Projeto de silos deve prever impermeabilização de coberturas, paredes e fundos
Na hora de projetar o silo é importante avaliar a capacidade pretendida, topografia e tipo do terreno, limitações da área, nível do lençol freático e o produto que será armazenado
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
De acordo com o engenheiro Carlito Calil Junior, professor da Universidade de São Paulo, os silos graneleiros são do tipo horizontal e há o predomínio do comprimento em relação à lateral. “É possível armazenar produtos granulares e pulverulentos. Inclusive o açúcar e o sal, mas desde que o silo esteja projetado para a descarga desse tipo de produto que, normalmente, é feita por gravidade com tremonhas no fundo do silo”.
ESTRUTURAS
Considerando que o sal ataca o aço, é recomendado usar estruturas de madeira para contenção e também na cobertura. Mas mais importante do que o sistema construtivo, os silos devem ter um bom sistema de controle de umidade e temperatura. Se a umidade aumenta na massa, o sal e o açúcar viram pedras, sem chance de fluxo
As estruturas de armazenamento dos silos apresentam seção transversal, responsável pela descarga do produto, de acordo com o formato do piso - plano, semiplano, semi V, V e duplo V e, em alguns casos, até triplo V. “A instalação é feita seguindo o nível do terreno – térreo, enterrado e semienterrado. Se tivermos o nível da água muito próximo ao nível do terreno, não é possível cavar abaixo e, nesses casos, ou se eleva a unidade ou é recomendado o uso de tremonhas duplas ou triplas para diminuir a profundidade no solo”, comenta Calil Junior.
Outros fatores que definem a escolha do silo, segundo o professor, são a capacidade pretendida, topografia do terreno, limitações da área, tipo de terreno, nível do lençol freático e, finalmente, o produto que será armazenado.
De acordo com Calil Junior, normalmente os silos graneleiros são feitos com paredes e fundo de concreto e cobertura em estruturas metálicas. “Considerando que o sal ataca o aço, é recomendado usar estruturas de madeira para contenção e também na cobertura. Mas mais importante do que o sistema construtivo, os silos devem ter um bom sistema de controle de umidade e temperatura. Se a umidade aumenta na massa, o sal e o açúcar viram pedras, sem chance de fluxo”, ensina.
VIDA ÚTIL
A vida útil do silo graneleiro depende de vários fatores, desde o projeto adequado até os detalhes construtivos, passando pela manutenção. “É preciso fazer manutenção anual, avaliando umidade e temperatura da massa ensilada, estado das paredes laterais, coberturas e fundações, sistema de descarregamento do silo com os cuidados de limpeza da unidade e análise do risco de explosões. Se adequadamente projetado, construído e com um programa de manutenção, a vida útil chega a mais de 50 anos”, comenta Calil Junior que alerta: “Particularmente, em casos de problemas de umidade, a manutenção deve ser imediata”.
Ele explica que o risco de explosão em silos pode ocorrer pelo fato de muitos produtos, quando manipulados, apresentarem um pó que fica em suspensão. “Dependendo da concentração da mistura ar-pó aliado a uma fonte de ignição do tipo solda ou fio desencapado pode gerar uma explosão na unidade”.
GARANTIA DE QUALIDADE
É preciso fazer manutenção anual, avaliando umidade e temperatura da massa ensilada, estado das paredes laterais, coberturas e fundações, sistema de descarregamento do silo com os cuidados de limpeza da unidade e análise do risco de explosões. Se adequadamente projetado, construído e com um programa de manutenção, a vida útil chega a mais de 50 anos
Algumas características asseguram a boa qualidade do silo graneleiro como ter um projeto adequado, construído de forma bem detalhada e assegurando impermeabilização de coberturas, paredes e fundos. “O projeto deve prever um sistema de aeração apropriado para o volume de produto, posicionamento dos medidores de temperatura e umidade internos – cabos de termometria –, sistema de descarregamento por gravidade com controle do tipo de fluxo e fundações bem projetadas e executadas”, afirma o professor.
O tempo aproximado para a conclusão de um projeto de silo graneleiro, de acordo com Calil Junior, depende da dimensão da unidade e do sistema construtivo. “Existem silos com paredes de concreto pré-moldado que são montados in loco. São materiais produzidos por empresas nacionais com diferentes sistemas de painéis pré-moldados, que devem ter o cuidado da vedação lateral e longitudinal para evitar a entrada de umidade”, diz, lembrando que “assim, é possível evitar os problemas ocorridos como os famosos silos pré-moldados de concreto ‘búfalo’, que o Brasil importou do Canadá na época da Cibrazem – Companhia Brasileira de Armazenamento – e foram um total fracasso. Apresentaram muitos problemas estruturais, de vedação e impermeabilização”.
Colaborou para esta matéria
- Carlito Calil Junior – Graduado em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia de Piracicaba, fez mestrado em Engenharia de Estruturas pela Universidade de São Paulo, doutorado em Engenharia Industrial pela Universidade Politécnica de Catalunya e pós-doutorado em estruturas de armazenamento pelas Universidade de Twente-Holanda e Karlruhe-Alemanha, e em estruturas de madeira pelo Forest Products Laboratory – USA. Atualmente é presidente do Instituto Brasileiro da Madeira e das Estruturas de Madeira, coordenador de duas comissões de Normalização de Estruturas de Madeira da Associação Brasileira de Normas Técnicas e professor Titular da Universidade de São Paulo. Publicou vários livros e capítulos de livros na área de silos, pressões e fluxo e na área de madeiras e de estruturas de madeira.