Racional Engenharia comemora excelentes resultados e novos contratos
Confira a entrevista exclusiva com André Simões, diretor-presidente da Racional Engenharia, que celebra os resultados de 2023
(Foto: Divulgação/Racional Engenharia)
Em 2023, a Racional Engenharia mostrou uma excepcional performance financeira e terminou o ano com um caixa inédito de cerca de R$ 118 milhões. É o que conta o diretor-presidente da companhia, André Simões, em entrevista ao Portal AECweb. Para o ano atual, suas expectativas também são positivas.
“Temos um volume contratado que permitirá à Racional continuar focando nas melhorias estruturais que façam a empresa se manter como top of mind em longo prazo”, diz. Simões aborda, ainda, a importância da etapa de pré-construção e detalha os desafios das recentes grandes obras executadas pela empresa, a Arena MRV e Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein.
Confira, a seguir, a entrevista completa!
AECweb – Como foi o desempenho da Racional em 2023?
André Simões – Tivemos excelentes resultados na reposição de backlog (carteira de projetos), de aproximadamente R$2,5 bilhões, fortalecendo a empresa em segmentos estratégicos, como o de datacenters e saúde. Terminamos o ano com uma posição de caixa sem precedentes, de cerca de R$ 118 milhões. E concluímos a maioria dos contratos que passaram pelo período de hiperinflação dos últimos três anos. Apesar de terem diminuído suas margens, esses contratos terminaram sem nenhuma ruptura e com os clientes satisfeitos.
AECweb – Quais as suas expectativas para este ano?
Simões – Para 2024, temos um volume contratado que permitirá à Racional continuar focando nas melhorias estruturais que façam a empresa se manter como top of mind em longo prazo. Seguiremos focados em manter nossa capacidade técnica e o compromisso com entregas de alta qualidade, a custos competitivos, aliados ao desenvolvimento de inovadores modelos construtivos e de gestão, e à atração e desenvolvimento de talentos.
Para 2024, temos um volume contratado que permitirá à Racional continuar focando nas melhorias estruturais que façam a empresa se manter como top of mind em longo prazoAndré Simões
AECweb – Com a economia reagindo, são esperados investimentos em grandes obras?
Simões – Nosso setor está diretamente correlacionado com o PIB, portanto, caso as previsões se confirmem, nossa expectativa é um aumento significativo do volume e tamanho dos projetos. Mas não dependemos somente disso. Existem setores que investem na contramão do mercado de curto prazo, apostando na demografia e matriz energética brasileira, como os setores de datacenters e saúde. Acreditamos que a posição de líderes que conquistamos no atendimento desses segmentos trarão um pipeline promissor por muitos anos.
AECweb – Qual o impacto dos juros elevados para os projetos que a empresa executa?
Simões – Clientes de alguns mercados altamente dependentes de empréstimos para serem executados – por exemplo, o logístico – ficam com a viabilidade mais apertada. Nesses mercados, defendemos que é justamente no aperto da viabilidade que uma boa e assertiva engenharia faz diferença. Mas existem outros segmentos, como os que já mencionei, que possuem maior margem para acomodar o custo financeiro atual e, à luz de suas estratégias, a conjuntura macroeconômica de curto prazo faz menos diferença.
AECweb – Recentemente, a Racional entregou duas obras icônicas, a Arena MRV e o Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. Os desafios foram similares?
Simões – Tecnicamente, são projetos completamente diferentes, mas ambos se basearam em um ponto em comum que foi a relação de confiança muito bem construída e estabelecida entre a Racional e os clientes. Este foi um aspecto importantíssimo para superar os desafios desses projetos. Sempre que há um desafio técnico considerável, a confiança é a primeira coisa a ser construída, e isso foi a base de sucesso de ambos os projetos.
AECweb – Quais as características técnicas desses empreendimentos?
Simões – A Arena MRV demandou imensos volumes de materiais e serviços, o que exigiu planejamento refinado de cadeia produtiva, uma vez que região nenhuma do país está preparada para absorver as demandas de insumos para um projeto desse porte. Já o Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein se configura como um edifício de alta complexidade e nível de exigência internacional, assinado por Moshe Safdie, arquiteto reconhecido mundialmente por seus empreendimentos icônicos. O projeto impôs alto padrão de qualidade de execução e, também, um planejamento profundo da cadeia produtiva, tanto nacional como internacional, para torná-lo viável no Brasil.
AECweb – O desenvolvimento de soluções de engenharia é mandatório para alcançar bons resultados?
Simões – Sem dúvida. Principalmente em projetos de alta complexidade, não há viabilidade sem uma engenharia sofisticada.
AECweb – Quais os principais entraves para a produção de obras de qualidade?
Simões – Acredito que a falta de planejamento normalmente é o ponto central, por isso defendemos o envolvimento das empresas de engenharia, o quanto antes, nas etapas iniciais do negócio. É ali que nasce a qualidade do projeto, independentemente do padrão-alvo desejado para a edificação. Um projeto bem pensado desde o início, com um planejamento detalhado sob o olhar de construtibilidade, permite ao investidor ter um plano de negócio sólido, além de tornar mais claro para ele as prioridades de onde investir para otimizar o padrão construtivo da edificação.
AECweb – Essa é a etapa de pré-construção?
Simões – Sim. As obras do Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein e da Arena MRV são alguns dos muitos exemplos de projetos em que atuamos desde a fase inicial, que é conhecida como pré-construção. Nessa etapa, a partir da nossa expertise em construção, desenvolvemos soluções técnicas que tragam assertividade no planejamento de custos, prazo e qualidade da obra. Propomos soluções que viabilizem o projeto, de forma a atender o target price e os entregáveis críticos para o sucesso do empreendimento. Para isso, estudamos a fundo a engenharia aplicada, desenvolvemos orçamentos e planejamentos detalhados e realistas, com o olhar de construtibilidade e engenharia de valor. Antecipamos riscos e pré-selecionamos, de forma criteriosa, a cadeira produtiva adequada aos desafios construtivos. Nosso extenso portifólio de projetos iniciados a partir da pré-construção reforçam nosso pioneirismo e liderança de mercado nessa especialidade, que se tornou um grande diferencial competitivo para a Racional.
Um projeto bem pensado desde o início, com um planejamento detalhado sob o olhar de construtibilidade, permite ao investidor ter um plano de negócio sólido, além de tornar mais claro para ele as prioridades de onde investir para otimizar o padrão construtivo da edificaçãoAndré Simões
AECweb – Recursos de construção industrializada colaboram com obras de alto padrão de engenharia?
Simões – Acredito que a industrialização pode ser sim uma importante aliada da qualidade das obras. Mas para que contribua de fato nesse sentido, exige ainda mais um planejamento a priori da produção a ser realizado nas etapas anteriores à construção.
AECweb – É comum a Racional adotar sistemas industrializados?
Simões – A Arena MRV é um exemplo de projeto em que a engenharia priorizou a industrialização. Tivemos ganhos significativos em produtividade, já que um dos nossos desafios era o prazo. Para a estrutura da Arena, utilizamos um sistema construtivo misto caracterizado por estruturas metálicas e sua conexão com pilares e lajes em concreto pré-moldado, o que deu mais velocidade à execução. Tivemos um ótimo resultado, com redução de custo da obra, um canteiro mais limpo e seguro, com menor geração de resíduos e, acima de tudo, um desempenho excelente da estrutura, atendendo a todos os requisitos detalhadamente estudados, especialmente relacionados à vibração e à acústica. Foi entregue em prazo recorde e abaixo do custo.
AECweb – E o cliente ficou satisfeito...
Simões – Basta ver o que foi dito por Bruno Muzzi, CEO da Arena MRV, para o Globo Esporte: "O valor final negociado com a Racional para a execução da Arena MRV, de R$ 746 milhões, ficou R$ 28 milhões abaixo do valor inicial contratado reajustado somado às melhorias de projeto. Ou seja, observa-se uma economia de 3,62%".
Leia também:
Aos 40 anos, Tarjab vê no desafio uma oportunidade
Tenda volta a crescer, sinalização positiva para 2024
Incorporadora Setin tem nova vice-presidente
Construtora Plaenge cresceu 40% em 2023
Colaboração técnica
- André Simões – É formado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Iniciou sua atuação na Racional em 2015 e, em paralelo a sua participação no Conselho, ocupou posições executivas em obras executadas pela empresa. É diretor-presidente da Racional Engenharia.