Revestimentos naturais ou sintéticos? Confira dicas para fazer boas escolhas
Entre as inúmeras opções disponíveis no mercado, os materiais devem atender as necessidades dos clientes e o conceito do projeto. Manutenção e facilidade de limpeza são quesitos importantes
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
(Foto: Francesco Scatena/Shutterstock)
A escolha entre revestimentos naturais ou sintéticos em projetos novos e nas reformas envolve vários fatores. “Consideramos, por exemplo, as normas técnicas dos materiais, o estilo de vida e as demandas apresentadas pelo cliente, como facilidade de manutenção e limpeza”, diz a arquiteta Estela Netto, do escritório homônimo.
O segredo dessa especificação, segundo a arquiteta Verônica Molina, titular do Memola Estúdio de Arquitetura, está no conceito do projeto e na busca pelo equilíbrio. “Procuramos explorar texturas e harmonizá-las. É essencial colocar todos os materiais sobre a mesa e ver a composição geral. Não podemos escolher acabamentos isolados, quando eles fazem parte de um grande conjunto”, explica.
Nesse momento o cliente tem importante participação. “Afinal, é ele quem vai conviver com aquelas escolhas”, lembra Molina. A missão do arquiteto, diz ela, é apresentar o que é melhor para o projeto, explicando as vantagens e desvantagens de cada material. “Dependendo das demandas de manutenção e durabilidade, vamos fazendo as melhores escolhas”, completa. Estela Netto observa que “o cliente nos orienta sobre o tipo de uso que o ambiente terá e, também, aponta as referências estéticas”.
É essencial colocar todos os materiais sobre a mesa e ver a composição geral. Não podemos escolher acabamentos isolados, quando eles fazem parte de um grande conjuntoVerônica Molina
Revestimentos naturais
Verônica Molina é defensora do uso de revestimentos naturais na proporção certa, de acordo a experiência que o espaço quer proporcionar. Ela parte do princípio de que é preciso saber conviver com a verdade de cada material. “A madeira é um elemento perfeito para imprimir naturalidade e aconchego aos ambientes. É um material vivo, que se vai se transformando com o passar dos anos e com o uso”, reflete.
Ela recomenda esse revestimento inclusive para áreas externas, lembrando que o cuidado está na especificação correta do tipo de madeira. “O ideal é deixá-la ao natural e que fique com aspecto acinzentado à medida que oxida. Caso contrário, vai gerar uma manutenção regular”, diz.
O cliente nos orienta sobre o tipo de uso que o ambiente terá e, também, aponta as referências estéticasEstela Netto
Aspecto observado por Estela Netto é a facilidade de limpeza e manutenção dos revestimentos em madeira. “E mesmo quando desgastados ao longo do tempo, podem ser lixados e restaurados”, aponta.
No caso das pedras, como mármores, granitos, quartzitos e dolamitas, a orientação é que sejam impermeabilizadas. “A manutenção pode ser mais difícil no caso dos mármores e mais simples para as demais, por serem menos porosas. Essas pedras são indicadas para pisos, paredes, bancadas – exceto mármore –, tanto em áreas internas quanto externas”, fala Netto.
Entre os “materiais de verdade”, como diz Molina, as pedras naturais têm variações de cores, veios e tonalidades. Essas características tornam o projeto mais original e próximo da variedade e diversidade da natureza. “Isso faz com que o material se incorpore ao ambiente onde está sendo utilizado”, comenta.
As cerâmicas em terracota, antigamente chamadas de ladrilhos, também estão entre as preferências de Molina. “Elas trazem a cor do barro para dentro dos projetos, nos conectam a memórias de casas antigas de nosso ancestrais, deixam o ambiente cálido e nos transportam às raízes. Casas coloniais, quintais gostosos”, diz.
Esse mesmo olhar da arquiteta se estende ao valor artesanal e artístico do ladrilho hidráulico. “Parece que está bordando o projeto. Tem muita relação com a arquitetura de casas coloniais, fazendas, pisos de apartamentos antigos na Europa”, fala, recomendando seu uso em cozinhas, varandas, terraços e banheiros. Por ser um produto artesanal, ele não tem as características de padronização industrializada. Cada peça pode ter pequenas variações de cor.
Enquanto o concreto aparente é definido por Verônica Molina como elemento que faz parte da evolução da construção e apresenta brutalismo, os metais respondem ao conceito de seus projetos de deixar visíveis as estruturas. “É como não ter pele e mostrar as veias, mostrar do que são feitas as coisas e a sua funcionalidade. A técnica pode ser de grande beleza e poesia”, destaca.
As tubulações aparentes fazem parte dessa composição, mesclando materiais naturais com os mais industriais e modernos. A estratégia gera equilíbrio no projeto, que fica mais atual e, ao mesmo tempo, atemporal.
“O cobre é um material perfeito para deixar as tubulações hidráulicas aparentes, de uma beleza natural que desenha nossas propostas de banheiro”, afirma, acrescentando que o ferro permite criar vãos maiores e estruturas mais esbeltas que o concreto. Quando utilizado em caixilharia, possibilita usar perfis mais finos, com resultado mais leve.
Revestimentos sintéticos
Apesar de pouco inclinado aos materiais sintéticos, o escritório Memola Estúdio os utiliza em situações pontuais. “Esses revestimentos não envelhecem junto com os naturais e ficam meio intocados, sem as marcas do tempo. Porém, vieram para equilibrar as manutenções, durabilidade e, em alguns casos, o que o cliente pode esperar por praticidade”, comenta Molina.
“Se formos tomar partido deles, devemos saber utilizar. Não somos a fim de empregar materiais sintéticos que fazem alguma imitação clara de outro natural. Preferimos aqueles nas suas versões mais originais, sem necessidade de pretender parecer algo que não é”, completa.
A arquiteta considera os porcelanatos ideais para usar em pisos e paredes de cozinhas industriais. Ou, ainda, como já ocorreu, na restauração de banheiro em que foi preciso compor os azulejos antigos com novo piso.
Estela Netto, por sua vez, define os porcelanatos como duráveis, com grande variedade de cores, tamanhos e texturas. “Podem ser retificados com o uso de rejunte apenas, além de serem de fácil manutenção e limpeza”, expõe.
Ela identifica o MDF como material específico para a execução de marcenaria. Podem receber acabamento ainda no processo industrial ou revestidos com lâminas de madeira natural, ou ainda, com microtexturas e lacas.
Molina complementa, lembrando que o MDF, agora amplamente utilizado e base essencial da marcenaria, se traduz no equilíbrio com o meio ambiente. Outro revestimento comum em seus projetos da área de saúde e de escritórios é o piso vinílico. Porém, em versões mais originais ou diferentes, sem a pretensão de ser a imitação de um material natural. Netto comenta a facilidade de instalação dos vinílicos e a diversidade de padrões, cores e tamanhos.
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Colaboração técnica
- Estela Netto – É formada em Arquitetura pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Minas) e especialista em História da Cultura e da Arte. Há mais de 15 anos está à frente do escritório formado por uma equipe multidisciplinar de arquitetos e designers. Desenvolve projetos residenciais que traduzem os desejos e sonhos de seus clientes com excelência, além de projetos voltados ao mundo corporativo, focados em gerar excelentes negócios e experiências únicas para os usuários.
- Verônica Molina – Formada em arquitetura e urbanismo pela Universidade Nacional da Colômbia, é pós-graduada em master em arte, arquitetura e espaço efêmero pela universidade Politécnica de Catalunya. Há 12 anos no Brasil, período em que atuou no escritório Estúdio Penha, inicialmente como coordenadora, tornando-se sócia em 2016. Participou da execução de 215 projetos e foi indicada em pelo menos 20 premiações, nacionais e internacionais. Agora, em carreira solo, dá vida ao escritório Memola Estúdio, que já nasce com uma equipe de 17 funcionários e 35 projetos em andamento.