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Projeto de playgrounds deve priorizar segurança

Materiais, equipamentos de proteção, pisos, vistorias e manutenção estão previstos na NBR 16.071 de modo a garantir o bem-estar da criançada

Publicado em: 30/04/2014Atualizado em: 06/05/2014

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Playground

Criada em 1998, a norma técnica NBR 14.350 – Segurança dos brinquedos de playgrounds – passou por atualização em 2012, o que gerou a norma técnica NBR 16.071. “A nova normativa ficou mais organizada e abrangente. A principal mudança foi a divisão por atores dentro da produção de playgrounds. São eles: Terminologias, Requisitos de Segurança para Fabricação do Equipamento, Pisos Amortecedores de Impacto, Ensaios dos Equipamentos em Laboratórios para Certificação, Desenho da Área do Playground, Instalação e Manutenção”, explica Fabio Namiki, arquiteto e sócio da NK&F Arquitetura e coordenador da comissão de segurança de playground da ABNT.

MATERIAIS

Dependendo da altura da queda é preciso ter guarda-corpos mais altos ou mais baixos. Acima de certa altura é necessário ter barreiras que impeçam a transposição. Em playgrounds externos, a barreira é usada somente acima de determinada altura, quando a queda já proporciona perigo de vida. Na maioria das vezes, acima de 3 m e, em alguns brinquedos, deve ser acima de 2 m. Todos os brinquedos grandes de buffet adotam barreiras para que as crianças não consigam passar para o lado de fora, ou seja, só consigam fazer um caminho. Essa é a ideia da barreira

Os brinquedos do playground podem ser feitos de qualquer material desde que atendam aos requisitos de segurança. “Os principais são o aço, o plástico e a madeira. Todos eles são adequados para a produção de playgrounds, mas é importante que o fabricante entenda como funciona cada material”, diz. No caso da madeira, é preciso saber escolher, usá-la de forma correta com encaixes que não sofram infiltração de água, evitando que o equipamento se deteriore. O fabricante precisa seguir os requisitos de segurança contidos na norma.

No momento de escolher o equipamento para áreas externas e internas, o recomendado é seguir a orientação do fornecedor. “Cabe ao fabricante dar todas as garantias de que o material poderá ou não ser exposto a intempéries. Dependendo do tipo de plástico, se ficar muito tempo em contato com o sol, poderá perder as propriedades, se degradando mais rápido. Já a madeira vai precisar de tratamento anual. Essas informações devem estar no manual que o fabricante irá entregar para o comprador. É como o manual de carro. Com ele o comprador fica sabendo de todas as peças do equipamento, o que precisa ser feito, tempo de garantia, como deve ser instalado e formas de uso”.

PROTEÇÃO

O coordenador explica também que sempre que possível é bom delimitar a área do playground. “Isso confere mais segurança aos pais que a criança não vai sair e evita que entrem objetos indesejados. É uma forma de ter controle da área do playground, além de possibilitar a colocação de avisos na entrada ou em qualquer outro lugar, informando quantas pessoas cabem no espaço, para qual faixa etária é destinado e etc. E, se houver algum defeito no equipamento, é importante ter o telefone de quem deve ser avisado no caso de acidentes. Enfim, informações úteis para o dia a dia do playground. O que é permitido e proibido”, orienta.

Os próprios brinquedos devem receber proteções. “Dependendo da altura da queda é preciso ter guarda-corpos mais altos ou mais baixos. Acima de certa altura é necessário ter barreiras que impeçam a transposição. Em playgrounds externos, a barreira é usada somente acima de determinada altura, quando a queda já proporciona perigo de vida. Na maioria das vezes, acima de 3 m e, em alguns brinquedos, deve ser acima de 2 m. Todos os brinquedos grandes de buffet adotam barreiras para que as crianças não consigam passar para o lado de fora, ou seja, só consigam fazer um caminho. Essa é a ideia da barreira”, afirma Namiki.

PISOS AMORTECEDORES

O piso sob os brinquedos precisa ser amortecedor de impacto. “Isso não evita de uma criança cair e quebrar o braço, por exemplo. Mas, a ideia é evitar o pior dos danos como a fratura craniana. Através de ensaio feito em laboratório ou in loco, é possível saber o quanto o piso tem que absorver de impacto, para evitar essa fratura. Ele pode ser de areia, terra batida, pedrisco, lascas soltas de madeira ou pisos de borracha, desde que cumpra as diretrizes impostas no ensaio”, comenta o arquiteto.

A quantidade de areia ou granulado que vai absorver o impacto pelo deslocamento do material é de 50 cm para uma altura de 3 m. “Se for um equipamento menor, essa altura irá diminuir”, informa, explicando que 30 cm garantem o baixo impacto na queda. “E como a areia se desloca o tempo inteiro com o contato com os pés, mãos, vento, os outros 20 cm de margem devem estar previstos”, diz o coordenador.

Para garantir a efetividade dos pisos de borracha, é preciso que o material seja avaliado em ensaios. “A raspa de pneu é um excelente amortecedor de impacto, mas o problema é que existe uma controvérsia mundial sobre o fato de ser ou não cancerígeno. Porém, devido ao seu baixo custo, é a base para qualquer piso amortecedor de impacto moldado in loco. Normalmente, no piso de borracha, é colocada uma camada de raspas de pneu e cobre-se com EPDM, outro tipo de borracha que não faz mal à saúde, colada com resina para formar uma capa. A espessura depende da formulação do fabricante e, portanto, é necessário fazer o teste”, afirma Namiki. E alerta: “É preciso pedir garantia da absorção de impacto por um tempo. Eles podem vender um piso que em um mês está ótimo e com o uso vai sendo compactado e perde totalmente a propriedade”.

LIMPEZA E MANUTENÇÃO

A raspa de pneu é um excelente amortecedor de impacto, mas o problema é que existe uma controvérsia mundial sobre o fato de ser ou não cancerígeno. Porém, devido ao seu baixo custo, é a base para qualquer piso amortecedor de impacto moldado in loco. Normalmente, no piso de borracha, é colocada uma camada de raspas de pneu e cobre-se com EPDM, outro tipo de borracha que não faz mal à saúde, colada com resina para formar uma capa. A espessura depende da formulação do fabricante e, portanto, é necessário fazer o teste

O playground deve passar por limpeza geral frequente. “Especialmente em pisos granulados como areia, pedriscos, raspas de madeira, é necessário trocar, lavar, proteger dos gatos, revirar, verificar se ficou algum brinquedo perdido e nivelar. Dá trabalho, mas a areia por si só já é uma brincadeira. Em todos os brinquedos deve haver uma marca, indicando qual o nível do piso para absorver o impacto. No caso de pisos granulares, é preciso repor o grão para que ele fique sempre naquele nível”, explica o arquiteto.

A manutenção dos equipamentos muda de acordo com o material e deve estar descrita no manual do produto. “Ao comprar o brinquedo, o fornecedor tem que disponibilizar o manual com as providências que devem ser tomadas. No balanço, por exemplo, é necessário trocar a corrente periodicamente, independente do estado, para evitar acidentes. O administrador do playground deve fazer uma vistoria, diária de preferência, para verificar se o balanço está com o assento preso, como estão as estruturas dos equipamentos, se estão bem fixados, se há algum entortando ou chacoalhando. Esta é uma checagem diária que qualquer pessoa consegue fazer”, comenta o coordenador.

VISTORIAS

Existem mais duas inspeções que requerem um pouco mais de cuidado. “Uma mais técnica, a cada três meses, em que o responsável precisa se basear nas informações do fabricante e na norma técnica para fazer o check list. Checar as estruturas, se os parafusos estão apertados, se não faltam peças, se tem alguma farpa de madeira levantada ou material pontiagudo, qual o estado da pintura, entre outros. Há uma série de itens que precisam ser verificados. Não pode ser um leigo”, afirma Namiki.

A outra vistoria, de acordo com o arquiteto, é obrigatória e deve ser feita semestralmente ou anualmente, por técnico de laboratório certificador, engenheiro ou arquiteto especializado no assunto. Esse profissional será o responsável pelo playground, emitindo uma responsabilidade técnica pela vistoria. “Seguir a norma para quem administra o playground é uma garantia de que se está fazendo o melhor. E, se acontecer algo que está fora do documento, é realmente uma fatalidade”.

SOCIABILIZAÇÃO Existem playgrounds para crianças de até 36 meses e outros para crianças maiores. “Alguns voltados para crianças pequenas permitem que os grandes também usem. Pensando em uma sociedade mais justa, atualmente os espaços estão mais acessíveis para todos, recebendo não só crianças menores, como também as maiores ou até mesmo um adulto acompanhante com alguma deficiência. Nesse caso, os brinquedos precisam estar na altura do piso para quem tem problema de locomoção conseguir brincar, além de acessos com rampas e passarelas. É uma forma de sociabilizar. Essa é a importância do playground”, diz Namiki.

Colaborou para esta matéria

Marcio Kamiyama
Fábio Namiki – Arquiteto e urbanista formado pela FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), mestre pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo), professor de Urbanismo e Paisagismo do curso de graduação de Arquitetura e Urbanismo da FMU, coordenador da comissão de Segurança de Playground da ABNT desde 2007, sócio da NK&F Arquitetos Associados onde desenvolve projetos de parques e praças públicas, projetos de paisagismo e urbanização de condomínios e projetos de desenho urbano.