Projeto de guaritas deve obedecer a regras de segurança
Tendo em vista que mais de 90% dos assaltos a condomínios ocorrem pela porta da frente, é preciso adotar atenção especial à guarita, desde o projeto e materiais até os sistemas de comunicação e de gestão de acesso
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
A guarita deve permitir que o porteiro tenha ampla visão da rua e de todo o perímetro do edifício (Foto: NavinTar/Shutterstock)
O projeto da guarita, principal elemento de controle de acesso em edifícios residenciais, deve seguir regras para maximizar a segurança dos condôminos. O professor José Elias de Godoy, titular da Suat – empresa especializada em segurança de condomínio – e autor de livros sobre o tema, ensina que esse ambiente precisa ter ótima visibilidade do entorno e ser habitável.
O ideal, como já ocorre com muitas construtoras, é projetar a guarita e toda a gestão dos sistemas de acesso do condomínio ainda na fase de projeto executivo do empreendimentoJosé Elias de Godoy
“O ideal, como já ocorre com muitas construtoras, é projetar a guarita e toda a gestão dos sistemas de acesso do condomínio ainda na fase de projeto executivo do empreendimento”, comenta. No entanto, é comum que outras busquem a consultoria de segurança depois de o prédio já implantado, o que implica, geralmente, em retrabalho e custo maior. “Esse é um grande erro”, alerta.
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Localização da guarita
É fundamental que a localização da guarita permita que o porteiro tenha ampla visão da rua e de todo o perímetro do edifício, em ângulo de 180°, pelo menos. Entre os erros comuns na concepção da guarita, o professor destaca sua implantação escondida atrás de colunas ou árvores. O ideal é que ela seja erguida em posição frontal no condomínio e, preferencialmente, blindada. Se houver dois portões para pedestres, sendo um para moradores e outro para prestadores de serviço, o melhor é localizá-los em posições opostas. Mas, se não for possível, que sejam próximos, porém independentes.
“O profissional na guarita vai identificar as pessoas, controlando o acesso. Daí a importância fundamental do bom projeto”, ressalta. Para garantir segurança e conforto ao funcionário, devem ser previstos banheiro; ar-condicionado, ou, no mínimo, ventilador; e acesso à água potável, através de um filtro, por exemplo. Os sistemas básicos de comunicação e controle também são especificados em projeto e incluem telefone, interfone e circuito fechado de televisão (CFTV), além de software para identificação dos moradores.
Se houver espaço, a guarita deve contar com duas portas no sistema de clausura. Caso contrário, que tenha uma apenas, porém blindadaJosé Elias de Godoy
“Se houver espaço, a guarita deve contar com duas portas no sistema de clausura. Caso contrário, que tenha uma apenas, porém blindada”, diz, indicando que a guarita deve ter câmeras internas para permitir o monitoramento, à distância, por empresa de segurança.
Blindagem e películas
A blindagem de vidros e portas da guarita é o mínimo indicado pelo especialista. Em prédios de alto padrão, com maior risco de “arrastão”, além de blindar vidros e portas desse ambiente, é importante a colocação de chapa de aço ou, pelo menos, de concreto entre os tijolos da alvenaria. “A blindagem completa é uma proteção contra tiros de fuzil. No entanto, mais de 90% dos assaltos a condomínios têm ocorrido pelo portão da frente por falha de procedimento, porém sem uso efetivo de armas pesadas ou de tiros contra a guarita”, diz Godoy, indicando que não é preciso blindar a alvenaria, apenas torná-la mais robusta. Esses recursos deixam o funcionário seguro para adotar as decisões corretas, diante de um assaltante armado.
Vidros transparentes permitem que o porteiro tenha seus movimentos monitorados por eventual assaltante. Já o uso de vidro refletivo permitirá que, à noite, o funcionário seja visto de fora sem que tenha visão do exterior. Blindados ou não, os vidros da guarita precisam receber película escurecedora – popularizada como insufilm, o nome da marca. “É preciso atentar para o seu percentual de escurecimento, que deve girar em torno de 60%. A película correta não deve ser muito escura, porque impede a nitidez do que ocorre fora do condomínio”, orienta.
Muros de vidro
Há alguns anos, os muros de vidro vêm conquistando edifícios novos e são também a preferência na reforma dos antigos. Além de esteticamente interessantes, se impõem como barreira em todo o perímetro do condomínio e deixam limpa a visualização da rua, calçada e acessos. De acordo com Godoy, não há registro de quebra desses vidros para invasão de prédios. A entrada normalmente se dá pelo acesso principal, depois que o assaltante conquista a confiança do funcionário, ou pela garagem.
Portões da garagem
“Tanto no acesso de pedestres quanto no de automóveis, é preciso haver dois portões que formam uma eclusa – também chamado de pulmão de segurança ou clausura. A regra é que só abre o posterior quando o primeiro estiver fechado”, afirma. Para evitar congestionamento na rua à espera da entrada dos carros na garagem, estão no mercado motorizações a jato, que abrem e fecham os portões em até 6 segundos. Essa rapidez só é possível em portões de materiais mais leves do que os de aço.
Sem a ação do porteiro ou até mesmo do controle remoto convencional, a operação do primeiro portão pode ser feita pelo sistema tag de identificação do veículo ou da placa. “Para evitar que outro motorista e não o morador entre na garagem, o portão interno é acionado através da identificação do condômino cadastrado pelo sistema biométrico facial ou digital”, ensina Godoy.
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Colaboração técnica
- José Elias de Godoy – Formado em Direito pela Universidade Bandeirante do Brasil – Uniban, com pós-graduação em Planejamento Empresarial pela Universidade São Judas Tadeu - USJT; mestre em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública pelo Centro de Altos Estudos em Segurança – CAES da Polícia Militar do Estado de São Paulo. É Oficial da PMESP, graduado pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco – APMBB, com curso de em Gestão de Segurança Empresarial e Patrimonial pela Universidade Anhembi Morumbi – UAM. É instrutor de cursos sobre o tema no SENAC-SP; da Universidade Secovi; e na Polícia Militar de SP. É autor dos livros “Manual de Segurança em Condomínios”, Editora Igal 1998 – 1ª edição e “Técnicas de Segurança em Condomínios”, Editora Senac 2018 – 5ª edição; e do “Guia Prático de Segurança Condominial”, UNIP – 2005. Colaborou para a publicação de cartilhas e manuais sobre o assunto.