menu-iconPortal AECweb

Profissionais analisam mercado de impermeabilização para 2009

Embora em evolução, mercado de impermeabilização levanta dúvidas para o próximo ano. Qualidade, normatização e crise econômica mundial serão determinantes

Publicado em: 24/11/2008Atualizado em: 17/10/2019

Texto: Redação AECweb

Redação AECweb

No mercado brasileiro, pela importância na estanqueidade dos sistemas de cobertura, a impermeabilização pode representar até 3% do custo total da obra. O setor, como os demais, cresceu a taxas até mesmo superiores à da construção civil nos últimos dois anos, mas as empresas se contêm no momento de estabelecer perspectivas para 2009. Indústrias e instaladores se ressentem da permanência no mercado de produtos não-conformes e da prática de preços chamados de ‘impraticáveis’.

“O custo de execução de um projeto eficiente de impermeabilização varia de 0,5% a 2% do custo total da obra, dependendo de seu tamanho e complexidade técnica. Já o custo da recuperação de uma área deteriorada, resultado de deficiência do projeto de impermeabilização, pode superar 20% do custo total da obra”, diz Emil Fehr, gerente de marketing da Lwart Química.

Flávio Carmargo, coordenador técnico da Denver Impermeabilizantes, concorda e acrescenta: “O custo de uma falha do sistema ou a manutenção pode chegar a níveis bastante elevados, em torno de 15% do valor total da obra, pois é necessária a remoção prévia dos revestimentos existentes para a execução de reparos ou, até mesmo, a substituição da impermeabilização”.

CRESCIMENTO E PERSPECTIVAS
Nem Antonio Simonetti, diretor da Veda Laje, nem Og Pozzoli, da Isoterma, arriscam dimensionar o mercado brasileiro de impermeabilização, pois se tratar de um setor bastante pulverizado. Já Sérgio Guerra, diretor comercial da Denver, prefere quantificar a atuação de sua empresa, “onde observamos um crescimento anual em torno de 20%, sendo resultado de vários investimentos em processos de fabricação mais avançados”. Segundo ele, se o mercado continuar mantendo esse ritmo, a capacidade produtiva da empresa poderá quadruplicar nos próximos anos.

Menos otimista, Og Pozzoli não vê perspectiva de crescimento para sua empresa em 2009. Exportadora, a Isoterma teve desempenho comercial estável nos últimos dois anos. Enquanto isso, Simonetti se anima com o crescimento de 10% ao ano da Veda Laje desde 2007 e confia que esse índice se repetirá no próximo ano.

De acordo com o gerente da Lwart, a empresa tem crescido acima dos indicadores do mercado de materiais de construção civil. “O mercado de impermeabilização acompanha os índices gerais de evolução da construção civil. Em relação às perspectivas para 2009, ainda estamos avaliando quais serão os impactos da crise econômica mundial no setor. Pode acontecer uma desaceleração no crescimento agregado, porém, é cedo para dizer qual será o grau”, comenta, destacando que existe uma preocupação crescente, tanto do segmento profissional, como da área de consumo com relação à qualidade da impermeabilização nas obras.

“A preocupação crescente com a qualidade de sistema de impermeabilização eficiente, faz com que haja um aumento do consumo de produtos no mercado. Especialmente, os produtos de maior performance e de qualidade, o que contribui para amenizar os efeitos da crise no segmento”, observa Emil Fehr, dizendo que a empresa está preparada para atender a demanda do setor nos próximos anos.

João Roberto Ximenes, gerente de vendas da Vedacit/Otto Baumgart, diz que o crescimento da empresa no mercado, entre 2005 e 2007 foi de 18%. Ele estima que esse percentual saltou para 25%, considerando o período de 2006 a 2008. “Ampliamos o parque fabril de São Paulo, de 57 mil m² para 63 mil m². As expectativas de crescimento para o ano que vem são de 15%, porém, este número deve ser reavaliado, uma vez que estamos experimentando aumentos expressivos em nossas matérias-primas, inacreditavelmente, estão atingindo a marca de 40% de reajuste”, diz Ximenes.

Segundo Ximenes, a empresa exporta com foco no Mercosul, com valores representativos para a Argentina, Bolívia e Paraguai. “O principal empecilho nas exportações é o frete, pois nossos materiais normalmente sofrem grande influência nos custos em longas distâncias, o que torna os concorrentes locais bem mais competitivos. Há prospecção de mercados na África, porém em estágios iniciais”, conta Ximenes.

Sem mencionar números, Sérgio Guerra assegura que “nossos investimentos envolvem ampliação da fábrica para aumentar a capacidade de produção, visando agilizar o desenvolvimento de novos produtos, exatamente para atender às solicitações e exigências do mercado”, acrescentando que a Denver exporta para vários países.

CONFORMIDADE
O segmento de impermeabilização deve seguir às normas técnicas da ABNT. No entanto, todos – fabricantes e instaladores – se queixam da prática predatória da não-conformidade e de preços. Flavio Camargo comenta que as maiores empresas do mercado têm se adequado para atender a normalização técnica. “Porém, muitos sistemas de impermeabilização ainda não estão normalizados. Além disso, existem muitos fabricantes pequenos que desconhecem as normas, vendem produtos sem ter o total conhecimento do seu desempenho e durabilidade, e persistem na adoção de preços impraticáveis”, afirma.

Fehr lembra que “nosso setor é fiscalizado pelo INMETRO, que tem feito um bom trabalho, na medida de suas limitações. As empresas atuam fortemente, através de suas entidades representativas, como o IBI – Instituto Brasileiro de Impermeabilização, buscando aperfeiçoar a norma, para que essa reflita as expectativas do mercado e os avanços tecnológicos da indústria”.

O gerente da Lwart argumenta que há grande desconhecimento técnico de questões referentes à impermeabilização por parte da indústria da construção civil, tanto de técnicos como de consumidores finais. “Para se ter uma idéia, não existe uma cadeira de impermeabilização nas escolas de engenharia e arquitetura do Brasil. O que contribui para o surgimento de produtos e serviços de impermeabilização que não atendem aos requisitos mínimos da norma, acarretando distorções na oferta, tanto de fabricantes como de aplicadores, e em potenciais danos aos consumidores finais”, alerta.

Fehr acredita que para eliminar essa prática no mercado é necessária uma rígida fiscalização, além de investimento do IBI na divulgação de informações técnicas sobre impermeabilização, através da organização de seminários abertos a profissionais da área e público interessado, campanhas educativas em revistas e palestras em associações e universidades. “O consumidor esclarecido sabe os riscos que corre com produtos e serviços deficientes de impermeabilização e exige qualidade, o que elimina a oferta de produtos fora das normas técnicas”, destaca Emil Fehr.