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Portarias virtuais ganham espaço em condomínios residenciais

Solução proporciona segurança no controle de acesso e redução de custos de operação

Publicado em: 13/12/2016

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

As portarias virtuais, solução introduzida no mercado brasileiro há cerca de cinco anos, já estão presentes em grande número de condomínios residenciais. “A tecnologia foi desenvolvida com o propósito de atender pequenos empreendimentos que não conseguiam manter funcionários no local por questões de custos. Além de suprir essa necessidade, o sistema também chama atenção por elevar o nível de segurança do prédio”, destaca a engenheira Selma Migliori, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese).

As portarias virtuais são sistemas baseados em interfones, ou seja, quando o visitante chega ao condomínio, chama diretamente o morador do apartamento que irá visitar. Dentro de sua residência, o ocupante consegue efetuar a abertura do portão, permitindo a entrada. “No conceito técnico, há também as portarias remotas, que são mais complexas e necessitam da elaboração de projeto”, afirma a engenheira, explicando que esse sistema conta com câmeras de segurança, equipamentos que realizam a gravação de sons e aparelhos que controlam o acesso de pedestres e veículos.

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As portarias virtuais são sistemas baseados em interfones, ou seja, quando o visitante chega ao condomínio, chama diretamente o morador do apartamento que irá visitar (Crédito: stockyimages/Shutterstock.com)

Nas portarias remotas mais sofisticadas, a gestão da entrada ou saída de visitantes é feita em uma central que fica fora do condomínio. “É como se deslocássemos todo o efetivo do empreendimento para uma base remota, que conta com todos os procedimentos de segurança”, explica a especialista. Através da transmissão de imagens e sons, é possível aos profissionais que estão na central realizarem todo o controle de acesso. Trabalhar fora da edificação acaba gerando uma proteção extra para a segurança pessoal dos porteiros.

“É função dos sistemas de portaria remota ou virtual registrar e, posteriormente, identificar claramente os visitantes”, fala Migliori. O sistema armazena todas as gravações de imagens e áudio, com dados sobre datas e horários de captação das informações. Com isso, é possível identificar com facilidade todos os visitantes ou prestadores de serviço que estiveram no condomínio. Outra vantagem é que o gestor do empreendimento poderá analisar como foi o atendimento aos frequentadores.

ESPECIFICAÇÃO

A especificação do sistema deve começar com a análise das necessidades do condomínio. Nem sempre as tecnologias mais avançadas são as ideais em condomínios mais simples, pois são mais caras e ficam subutilizadas. O mercado oferece uma grande variedade de possibilidades, desde aquelas que funcionam somente com interfonia até as que têm recursos de segurança mais avançados.

A tecnologia foi desenvolvida com o propósito de atender pequenos empreendimentos que não conseguiam manter funcionários no local por questões de custos
Selma Migliori

Há, por exemplo, equipamentos que permitem ao morador avisar a central sobre situações de risco do lado de fora da edificação. “Outra complementação do sistema são os equipamentos anticarona, indicado para condomínios que não têm clausura e sim um único portão na garagem”, diz Migliori. Esses dispositivos emitem alerta para base remota de monitoramento quando alguém não autorizado aproveita a entrada ou saída de veículos para invadir a garagem.

O projeto deve prever que todo o caminho percorrido pelo visitante, como a portaria e áreas comuns, seja acompanhado pelo sistema de monitoramento.

“Na compra da solução, é recomendável adquirir equipamentos produzidos especificamente para esse tipo de sistema”, ressalta a engenheira. É fundamental para o bom funcionamento da solução que seja contratado um link de comunicação dedicado ao serviço. Essa linha fará a interligação entre o condomínio e a central, par que todos os dados sejam realmente gravados e que a operação dos portões seja realizada sem maiores problemas.

Paralelamente à instalação da portaria, seja virtual ou remota, é importante que existam normas e procedimentos de segurança firmados entre os moradores. No documento, os ocupantes regulamentam seu funcionamento e operação, decidindo, por exemplo, quais os períodos permitidos para entrada de prestadores de serviços ou quem será o responsável pelo recebimento de encomendas. “Não basta somente a implantação da tecnologia”, destaca a especialista.

A maioria das portarias remotas ou virtuais é instalada em condomínios residenciais. Já nos comerciais, é comum a implantação do sistema para operar apenas nos finais de semana, proporcionando redução de custo para o empreendimento.

Tudo deve estar previsto [antes da implantação do sistema em condomínios]. Por exemplo, qual será o procedimento adotado quando o portão quebrar
Selma Migliori

INSTALAÇÃO

O mercado das portarias virtuais ou remotas está dividido entre fabricante, distribuidor e prestador de serviço de instalação. “Geralmente, quem fabrica o sistema não o instala”, afirma a engenheira. A indústria geralmente apoia e dá assistência a determinados instaladores de sua confiança. Por isso, é importante conhecer a marca do produto que será usado e se o responsável pela execução do projeto tem experiência com esse tipo de solução. “A Abese oferece em seu site uma lista de empresas associadas e aptas para a implantação do sistema. E, ainda, o guia do consumidor, com orientações de como contratar sistemas eletrônicos”, informa.

O processo de instalação não é complicado. Basicamente, envolve a implantação de tubulação específica e do cabeamento adequado. É importante que o responsável pelo condomínio fique atento aos contratos, pois existe um documento para cada serviço. “Há o contrato de instalação, outro para manutenções corretivas e preventivas, além de um terceiro quando é contratado o monitoramento 24 horas via central remota”, explica Migliori, indicando que é fundamental ter o contrato de manutenção. “Afinal, estamos lidando com eletrônica, que sempre precisa de cuidados”, complementa.

CUSTOS

Os investimentos nas portarias virtuais ou remotas contemplam a elaboração do projeto, a compra dos equipamentos e a instalação da solução. “Após esse período inicial, existe ainda um valor mensal a ser pago pelos contratos, que, atualmente, representa 50% a menos do que o custo de uma folha de pagamento de um porteiro”, comenta a especialista.

Além da redução de custos e aumento de segurança, a solução conta com a aceitação dos usuários. Entretanto, existe ainda um problema cultural e, algumas vezes, sua instalação enfrenta certa resistência dos condôminos. “A partir do momento em que todas as dúvidas são esclarecidas, a aprovação acaba acontecendo”, conta. Por isso, são fundamentais a boa apresentação do projeto e a correta especificação de qual tecnologia será implantada. “Tudo deve estar previsto. Por exemplo, qual será o procedimento adotado quando o portão quebrar”, indica a especialista. Normalmente, a decisão em condomínios já existentes demora entre dois e três meses.

A principal desvantagem da solução é sua dependência de um bom canal entre o condomínio e a central de monitoramento “Os impedimentos que poderiam existir é por questão de link. A falta de qualidade na comunicação inviabiliza o projeto”, finaliza Migliori.

Colaboração técnica

Selma Migliori – presidente da Abese (Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança). Seu trabalho na entidade deu origem à criação do CCPA (Centro de Capacitação Profissional Abese), do Selo Abese e da Fenabese (Federação Interestadual das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança), da qual foi eleita também presidente. É engenheira eletrônica, formada pela Escola de Engenharia do Instituto Mauá de Tecnologia. Fez diversos cursos profissionalizantes em gestão empresarial, segurança eletrônica, elaboração de projetos técnicos de segurança, entre outros. Ocupa os cargos de diretora do Deseg-Fiesp (Departamento de Segurança da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e diretora da Fecomércio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).