anderson Patrício Eziquiel – Formado em Engenharia de Materiais pela UNESC, tem MBA em Gestão Estratégica de Negócios (Universidade Anhanguera Campinas). Atua há 18 anos na Eliane, sendo atualmente coordenador da Garantia da Qualidade.
- Luiz Henrique Manetti – Engenheiro Civil formado pela POLI-USP, com MBA em Marketing pela ESPM. Possui 16 anos de experiência na área de desenvolvimento de produtos e tecnologias, tendo atuado em diferentes empresas como Telefonica, Tecnisa, SGI Inc., Universidade de São Paulo, Parex Group e Portobello S/A. Hoje acumula os cargos de Gerente Técnico de Engenharia pela Portobello S/A, coordenação dos trabalhos referentes à Norma de Desempenho pala COMAT/CBIC e secretário da revisão da Norma de Desempenho há 3 anos, sendo responsável pelas respostas técnicas dadas pela ABNT aos profissionais sobre a NBR 15.575.