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Saiba como escolher geomembranas para impermeabilizar lagos e tanques

Durabilidade e desempenho do sistema dependem de especificação de materiais flexíveis e resistentes à abrasão, a raios UV e a ataques de micro-organismos

Publicado em: 16/12/2016

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

A geomembrana, também conhecida como membrana geossintética, é um material utilizado para impermeabilização de grandes áreas sujeitas a movimentações e vibrações. Com resistência aos raios UV e a ataques químicos, a geomembrana é uma solução ideal para lagos artificiais e canais.

"As geomembranas garantem estanqueidade ao longo dos anos, mesmo sob condições adversas, como ambientes agressivos e exposição a intempéries", conta Paulo Rocha, engenheiro civil e coordenador técnico da Maccaferri América Latina.

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Detalhe de gotas d'água sobre geomembrana impermeabilizante (Bohbeh/ Shutterstock)

RESISTÊNCIA QUÍMICA

O principal fator a ser considerado na especificação de uma geomembrana para impermeabilização de lagoas artificiais é sua resistência química, uma vez que esses ambientes de armazenamento efluentes são bastante agressivos.

É importante que o produto seja estável quanto ao ataque microbiano, evitando a formação de algas e outros micro-organismos
Rodrigo Humberto Fernandes Afonso

Além disso, a resistência aos raios UV é outro dado de desempenho importante, uma vez que as bordas e margens dos lagos ficam muito expostos a esse tipo de radiação, pois nem sempre estão cobertas pela água ou pelo líquido contido na lagoa.

"Para apresentar essa elevada resistência química e não sofrer degradação pela incidência dos raios solares, a geomembrana deve ser produzida com polietileno de alta densidade (PEAD) e ser aditivada com negro de fumo (fuligem)", indica Rocha.

OUTRAS PROPRIEDADES

Caso o reservatório seja utilizado para o cultivo de plantas ou criação de peixes, o material também deve ser atóxico. Há geomembranas de etileno-propileno-dieno (EPDM) no mercado que atendem essa necessidade.

"É importante que o produto seja estável quanto ao ataque microbiano, evitando a formação de algas e outros micro-organismos" acrescenta Rodrigo Humberto Fernandes Afonso, engenheiro civil da Firestone Building Products.

Independentemente de ser produzida em PEAD ou EDPM, a geomembrana deve apresentar elasticidade superior a 300%, taxa suficiente para adequar o material à topografia do substrato e resistir a possíveis movimentações de terra ou da estrutura.

Já para especificar a espessura da geomembrana, é necessário considerar a quantidade de material em suspensão, previsão de assoreamento e, consequentemente, a necessidade de trabalhos de manutenção, como limpeza da lagoa e retirada do material depositado.

Como a dilatação térmica estica o material durante o dia e encolhe durante a noite, o horário de aplicação deve ser considerado no projeto
Paulo Rocha

CUIDADOS PARA APLICAÇÃO

De acordo com Rocha, a instalação das geomembranas exige cuidados para garantir a estanqueidade e a durabilidade do sistema. “Isso implica na realização de testes e ensaios em campo, durante e após a aplicação das geomembranas, todos de acordo com as normas e registrados em diários de obras, planos de instalação, entre outros”, explica o coordenador técnico da Maccaferri América Latina.

Deve-se considerar, inclusive, o horário de instalação da geomembrana. “Como a dilatação térmica estica o material durante o dia e encolhe durante a noite, o horário de aplicação deve ser considerado no projeto para que o revestimento não fique suspenso em nenhum momento”, esclarece Rocha.

No caso da geomembrana de EPDM, é necessário aplicar uma manta geotêxtil para proteger o material contra pedras e outros elementos abrasivos que possam danificá-la. Se houver camadas de vegetação ou britas acima do EPDM, é necessário aplicar outra camada de geotêxtil.

“Por fim, é feita a ancoragem na borda da lagoa com a geomembrana esticada. Se o ambiente tiver paredes verticais, o material é aderido com uma cola especifica de EPDM”, explica Afonso. As emendas, se necessárias, são feitas a frio por meio de um processo químico com dupla face e primer.

NORMA TÉCNICA

Publicada em 2013 pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), a NBR 16.199/2013 Geomembranas Termoplásticas — Instalação em Obras Geotécnicas e de Saneamento Ambiental apresenta requisitos para especificação do material, para a elaboração de projetos e para a instalação do produto em sistemas de drenagem, obras geotécnicas ou de proteção ambiental. “É uma leitura obrigatória para qualquer pessoa interessada na realização de projetos, construção, gerenciamento e fiscalização de obras com a utilização de geomembranas”, afirma Rocha.

Colaboração técnica

Paulo Rocha – engenheiro civil graduado pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP) e pós-graduado em gerenciamento de projetos PMI pelo SENAC. É professor adjunto de Mecânica dos Solos, Obras de Terra e Introdução à Engenharia Civil na Faculdade Padre Anchieta e coordenador técnico da Maccaferri América Latina, onde presta suporte técnico para engenheiros, projetistas, técnicos e clientes da empresa, além de atuar no desenvolvimento e na criação de ferramentas técnicas relacionadas às soluções em gabiões e geossintéticos.
Rodrigo Humberto Fernandes Afonso – engenheiro civil da Firestone Building Products. É formado na Fundação Educacional Inaciana (FEI).