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Retomada da construção deve ter continuidade em 2020

Melhora de índices econômicos e ganho de confiança dos investidores criam uma atmosfera positiva para o setor imobiliário

Publicado em: 17/12/2019Atualizado em: 05/08/2022

Texto: Juliana Nakamura

retomada da construção civil
Segundo dados do CBIC, o número de lançamentos de imóveis residenciais cresceu 23% no terceiro semestre deste ano em comparação com 2019 (foto: Tong_stocker/shutterstock)

A crise que atingiu a indústria da construção civil a partir de 2014 foi longa e sem precedentes. Mas, ao que tudo indica, o pior ficou para trás. Dados registrados em 2019 apontam que um processo de retomada está em curso e que é possível vislumbrar um cenário mais promissor para 2020.

O primeiro deles vem da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e dá conta de que o número de lançamentos de imóveis residenciais cresceu 23% no país no terceiro trimestre de 2019, em comparação ao mesmo período do ano passado.

Outro dado animador é o aumento do valor de mercado das incorporadoras e construtoras de capital aberto. De acordo com a pesquisa Economática, o valor dessas empresas atingiu um recorde em dezembro de 2019, somando R$ 42,4 bilhões.

A Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) também tem números positivos. Segundo a entidade, o terceiro trimestre de 2019 registrou um aumento de 10,3% nos lançamentos em comparação ao mesmo período de 2018. Para o presidente da Associação, Luiz França, isso demonstra "que as empresas estão mais seguras para investir e que o poder de compra dos consumidores está subindo, através da queda dos juros e das novas opções de financiamento imobiliário".

A reação também aparece nos estudos realizados pelo Ibre/FGV e pelo Sinduscon-SP recém-divulgados. Segundo eles, em 2019, o PIB do setor interrompeu, finalmente, a série de cinco anos de queda, ao fechar o ano com um crescimento de 2%. A expectativa é que em 2020 essa evolução chegue a 3%.

“A percepção é de que a crise do setor ficou para trás. E as perspectivas são de um crescimento mais expressivo das edificações residenciais e dos demais segmentos do setor em 2020”, analisa Odair Senra, presidente do SindusCon-SP.

“A percepção é de que a crise do setor ficou para trás. E as perspectivas são de um crescimento mais expressivo das edificações residenciais e dos demais segmentos do setor em 2020
Odair Senra

A indústria de equipamentos espera se aproveitar deste aquecimento. Para 2020, o Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção projeta um aumento de vendas da ordem de 10% no segmento de máquinas da linha amarela e de 13% para todo o setor de equipamentos para construção.

SEGMENTO ECONÔMICO E COMPACTOS

"Com a melhora do cenário econômico e político, o mercado deve reagir e acompanhar esse ritmo com mais lançamentos e vendas", acredita Kaique Grossman, portfolio manager na Kallas. Segundo ele, um segmento que se destaca nesse contexto é o econômico. "Para se ter uma ideia, os últimos dois lançamentos feitos pela Kazzas (empresa do grupo Kallas focado no segmento econômico) tiveram performance de 80%", diz o executivo.

Outro nicho responsável por muitos lançamentos em 2019 – e que deve permanecer assim em 2020 – é o de apartamentos compactos/studios, seja para moradia própria, seja para investimento. De acordo com o Secovi-SP, seis em cada dez apartamentos vendidos na cidade de São Paulo em 2019 têm menos de 45 m².

Com a melhora do cenário econômico e político, o mercado deve reagir e acompanhar esse ritmo com mais lançamentos e vendas
Kaique Grossman

Em especial em grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, o mercado de alto padrão que se manteve ativo ao longo de 2019, deve continuar em ascensão no novo ano.

POTENCIAIS RISCOS

Há de se ressaltar, no entanto, que algumas ameaças podem fazer com que o crescimento da construção civil em 2020 fique aquém do esperado. A indefinição em relação à continuidade do programa Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, é um dos motivos de preocupação do setor. O Programa é considerado um grande gerador de empregos. Segundo a CBIC foram mais de 3,5 milhões de postos de trabalho gerados desde que o Minha Casa, Minha Vida foi criado há dez anos.

Segundo Grossman, “outros fatores que podem desencorajar a melhora na economia, e por consequência no mercado imobiliário, são o alto nível de desemprego e alto nível de endividamento do país, que impede o investimento do governo em setores essenciais”.

Colaboração técnica

Kaique Grossman - Formado em engenharia mecatrônica e em finanças, atua como diretor de portfólio management na Kallas.
Luiz França - Engenheiro civil, é presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias).
Odair Senra - Engenheiro civil com MBA em Gestão Empresarial e Recursos Humanos, é presidente do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo).