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Profissionais da construção se reinventam com ferramentas

Pedreiros, marceneiros, encanadores e outros profissionais inventam ferramentas que aumentam a produtividade na obra. Uso, porém, exige cuidados com a segurança

Publicado em: 16/12/2015Atualizado em: 31/01/2020

Texto: Redação PE

Redação PE

 

Em tempos mais difíceis, põe-se em prática a célebre frase de Platão: “A necessidade é a mãe da invenção”. Isso abre espaço para que “engenhocas” sejam desenvolvidas com objetivo de tornar o trabalho mais fácil e produtivo. Estamos falando de pedreiros, marceneiros, encanadores e outros profissionais e curiosos que de tanto sofrerem com a monotonia ou falta de agilidade no manejo de algumas ferramentas, resolveram reinventá-las levando em conta a praticidade e rendimento na obra.

O pedreiro Luiz Carlos Fraga Pinto, de São Roque, é um desses inventores. Ele criou uma máquina de aplicar argamassa em pisos e azulejos, para ter mais rapidez e economia no trabalho. “Tive essa ideia porque passar argamassa no chão ou no piso antes de assentá-lo é demorado e cansativo”, confessou Luiz Carlos ao Jornal Economia. Ele projetou o equipamento, patenteou e hoje o comercializa com alguns avanços e melhorias.

A máquina tem dimensões de uma mesa de cozinha e é regulada conforme o tamanho do piso. É composta de um reservatório cônico e comprido ao centro para colocar a argamassa, um recipiente similar a um pequeno dosador contínuo de cimento. Embaixo, uma mesa transportadora serve de suporte para os azulejos serem empurrados e receberem a massa, como numa autêntica linha de produção. Eles são colocados com a parte rústica em que recebem a massa virada para cima e ao serem empurrados deslizam por baixo do reservatório, saindo no outro lado com a argamassa aplicada.

O processo é bem rápido. Enquanto uma pessoa vai colocando os pisos e empurrando a sequência, outra retira e assenta os pisos. “A massa sai perfeita, na quantidade certa, com bom rendimento no trabalho”, conta Luiz Carlos.

Ferramenta faz roscas nos canos, sem quebrá-los

Wescley Pereira Correa é outro profissional criativo. Ele colocou em sua página no Youtube uma técnica caseira de fazer roscas nos canos, especificamente nos de diâmetro pequeno como de torneiras e chuveiros. Para esse procedimento é necessária uma furadeira SDS (com sistema de encaixe rápido), que faça reversão do movimento.

“Basta soldar na ponta de uma broca uma peça arredondada em que o cano seja encaixado em média de 2 centímetros”, explica Wescley. Em seguida, ele acopla a broca na furadeira, é auxiliado por uma outra pessoa que utiliza uma chave para imobilizar esse cano, sem deixá-lo girar, e aciona a furadeira. Quando a ponta do cano chega ao limite no interior da peça, ele para e faz a reversão, sem quebrar o cano, e a rosca está pronta.

Empunhadura com garfos vira ferramenta para carregar lajotas

Carregar pilhas de lajotas é um trabalho desgastante, mas o inventor Ricardo Vieira desenvolveu uma ferramenta que pode ser muito útil para pedreiros e serventes. É um tipo de garfo com cinco ganchos, uma espécie de rastelo que ao invés de encaixe para o cabo tem uma empunhadura similar a de uma colher de pedreiro.

“Os buracos das lajotas são encaixados nesses cinco ganchos e elas são levadas aos montes para serem empilhadas e utilizadas na obra”, ensina Ricardo. Ao utilizar duas dessas ferramentas por viagem, uma em cada mão, seriam dez lajotas transportadas, o que já adianta o trabalho.

Ferramentas são criativas, mas é preciso observar os riscos

Criar equipamentos inovadores pode facilitar o dia a dia ou até tornar menos desgastante as atividades em uma obra. Mas, dependendo do caso, é preciso ter cuidado com alguns riscos, até porque algumas são invenções sem normatização de uso e mesmo os que são normatizados só podem ser utilizados para aplicações específicas, que não fujam à regulamentação a que se restringem.

Exemplo disso é a perna mecânica para pinturas e aplicação de gesso, equipamento similar a uma perna de pau tecnologicamente melhorada, utilizada em substituição a andaimes para serviços de revestimento, pintura e forro. Essa perna só pode ser usada em superfícies lisas e planas, mas algumas pessoas utilizam até para subir e descer escadas ou sobre andaimes. Isso representa um sério risco de se desequilibrar, colidir com outros objetos, sofrer fraturas ou luxações. Portanto, a criatividade é bem vinda, desde que provida de segurança, ergonomia e uso correto.

Colaboraram para esta matéria

 

Luiz Carlos Fraga Pinto - Pedreiro e microempresário

Ricardo Vieira - Empreendedor

Wescley Pereira Correa - Empreendedor da construção civil