Postes de poliéster reforçados com fibra de vidro garantem segurança
Alternativa aos postes de concreto e de metal ainda não é muito empregada no Brasil, sendo instalada, principalmente, em obras realizadas em locais de difícil acesso
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Apesar da ampla utilização, os postes metálicos apresentam riscos à população (foto: shutterstock.com / Bokstaz)
Elementos comuns na paisagem urbana, os postes metálicos estão presentes em praticamente todas as cidades brasileiras devido ao seu baixo preço. Entretanto, os ganhos financeiros podem representar riscos para a população se a instalação não seguir as normas vigentes. Recentemente, um homem morreu eletrocutado em São Paulo (SP) ao se encostar em um poste que servia de suporte para câmeras de vigilância.
O acidente poderia ter sido evitado se, em vez de metal, fosse empregado poliéster reforçado com fibra de vidro (PRFV), que é um mal condutor de eletricidade. Assim, mesmo que contenha fios com problemas de isolação em seu interior, um poste feito com esse material não causa choque.
VANTAGENS
A lista de benefícios dos postes de PRFV estende-se além de sua leveza e segurança contra choques elétricos. O produto pode ser fabricado em diferentes tamanhos, formas e cores, oferecendo aos responsáveis pela obra a possibilidade de personalização. Na etapa de fabricação ainda podem ser adicionadas substâncias antichamas, que evitam a propagação de incêndios.
Os postes de PRFV são até 10 vezes mais leves do que os convencionais – de concreto –, possibilitando maior flexibilidade ao projeto e ao design. Tal característica auxilia também nas operações de logística e na instalaçãoGilmar Lima
O material evita, ainda, a infiltração de água e a proliferação de fungos e cupins. Essa característica, aliada à resistência elevada, faz com que a manutenção frequente não seja necessária. Existem postes instalados há 50 anos que nunca passaram por intervenções.
O PRFV é imune à corrosão, e sua visa útil chega a 80 anos. “Os postes de PRFV são até 10 vezes mais leves do que os convencionais – de concreto, possibilitando maior flexibilidade ao projeto e ao design. Tal característica auxilia também nas operações de logística e instalação”, destaca Gilmar Lima, presidente da Associação Latino Americana de Materiais Compósitos (Almaco).
ESPECIFICAÇÃO
Análise estritamente técnica mostra que seria viável a substituição dos tradicionais postes de concreto e dos metálicos pelos de PRFV. Por sua elevada resistência, eles são ideais para áreas urbanas, onde há elementos agressivos na atmosfera, como poluentes e chuva ácida.
No entanto, quando a compra é pautada pelo preço, o material fica em desvantagem, devido à matéria-prima utilizada e à complexidade do processo produtivo. “Entretanto, se considerarmos todos os custos envolvidos até a instalação e sua longa vida útil, [o poste de PRFV] torna-se extremamente competitivo”, observa Lima.
Por enquanto, os postes de PRFV são usados, principalmente, em obras de difícil acesso ou com operações logísticas complexas. É o caso das que levam iluminação pública e serviços de telecomunicações a comunidades ribeirinhas no interior do país. Como são transportados em veículos pequenos e não exigem maquinário pesado para instalação, eles chegam facilmente em balsas rebocadas por embarcações de pequeno porte.
Se considerarmos todos os custos envolvidos até a instalação e a longa vida útil, [o poste de PRFV] torna-se extremamente competitivoGilmar Lima
Por ser mais seguro, esse tipo de poste também é recomendado para a iluminação de locais onde há tráfego de veículos, como vias, rodovias e estacionamentos. Ele absorve melhor os impactos do que os modelos convencionais, causando menos danos aos automóveis e passageiros em caso de colisão.
FABRICAÇÃO E INSTALAÇÃO
A fabricação dos postes de PRFV é realizada pensando no papel que será desempenhado. Ou seja, a estrutura interna é preparada para receber qualquer tipo de fiação, se for usado para sustentar câmeras de vigilância ou radares rodoviários.
A fixação no piso é feita de acordo com as indicações do fabricante por apenas dois operários. O procedimento varia em função da altura e do tipo de instalação elétrica, mas pode ser adaptado a qualquer situação. A solução é compatível tanto com sistemas de distribuição e transmissão quanto com estruturas de iluminação ou telecomunicações.
ConservadorismoApesar de todos os benefícios oferecidos, os postes de PRFV ainda encontram certa resistência no Brasil. “Temos uma cultura muito conservadora neste segmento e, com isso, perdemos a possibilidade de criar postes com estética interessante e preço competitivo. Precisamos utilizar melhor a flexibilidade de design, projeto, materiais, processos e desempenho na medida certa dos compósitos”, opina Lima.
Leia também: Instalações elétricas de equipamentos públicos devem ser fiscalizadas
Colaboração técnica
- Gilmar Lima – Graduado em Engenharia Mecânica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC–RS) e pós-graduado em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Tem 36 anos de experiência em liderança, gestão de pessoas, estratégia e plásticos de engenharia em empresas como Taurus, Hidroplas, Marcopolo e MVC. Atualmente, é presidente da Associação Latino Americana de Materiais Compósitos (Almaco), mentor de Inovação do Instituto Compartilhar e fundador da G12 Innovation.