Rio de Janeiro conquista terceiro Selo Solar
Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina certifica casa carioca pelo uso de energia fotovoltaica
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
A casa da arquiteta Isabelle De Loys, no Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, acaba de receber o Selo Solar pela instalação de sistema fotovoltaico. Fruto de uma reforma, a residência tem 120 m² e três andares – o térreo e mais dois – onde a profissional mora e trabalha. “A instalação do sistema fotovoltaico foi a última mudança feita na residência e obtivemos uma redução de consumo de energia de cerca de 50%. Os créditos de energia que são jogados para a Light, que é a concessionária do Rio de Janeiro, são ‘acumulados’ para o mês seguinte. Durante o dia, utilizo a energia gerada pelas placas para sustentar o consumo da casa e, à noite, a da rede. De qualquer maneira, por mais geração que se faça, o consumidor sempre pagará por um consumo mínimo de energia, porque é preciso manter o link entre o consumidor e a concessionária”, explica De Loys.
Segundo a arquiteta, há duas décadas pensar em instalar um sistema fotovoltaico em casa era simplesmente impossível. “Hoje já está bem mais viável. O payback é de aproximadamente dez anos – o produto possui garantia de 25 anos e vida útil de 40. A minha casa foi a primeira do Rio de Janeiro a ter a instalação do sistema fotovoltaico integrado à arquitetura. Além de produzir energia, quatro placas cumprem a função de cobertura, bloqueando o sol e criando conforto térmico no ambiente. Na fachada do último andar, estão as outras três, totalizando sete. Os painéis fotovoltaicos podem ser usados como elementos arquitetônicos em fachadas de prédios, como brises ou pergolados”, diz.
CONEXÃO
A instalação do sistema fotovoltaico foi a última mudança feita na residência e obtivemos uma redução de consumo de energia de cerca de 50%
O sistema conectado à rede pública de energia é composto por painéis solares e o inversor – equipamento que faz a interface do painel com a rede elétrica, invertendo a energia gerada de corrente contínua para alternada, 110 Volts e 220 Volts. Ele balanceia os picos de energia, fazendo o papel de um grande filtro. “Esse conjunto é importado. Depois tem a parte da estrutura para o suporte dos painéis que, normalmente, é feita de alumínio”, relata.
A arquiteta comenta que existem também painéis translúcidos, ainda não comercializados no Brasil. “São muitos usados na Europa e Japão. São mais caros e não possuem moldura de alumínio. E as células fotovoltaicas encontram-se distribuídas por toda a área do painel. É vidro com vidro que, na sua instalação, utilizam silicone nas interfaces para vedação. A instalação também tem preço mais elevado, requer conhecimento e técnica superiores. A ancoragem dos painéis pode ser feita pelo sistema spider, daí que seu uso tem função primordialmente estética, compondo fachadas cortinas e esquadrias fixas”, destaca a profissional.
AÇÕES SUSTENTÁVEIS
Hoje já está bem mais viável. O payback é de aproximadamente dez anos – o produto possui garantia de 25 anos e vida útil de 40. A minha casa foi a primeira do Rio de Janeiro a ter a instalação do sistema fotovoltaico integrado à arquitetura. Além de produzir energia, quatro placas cumprem a função de cobertura, bloqueando o sol e criando conforto térmico no ambiente. Na fachada do último andar, estão as outras três, totalizando sete. Os painéis fotovoltaicos podem ser usados como elementos arquitetônicos em fachadas de prédios, como brises ou pergolados
De Loys explica que a casa construída há dez anos exigiu algumas mudanças, incluindo recursos para torná-la mais ‘verde’. “Retiramos o piso de cerâmica das áreas externas e plantamos vegetação, criando uma área mais fresca. A casa tinha que respirar e, para isso, abrimos alguns vãos criando ventilação cruzada. No último andar, instalamos telhas de vidro justamente onde havia a respiração da cozinha e do banheiro. Conseguimos também conferir ao ambiente iluminação natural, através do vão que ilumina os banheiros e o interior da cozinha. Pintamos todas as telhas de branco, com tinta refletiva e própria para telhado, justamente para criar conforto térmico no interior da casa – o branco reflete os raios solares e reduz o uso do ar-condicionado. Essa alternativa diminui em cerca de 4 a 5ºC a temperatura do ambiente”.
O reuso da água de chuva e o telhado verde estão entre as futuras providências a serem tomadas pela arquiteta. “O reuso da água ainda não foi feito, porque como a casa fica em um condomínio, é preciso providenciar um hidrômetro próprio. Havia um telhado verde, porém uma praga destruiu as plantas. Em breve pretendo refazê-lo com outra tecnologia”, comenta.
VALORIZAÇÃO
De Loys ressalta que sustentabilidade gera marketing e valoriza o imóvel. “A minha casa já valorizou cerca de 20%. Vender uma residência com geração própria de energia é um diferencial. Porque não existe praticamente nada no mercado. Todos esses conceitos sustentáveis atraem as pessoas. Elas gostam de adquirir produtos ambientalmente corretos, com soluções ‘verdes’. Além de ser uma grande tendência, o Brasil tem um potencial solar enorme, muito maior que o eólico, por exemplo, principalmente em áreas urbanas. Seria muito importante as pessoas se atentarem para isso, usando a cobertura de suas casas ou empresas para alguma função, seja como fonte de energia ou para refrescar com um telhado verde, tornando as cidades mais amigas da natureza”, salienta.
Selo SolarCriado em 2012, o Selo Solar é um reconhecimento para instituições públicas e privadas e proprietários de edificações que consomem um valor mínimo anual de eletricidade solar ou que têm, pelo menos, 50% do seu consumo de eletricidade vinda do sol. O Selo é uma iniciativa do Instituto Ideal e da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, com o apoio da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit – GIZ – GmbH e do Banco Alemão de Desenvolvimento – KfW.
Colaborou para esta matéria
- Isabelle De Loys – Arquiteta formada pela Universidade Plínio Leite (2005), tem mestrado em Engenharia Urbana na UFRJ (2009). Desde 2012 é pesquisadora do IVIG – Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais PPE/COPPE/UFRJ. É diretora do escritório De Loys Serviços de Arquitetura.