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Projeto de quadra esportiva deve levar em conta o uso do espaço

De acordo com a modalidade, arquitetos podem definir dimensões, tipos de piso, arquibancada e iluminação, sempre buscando a segurança dos atletas e o conforto térmico e acústico

Publicado em: 11/02/2016Atualizado em: 28/03/2023

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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As modalidades que serão praticadas na quadra poliesportiva devem ser de conhecimento do arquiteto, pois cada uma delas pressupõe tamanho e demarcações próprias (Fran Parente)

Projetos de quadras poliesportivas têm relação direta com a segurança dos atletas que usam o espaço. Se o piso for mal especificado, por exemplo, poderá acarretar lesões ou ferimentos em caso de quedas.

Assim, nesse tipo de obra, todo detalhe precisa ser bem pensado, a começar pela orientação da quadra poliesportiva no terreno. “Espaços esportivos descobertos devem estar no sentido norte-sul para que se evite o ofuscamento provocado pelos raios solares”, afirma o arquiteto Edson Jorge Elito, sócio do escritório Elito Arquitetos.

Contudo, se a quadra for coberta, a orientação longitudinal pode ser desprezada, e o cuidado maior passa a ser com as entradas de iluminação natural. “As aberturas nas paredes precisam estar posicionadas de maneira que a luz não atrapalhe a visão dos jogadores. A mesma atenção deve ser dedicada à localização dos projetores de luz artificial”, complementa o arquiteto Eduardo de Castro Mello, titular do escritório Castro Mello.

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Um dos requisitos para o desenvolvimento do projeto é conhecer a finalidade da quadra, ou seja, se ela será destinada somente para recreação ou se receberá competições de alto rendimento. “Muitos clubes ou escolas oferecem, nesses espaços, atividades culturais como shows, eventos, bailes e espetáculos teatrais. Em casos assim, há diferenças na definição do tipo de piso, de isolamento acústico, de previsão para iluminação cênica, entre outras”, diz Elito.

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Projetos de quadras poliesportivas têm relação direta
com a segurança dos atletas (Fran Parente)

DIMENSÕES

As modalidades que serão praticadas na quadra poliesportiva devem ser de conhecimento do arquiteto, pois cada uma delas pressupõe tamanho e demarcações próprias. Normalmente, as quadras são projetadas para receber partidas de basquete, voleibol, futsal e handebol.

As quadras de basquete têm tamanho de 15 x 28 m; as de voleibol medem 9 x 18 m; futsal e handebol são praticados em espaços de 20 x 40 m. “Em todos os casos, é preciso acrescentar 2 m em todo o perímetro, criando faixas que funcionam como proteção aos jogadores”, fala Castro Mello.

A largura das linhas demarcatórias nas quadras também varia conforme a modalidade. No futsal, o traçado deve ter 8 cm de largura e, nas quadras de basquete e voleibol, as linhas são de 5 cm. No handebol, as linhas localizadas entre as traves devem ter 8 cm, enquanto todas as outras demarcações têm 5 cm. As confederações que representam cada um dos esportes não determinam quais as cores que cada linha deve ter. “A recomendação é que as marcações sejam feitas em tonalidades que contrastem com a cor da quadra”, destaca Mello.

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O custo do material do piso é um item importante quando se comparam instalações de alto rendimento e quadras para recreação
Edson Jorge Elito

PISO

Em quadras cobertas, tipo ginásio, os pisos mais indicados são os de madeira flutuante e os de pintura poliuretânica sobre base de borracha. “Em ambos os casos deve ser prevista a construção de sub-base de concreto, de acordo com as normas e cálculo estrutural”, fala Elito. Para os espaços localizados ao ar livre, são recomendados os pisos asfálticos com resina acrílica ou, então, os monolíticos em poliuretano. “O custo do material do piso é um item importante quando se comparam instalações de alto rendimento e quadras para recreação”, destaca Mello.

ARQUIBANCADAS

O local destinado aos espectadores também deve ser projetado a partir do tipo de uso que a quadra terá. Se as competições demandarem público maior, as arquibancadas podem ser fixas, sendo que, atualmente, o recomendado é que essas estruturas se iniciem no mesmo nível do piso. “Levando em consideração as normas do código de obras e do Corpo de Bombeiros, são calculadas as divisões, circulações, dimensões dos degraus e a quantidade de saídas de emergência”, explica Elito. As arquibancadas também podem ser móveis, com elementos retráteis que cumprem a função de assentos.

Espaços esportivos descobertos devem estar no sentido norte-sul para que se evite o ofuscamento provocado pelos raios solares
Edson Jorge Elito

CONFORTO TÉRMICO E ACÚSTICO

O adequado conforto térmico na quadra poliesportiva influencia a qualidade do espaço, proporcionando condições satisfatórias para a prática de atividades físicas e permanência do público. “Devem ser previstos no projeto elementos que permitam o controle da temperatura interna, tanto nas paredes envoltórias como na cobertura”, diz Elito. As paredes devem ser constituídas de materiais com inércia térmica, ou então, com poder de isolamento, se forem empregadas soluções leves. A cobertura deve ter componentes de isolamento térmico para evitar a propagação interna do calor dos raios solares. Pode ser utilizado o recurso de cobertura com lanternim ou shed para o efeito chaminé, exaurindo pela cobertura o ar quente produzido internamente.

Quando a quadra é utilizada para espetáculos culturais, é recomendado que sejam instalados elementos de isolamento acústico. “Essa providência impacta na ventilação natural do ambiente. Como não podem existir brechas que possibilitem o vazamento de ruídos, torna-se necessária a utilização de ventilação mecânica ou condicionamento do ar”, diz Elito.

Se a quadra for usada somente para prática esportiva, o ambiente deve ter as faces internas das paredes tratadas com elementos para absorção sonora e que evitem as reverberações. O mesmo acontece com a face interna do forro, normalmente construído com telhas metálicas em forma de sanduíche e materiais absorventes. "O indicado é que sejam utilizadas chapas ou telhas perfuradas para que o som se perca no material absorvente”, fala Elito.

ILUMINAÇÃO

Uma alternativa interessante para que o ambiente seja bem iluminado e apresente economia de energia é o uso de sheds na cobertura, além das aberturas de iluminação nas paredes. Essa opção possibilita que durante o dia as luminárias fiquem total ou parcialmente apagadas. "É importante lembrar que, no caso do hemisfério sul, a melhor orientação para as aberturas dos sheds é a face sul, pois praticamente não há raios solares nessa direção”, ressalta Elito, lembrando que a iluminação artificial precisa ser homogênea em todo o campo de jogo e áreas livres.

Cuidados adicionais devem ser previstos quanto à manutenção e limpeza dos sheds e das luminárias, dado que a altura livre mínima é de 12,5 m. “Podem ser projetados meios fixos, como passarelas técnicas em toda a área da cobertura, ou elementos móveis que articuladamente atinjam a altura necessária para a execução da manutenção”, exemplifica Elito.

EQUIPAMENTOS

Cada esporte praticado na quadra irá demandar equipamentos específicos. O futsal, por exemplo, requer traves e rede; o basquete, as tabelas. “Todos esses materiais têm suas normas e especificações determinadas pelas confederações nacionais. É interessante prever também a instalação de redes para separar e circundar as zonas de uso, impedindo que as bolas acidentalmente atinjam os espectadores ou outras pessoas não envolvidas no jogo”, finaliza Elito.

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Colaboraram para esta matéria

Eduardo de Castro Mello – Formou-se em arquitetura na Universidade de São Paulo (USP). É proprietário do escritório Castro Mello - Arquitetura Esportiva, atuando como consultor em arquitetura esportiva. É membro da IAKS-LAC - Associação Internacional para Instalações Esportivas - com sede em Colônia (Alemanha).
Edson Jorge Elito
Edson Jorge Elito – Arquiteto pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie. Desde 1998, é sócio do escritório Elito Arquitetos. Professor licenciado da FAU Universidade Braz Cubas, Mogi das Cruzes (SP). Foi secretário Geral do IAB/SP entre 1996 e 1997 e vice-presidente da entidade entre 1998 e 1999.