Portões automáticos em condomínios demandam projeto minucioso
Peso da estrutura e número de acionamentos são alguns dos detalhes que o projetista deve conhecer para dimensionar motor que funcione sem problemas por longos períodos
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Todo portão automático em garagens de condomínio deve, obrigatoriamente, contar com sensores de presença para evitar acidentes (foto: A.PAES/shutterstock)
A especificação de portões automáticos para garagens de condomínios deve seguir critérios técnicos e estéticos. Além de estar em conformidade com a fachada do edifício, criando uma identidade visual, a solução precisa ser dimensionada para se movimentar dezenas de vezes ao longo do dia, mantendo o desempenho adequado. O projeto bem elaborado reduz a ocorrência de interrupções na operação, que afetam diretamente a segurança do prédio.
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“Entre as características técnicas, é preciso indicar qual a movimentação do portão. Ele pode abrir para dentro ou fora, correr para os lados ou na vertical, dobrar e subir, entre outras opções”, exemplifica a arquiteta Fadva Ghobar, responsável pelo escritório Ghobar Arquitetura e Planejamento de Garagens. A determinação do tipo de movimentação tem que levar em consideração os espaços disponíveis ao redor do portão.
O número de pessoas tem ligação direta com a especificação, afinal, indica quantas vezes o portão será aberto e fechado. Essa informação é utilizada na definição do tipo de motor que será empregadoFadva Ghobar
Fatores particulares de cada empreendimento também devem ser observados pelo projetista, por exemplo, se o acesso à garagem será de mão única ou dupla e a quantidade de moradores. “O número de pessoas tem ligação direta com a especificação, afinal, indica quantas vezes o portão será aberto e fechado. Essa informação é utilizada na definição do tipo de motor que será empregado”, afirma a especialista.
A importância do motor
O subdimensionamento do motor está entre as principais causas de danos de portões automáticos. Para evitar o problema, a capacidade do equipamento deve ser calculada sempre com base na demanda de cada situação. Quando o condomínio opta por fechamento maciço, com o objetivo de impedir a visão de quem está do lado de fora, precisa de um motor mais potente para movimentar o portão de peso elevado.
“Para ter a mesma privacidade, basta trocar a opção totalmente fechada por outra com venezianas, que também bloqueiam a visão externa e são um pouco mais leves”, recomenda a arquiteta, ressaltando que o peso elevado tende a forçar bastante o motor. Além disso, as aberturas e fechamentos de estruturas completamente maciças exigem mais do motor. “Quanto mais leve for, melhor”, completa.
A instalação de outros elementos, como grades ou gradis fixados ao portão, deve ser evitada para não aumentar desnecessariamente o peso da estrutura e prejudicar o funcionamento do motor. Para esses componentes, o ideal é que o projetista preveja pontos de sustentação próprios e que sejam completamente independentes. “Lembrando que, quanto mais potente o motor, maior ele será fisicamente”, diz Ghobar.
A disposição do equipamento também é bastante importante, ou seja, deve estar em local que não atrapalhe, obstrua ou estreite a passagem dos veículos. “Atualmente, é comum colocá-lo suspenso sobre alguma estrutura ou preso no teto. O motor também pode estar mais baixo ou próximo do chão, o que dependerá sempre do espaço disponível e do estudo de como melhor aproveitá-lo”, comenta a especialista.
Sensores
Todo portão automático em garagens de condomínio deve, obrigatoriamente, contar com sensores de presença para evitar acidentes. Quando o veículo está passando, o aparelho infravermelho faz com que o portão fique travado. O movimento só volta a ser liberado quando o carro passou completamente pela área analisada pelo dispositivo. “Dependendo do objetivo, é possível ter mais de um sensor instalado em sequência”, conta Ghobar.
Existem portões que fecham automaticamente quando o carro entra para a garagem. No entanto, na opinião da arquiteta, essa não é a alternativa mais adequada. “O ideal é que o próprio morador tenha um segundo botão no controle remoto para fazer o fechamento, evitando que a estrutura comece a correr antecipadamente”, avalia. Além do motorista, esse acionamento também pode ser feito pelo profissional que está na guarita.
“Não há resposta absolutamente fácil e precisa sobre se o acionamento do portão deve ser realizado individualmente por cada morador ou ficar a cargo da portaria. Isso porque cada condomínio tem sua própria logística e parâmetros de segurança”, analisa Ghobar.
Clausuras
A clausura, espaço confinado entre dois portões seguidos, é elemento de segurança que está se popularizando cada vez mais. Quando há essa solução, geralmente, um dos portões é acionado pelo motorista e, o outro, pelo funcionário na guarita. Entre os acionamentos, o automóvel aguarda no espaço de contenção.
Sob o aspecto da segurança, a clausura está se tornando fundamentalFadva Ghobar
“Se houver algo estranho acontecendo, o porteiro consegue identificar usando o sistema de câmeras e tomar as providências. Sob o aspecto da segurança, a clausura está se tornando fundamental”, afirma a especialista, informando que o espaço ideal entre os portões é de 6 m.
A clausura é indicada para qualquer tipo de empreendimento, com exceção dos corporativos que têm um operador de estacionamento e seu próprio sistema de segurança. “A não ser que seja um prédio pequeno, em que somente os donos das salas têm acesso às vagas. Nesse caso, a clausura e o monitoramento podem ser semelhantes aos dos edifícios residenciais”, diz a arquiteta.
Área externa
Há muitos anos, a legislação determina que, quando o portão é acionado, deve tocar uma cigarra e piscarem sinais luminosos que alertem o pedestre ou outro motorista/morador que vem no sentido oposto. “Ter somente um dos sinais e não contar com o outro pode render multa ao condomínio, já que a lei prevê a existência de ambos”, destaca.
Outra integração entre garagem, portão e ambiente externo é o posicionamento da estrutura de acesso em relação à fachada do empreendimento. “Quando for possível, é interessante que o primeiro portão seja um pouco mais para dentro do que a linha da fachada do prédio. Isso permite que o carro se encaixe melhor e não fique com a traseira voltada para a via pública, diminuindo assim a chance de acidentes”, diz a especialista.
Manutenção
A movimentação dos portões automáticos é resultado da operação de equipamentos mecânicos, que sofrem desgaste ao longo do tempo. Caso não sejam devidamente cuidados, apresentam danos depois de determinado período e podem causar sérios problemas para o condomínio. “É uma questão de segurança. Imagine uma pane que deixe aberto um portão de edifício que não conta com clausura”, exemplifica a arquiteta.
Para evitar que situações semelhantes aconteçam pouco tempo após a instalação, é fundamental optar por fornecedores que ofereçam garantia de seus produtos. “O condomínio também pode ter contrato para assistência rápida quando o sistema apresentar defeitos. É interessante, inclusive, que esse serviço esteja disponível 24 horas. Por isso, é recomendado que o contrato de manutenção seja feito com empresa séria e capacitada”, finaliza Ghobar.
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Colaboração técnica
- Fadva Ghobar — Arquiteta e urbanista formada pela Faculdade Presbiteriana Mackenzie, atua no desenvolvimento de projetos de estacionamentos e garagens. Em 1989, abriu escritório próprio – Ghobar Arquitetura e Planejamento de Garagens –, que elabora projetos e presta consultoria na área de estacionamentos e garagens, junto a construtoras, incorporadoras, condomínios, arquitetos, redes de estacionamento, entre outros. O escritório especializado trabalha na resolução dos principais problemas que envolvem esses espaços. É autora do livro “Garagens saindo dos problemas, entrando nas soluções”, pela editora PINI (setembro 2012).