Quando trocar a caixa d’água?
De acordo com as normas técnicas, a vida útil de um reservatório é de 20 anos, mas uma série de fatores pode alterar esse prazo, como problemas na instalação e rachaduras no material
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
(Foto: Shutterstock)
A troca de caixas d’água faz sentido quando se trata de pré-fabricadas, como as em polietileno ou em PRFV (poliéster reforçado com fibra de vidro). E essa substituição é necessária quando se constata a ocorrência de vazamentos decorrentes do surgimento de trincas ou rachaduras na lateral ou na base do elemento.
Já a percepção de piora na qualidade da água pelo gosto, odor, cor ou turbidez pode ser decorrente de várias causas. As mais comuns são a má qualidade do abastecimento público; a falta de limpeza periódica da caixa d’água, que leva ao desenvolvimento de algas e formação de lodo; vedação inadequada da caixa, possibilitando a infiltração de elementos externos estranhos como líquidos, poeiras e insetos.
“Somente a fabricação inadequada da caixa d’água demandaria a troca pelo fornecedor”, afirma o engenheiro Hélio Narchi, professor do Instituto Mauá de Tecnologia. Para além da constatação da má qualidade da água pelo morador, é possível obter sua caracterização técnica, retirando amostras para análises laboratoriais.
Somente a fabricação inadequada da caixa d’água demandaria a troca pelo fornecedorHélio Narchi
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Inspeção visual
No caso dos vazamentos, a constatação pode ser visual. O professor orienta que é preciso, ainda, fazer verificações de nível da água no reservatório, em conjunto com observação da torneira de boia e do extravasor (“ladrão”).
Em tese, a inspeção visual para a busca de vazamentos e verificação de nível da água pode ser feita pelo morador da casa. Entretanto, por questões de segurança, tendo em vista a localização da caixa na parte alta da edificação, entre o telhado e o forro, ou apoiada sobre uma laje, é recomendada a contratação de um encanador.
“Qualquer avaliação mais específica depende do conhecimento desse profissional, que saberá examinar todos os itens envolvidos”, diz, citando além da caixa em si, a torneira de boia e o extravasor, a base de apoio e todas as tubulações de entrada e saída de água do reservatório.
Longevidade das caixas d’água
De acordo com o professor, uma série de fatores contribuem para que os reservatórios não alcancem a longevidade esperada – denominados como falhas. São eles:
• Instalação do reservatório sem seguir as recomendações dos manuais técnicos dos fabricantes;
• Degradação da base de apoio (no caso dos reservatórios em polietileno) por falta de ventilação no local de instalação do reservatório;
• Condições de instalação inadequadas, dificultando acesso para vistoria, manutenção e limpeza do reservatório;
• Vazamentos por rachaduras ou má vedação;
• Mau funcionamento da torneira de boia, causando perdas de água em casas;
• Mau funcionamento da torneira, ocasionando perdas de água e consumo excessivo de energia elétrica no caso de edifícios;
• Entupimento do extravasor.
A normas brasileiras e a prática das concessionárias indicam que as caixas d’água devem ser limpas pelo menos uma vez a cada seis meses. “Porém, essa frequência pode variar de uma localidade a outra”, comenta Narchi, lembrando que concessionárias como a Sabesp e a Sanepar, por exemplo, apresentam os procedimentos de limpeza em suas páginas na Internet.
Normas técnicas
“As caixas d’água fabricadas por empresas do ramo, em geral, são de boa qualidade e apresentam durabilidade compatível com o previsto nas normas brasileiras”, comenta, listando as quatro normas técnicas da ABNT que versam sobre o tema:
• NBR15575-1 – Edificações Habitacionais Desempenho – Parte 1 – Requisitos Gerais;
• NBR15575-6 – Edificações Habitacionais Desempenho – Parte 1 – Requisitos para os sistemas hidrossanitários;
• NBR17170 – Edificações – Garantias – Prazos Recomendados e Diretrizes;
• NBR 5674 – Manutenção de Edificações – Requisitos para o sistema de gestão de manutenção.
Dessas normas, deve-se considerar o conceito de vida útil e o prazo de garantia. “A vida útil de projeto de um reservatório é igual ou superior a 20 anos, enquanto o prazo de garantia recomendado é de cinco anos”, resume Narchi.
A vida útil de projeto de um reservatório é igual ou superior a 20 anos, enquanto o prazo de garantia recomendado é de cinco anosHélio Narchi
Colaboração técnica
- Hélio Narchi – Engenheiro civil, mestre em engenharia hidráulica, responsável pela disciplina Instalações Hidráulicas no curso de Engenharia Civil do Instituto Mauá de Tecnologia. É consultor nas áreas de hidráulica, saneamento e meio ambiente.