Residencial Casa define parâmetros para moradia sustentável
Em implantação pelo GBC Brasil, a certificação avalia nove projetos construtivos no país, seguindo os preceitos da sustentabilidade
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
A implantação da certificação Residencial Casa pelo GBC Brasil é um trabalho que já dura um ano e meio e deve ser concluído no final de 2013. Seu objetivo é atender o arquiteto para que ele tenha parâmetros de construção sustentável, independente de solicitar ou não a certificação da residência, informa a coordenadora técnica do GBC Brasil, Maria Carolina Fujihara. Ela explica que para definir as pontuações do Residencial Casa foram formados seis grupos, que contam com a participação de cerca de 200 pessoas. Cada grupo tratou de um tema: implantação; energia; água; materiais; qualidade do ambiente interno; e requisitos sociais.
A certificação tem como base o selo Casa Azul, da CEF, o Leed for Homes – Leadership in Energy and Environmental Design – desenvolvido pelo GBC dos Estados Unidos, a certificação inglesa Breeam, a francesa HQE – Haute Qualité Environnementale – e o selo AQUA. O Residencial Casa foi lançado em setembro durante a Greenbuilding Brasil Internacional Conference & Expo 2012, quando iniciou o período de inscrição de projetos que pretendiam participar da implantação da certificação.
Dos 23 projetos inscritos, nove foram selecionados, sendo cinco em São Paulo, dois em Brasília, um no Mato Grosso e outro no Rio Grande do Sul. As residências começam a ser construídas em janeiro e devem ficar prontas no final de 2013. Entretanto, os resultados já serão apresentados na Greenbuilding Brasil Internacional Conference & Expo 2013, a ser realizada de 27 a 29 de agosto, no centro de exposições Expo Center Norte.
AvaliaÇÃo das obras
A equipe do GBC fará o acompanhamento do desenvolvimento construtivo de cada uma das nove residências. Carolina explica que elas já passaram pela avaliação de projeto, e que agora será avaliado o andamento das obras. Algumas casas serão construídas com métodos construtivos mais rápidos, como o pré-moldado e o EPS, e ficarão prontas antes das que utilizam alvenaria. “Optamos por projetos diferentes para que a certificação possa atender às particularidades de cada região do país. As casas que estão fazendo parte do projeto são de médio e alto padrão de tamanho grande e pequeno”, informa.
Projetos
As residências que serão construídas no estado de São Paulo estão localizadas na capital; em São Sebastião, na praia de Maresias; São Roque; São Luiz do Paraitinga; e outras duas em Sumaré. Na capital paulista, o projeto é de um apartamento de cobertura nos Jardins que passará por grande reforma e deve utilizar drywall no fechamento interno.
Maresias – o projeto prevê a utilização do sistema construtivo EPS – isopor expandido –, que é totalmente reciclável. Este processo, conhecido como Argamassa Armada é utilizado na construção das paredes estruturais, internas e externas. Treliças de ferro galvanizado prendem as placas de isopor de 7 cm a 8 cm de espessura. Essa estrutura recebe argamassa depois da colocação das instalações elétricas e hidráulicas. A arquiteta Lourdes Priantes, pioneira na implantação deste processo no Brasil, informa que estas paredes suportam até 40 toneladas por metro linear, sem usar vigas ou pilares. O processo de construção é rápido, sendo que uma casa de 100 m² fica pronta em 30 dias.
São Roque – a casa está sendo construída na montanha e seu diferencial é que 90% do material utilizado na construção são resíduos de demolições. Segundo Carolina, o proprietário está há mais de um ano comprando os materiais necessários.
São Luiz do Paraitinga – o projeto é de uma casa verde. Esta moradia, também em região montanhosa na zona rural da cidade, não prevê o uso de nenhuma tecnologia. Segundo Carolina é um projeto simplificado de alto padrão, uma casa de luxo com estilo de vida simples. O objetivo é saber como as soluções passivas irão atender aos quesitos de menor consumo de água, eficiência energética e conforto ambiental interno.
Sumaré – Em contraponto ao projeto de São Luiz do Paraitinga, a experiência de Sumaré, cidade de clima quente, utilizará todas as tecnologias disponíveis. Carolina conta que serão construídas duas casas geminadas, em ambiente urbano, cujo projeto almeja a certificação Platina, de maior pontuação dentro do GBC Brasil. Lembrando que o Residencial Casa terá as seguintes graduações: Verde para as edificações que atingirem entre 40 e 49 pontos; Prata, para as que conseguirem de 50 a 59 pontos; e Ouro para as que obtiverem entre 60 e 79 pontos. Platina é o nível máximo e o empreendimento precisa ter de 80 a 110 pontos.
Procedimento
Em março de 2013, o GBC Brasil planeja apresentar o primeiro case deste projeto, que tudo indica sejam os resultados conseguidos em Maresias. No final do ano será feito o checklist, avaliação das tecnologias utilizadas e o balanço de cada projeto, que será apresentado pelo arquiteto ou proprietário de cada um dos imóveis.
Carolina explica que, no próximo ano, o GBC Brasil irá definir como será estruturado o processo. “Vamos verificar o quanto a certificação vai interferir no custo da obra. Acreditamos que ficará em torno de 7% e a valorização do imóvel deve ser de 12%. O tempo de retorno dos investimentos com a economia de água e energia na utilização do imóvel se dará em três anos”, estima.
Diferencial
Maria Carolina Fujihara informa que todos os itens exigidos pelo Residencial Casa são baseados em normas técnicas da ABNT. Entretanto, cria o Crédito Regional, com oito créditos, priorizando as especificidades de cada região do país, para estimular a implantação de indústrias de materiais de construção, principalmente no norte e nordeste. Além disso, a nova certificação dá mais pontos aos materiais ambientalmente produzidos e que possam ser reutilizados.
Outro item importante é que sejam produzidos a uma distância de, no máximo, 1.000 quilômetros do empreendimento. Segundo a coordenadora do Residencial Casa, o grande diferencial desta certificação é a questão social. “Nosso objetivo é buscar a legalidade das edificações, estimulando a contratação de técnicos especializados que possam oferecer qualidade à construção e às suas instalações, garantindo aos usuários segurança e durabilidade do imóvel”, informa Carolina.
AvaliaÇÃo
Como os demais selos com apelo sustentável, o Residencial Casa vai avaliar a qualidade ambiental interna; controle de partículas; e controle de poluentes, principalmente na garagem, com colocação obrigatória de sensores para monitorar o monóxido de carbono. Estarão incluídos os aspectos de exaustão das áreas molhadas, como banheiro e cozinha com ventilação natural ou com instalação de exaustores; conforto térmico e acústico. Outra exigência da certificação diz respeito ao acesso universal: as edificações deverão ter um quarto e um banheiro acessível no piso térreo.
COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA
Maria Carolina Fujihara – Arquiteta e Urbanista formada pela Universidade Mackenzie. Atuou como arquiteta e pesquisadora em diversos projetos para certificação LEED no país em construções sustentáveis. Atualmente é Coordenadora Técnica do GBC Brasil, onde dissemina o conceito da construção sustentável e da certificação LEED no Brasil e trabalha com os grupos de profissionais diretamente para a adaptação da ferramenta de certificação para o mercado brasileiro, com frentes de trabalho nacionais e internacionais.