Qualidade do concreto depende do bom uso do caminhão-betoneira
Dosagem da mistura no tambor em movimento, tempo de entrega do concreto na obra e dirigibilidade devem ser considerados no uso do caminhão-betoneira
Os caminhões-betoneira são veículos responsáveis não apenas pelo transporte do concreto até a obra, mas por toda a mistura e homogeneização dos materiais. Isso requer medidas totalmente diferentes das realizadas em outros veículos logísticos de carga.
Eles são empregados em grandes canteiros de obras com auxílio das centrais misturadoras para produzir esse componente. Porém, no Brasil, a fabricação do concreto ocorre tradicionalmente em centrais dosadoras. Nesse caso, além de transporte, esses veículos também exercem a função de misturar e fabricar o concreto pelo princípio de “queda livre”, o que exige bastante dos caminhões-betoneira e reduz mais da metade da vida útil desses equipamentos.
O concreto é um material perecível, com peso específico alto e que permanece em movimento constante dentro do veículo. “Colocar água em excesso no concreto em agitação, principalmente com a utilização de centrais dosadoras, prejudica a qualidade dele. Além disso, o concreto tem tempo de vencimento, por isso o operador deve tomar cuidado para não exceder esse timing e acabar prejudicando a qualidade do produto”, alerta o presidente da Schwing-Stetter, Ricardo Lessa.
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Para manter a qualidade produtiva do equipamento, a dirigibilidade também deve ser levada em consideração, principalmente nas curvas, pois o centro de gravidade da carga é alto e ela está sempre em movimento.
A rotatividade da betoneira acontece por meio de duas pequenas alavancas, que controlam o sentido de giro do tambor (balão) e a velocidade desse giro: sentido horário para carregar o caminhão e homogeneizar a mistura e anti-horário para descarregar o concreto. Além do sistema de rotação, são necessárias também chapas helicoidais, dispostas internamente no tambor, de modo a auxiliar na mistura dos materiais e na descarga do concreto.
Para melhor homogeneidade do concreto, a quantidade de giros do tambor normalmente é fixada em catorze por minuto, assim sendo, principalmente em carregamentos com centrais dosadoras, deve-se homogeneizar a carga antes de sua aplicação ou descarga.
A atenção com a limpeza interna do tambor é outra medida essencial, principalmente para manter a qualidade das hélices de agitação, pois o concreto aderido à superfície interna ou o desgaste desses componentes prejudicam diretamente a agitação da mistura. A inspeção visual interna do tambor requer também muito cuidado. “Muitas vezes, o operador sobe na área da escada de inspeção e olha para dentro do tambor, o que pode aumentar sensivelmente o risco de acidentes”, acrescenta Lessa.
Mercado brasileiro
De acordo com um levantamento de diversas associações de concreto e cimento, hoje há aproximadamente 12.000 máquinas desse tipo em operação no Brasil. A distribuição desses equipamentos não é controlada, porém pode-se concluir que 65% deles estão localizados nas regiões mais industrializadas do país, ou seja, Sul e Sudeste. A outra parcela restante está distribuída nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte.
Ainda baseado nos números divulgados pelas associações, de 53 a 55 milhões de metros cúbicos de concreto industrializado são fabricados e transportados por betoneiras no Brasil, considerando que a produção média mensal desses equipamentos está por volta de 350 a 400 metros cúbicos por mês.
“O mercado brasileiro tem uma capacidade instalada para produção de aproximadamente 3.000 a 3.500 unidades por mês, segundo informações da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir)”, diz o presidente da Schwing.
Para ele, a queda anual nas vendas não significa que o mercado está transportando menos concreto, porque a renovação da frota praticamente não existe, já que os próprios usuários fazem a revisão do sistema hidrostático e do tambor, o que coloca as máquinas em rota de produtividade novamente.