Saiba como especificar reservatórios de água potável
Para definir o volume ideal é preciso avaliar o padrão de consumo de água no edifício, a frequência de interrupções no abastecimento, as flutuações na pressão da rede pública, e a reserva para combate a incêndios
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
As frequentes interrupções no abastecimento de água potável nas cidades brasileiras fizeram dos reservatórios equipamentos indispensáveis em qualquer edificação do país. O mercado do produto sofreu alterações relevantes nos últimos anos, após a fibra de amianto ter sido colocada na berlinda e acusada de causar sérios problemas de saúde. “O material não foi banido da fabricação de caixas d'água – ele ainda entra na composição de alguns produtos de fibrocimento –, mas quase todas as empresas vêm optando por outras tecnologias”, esclarece Wesney Vieira de Araújo, coordenador do Grupo Setorial de Reservatórios da Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento (Asfamas).
Atualmente o mercado brasileiro é dominado pelos reservatórios de polietileno (também conhecidos como poliolefínicos). O material, explica Wesney, ganhou espaço por ser leve, de manuseio e transporte simples, ter superfície lisa, ser fácil de limpar e por garantir a potabilidade da água armazenada. Geralmente os fabricantes disponibilizam produtos em dois modelos: as caixas tradicionais com sistema de trava na tampa e capacidades de 250 até 5 mil litros, e os tanques, que possuem abertura de 60 cm e são fechados com tampa de rosca com vedação total, disponíveis nas capacidades entre 500 e 20 mil litros.
Poliéster reforçado por fibra de vidro, e o aço carbono são outros materiais utilizados na fabricação dos reservatórios de água potável. Além dos produtos pré-fabricados, existem também reservatórios construídos in-loco, geralmente para acondicionar volumes maiores e voltados para garantir o abastecimento industrial.
Especificação
Em termos de desempenho, “os reservatórios devem garantir a preservação da potabilidade da água armazenada, em especial quanto à transmissão de sabor, odor, cor ou toxicidade ou ao crescimento de algas e micro-organismos”, informa o engenheiro Luciano Zanella, pesquisador do Laboratório de Instalações Prediais e Saneamento do Centro Tecnológico do Ambiente Construído ligado ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Devem, ainda, apresentar características como resistência mecânica e estanqueidade conforme as recomendações da norma ABNT específica para o material de fabricação (leia mais no quadro Qualidade).
Juntamente com a qualidade do produto, outros itens devem ser pesados na hora de optar entre um reservatório e outro. Segundo o gerente de Produtos da Brasilit, Marcelo Amaral, a escolha deve se pautar na necessidade de armazenamento da residência ou empresa, nas condições do local de instalação do produto e nas características de abastecimento da região. “O tipo de manutenção exigida pelo modelo do reservatório e preço também influenciam a escolha”, diz.
Capacidade ideal
Os reservatórios devem garantir a preservação da potabilidade da água armazenada, em especial quanto à transmissão de sabor, odor, cor ou toxicidade ou ao crescimento de algas e microrganismos
O padrão de consumo de água no edifício, a frequência de interrupções no abastecimento, as flutuações na pressão da rede pública, e a reserva para combate a incêndios são dados a serem considerados na definição do volume ideal do reservatório. As informações são de Luciano Zanella, do IPT. Ele lembra que é comum nessas unidades haver dois reservatórios, o principal e de maior volume instalado no subsolo e a partir do qual a água que chega da rede é bombeada, conforme a necessidade, para uma segunda caixa d’água localizada no topo do prédio.
Para residências, uma regra prática para calcular a capacidade adequada à demanda, ensina Helberth Coutinho, coordenador de Produto - Reservatórios da Fortlev, é multiplicar o número de moradores pela média de dias sem abastecimento na região do imóvel e novamente pelo consumo médio individual. No Brasil, a referência média de consumo por pessoa é de 150 litros/dia, enquanto a de dias sem abastecimento é de dois dias, informa Helberth.
Instalação: principais cuidados
A escolha deve se pautar na necessidade de armazenamento da residência ou empresa, nas condições do local de instalação do produto e nas características de abastecimento da região, além do tipo de manutenção exigida e do preço
Segundo Luciano Zanella, do IPT, as características de instalação podem variar de acordo com o material de fabricação da caixa d’água. Mas no geral, elas devem ser colocadas de forma que seu interior possa ser facilmente inspecionado e limpo. Além disso, reservatórios de pequeno porte devem ser preferencialmente protegidos da incidência de luz solar direta e em local com reduzido risco de impactos. “Algumas das principais indicações a respeito da instalação dos reservatórios podem ser encontradas na norma ABNT NBR 5626:1998 - Instalação predial de água fria”, sugere. A norma orienta, por exemplo, evitar apoiar o reservatório no solo ou enterrá-lo total ou parcialmente.
O local ideal para o assentamento, fala Marcelo Amaral, da Brasilit, é uma base de concreto plana e que suporte o peso e a pressão da água, evitando que a caixa d’água seja danificada. “Durante a instalação é preciso manusear o produto com cuidado para impedir que objetos pontiagudos perfurem as paredes, o fundo ou tampa do reservatório”, acrescenta. Utilizar ferramentas adequadas e seguir as especificações do catálogo técnico que deve ser disponibilizado pelo fabricante também são importantes para manter a integridade do produto.
É bom saber Os reservatórios poliolefínicos para água potável de volume nominal até 2 mil litros (inclusive) estão inscritos no Programa de Garantia da Qualidade (PGQ), desenvolvido no âmbito do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), do Ministério das Cidades. O objetivo, diz Wesney Vieira, que gerencia o programa em nome da Asfamas, é garantir a conformidade dos produtos em relação aos requisitos da norma 14799:2011.
Qualidade
A Associação Brasileira de Normas Técnicas possui vários documentos normativos, que estabelecem os padrões de produção, instalação, uso e manutenção de reservatórios destinados ao armazenamento de água potável. Com a ajuda do pesquisador Luciano Zanella, do Laboratório de Instalações Prediais ligado ao IPT, listamos as principais:
- ABNT NBR 14799:2011 - Reservatório com corpo em polietileno, com tampa em polietileno ou em polipropileno, para água potável, de volume nominal até 2 000 litros (inclusive) — Requisitos e métodos de ensaio
- ABNT NBR 14800:2011 - Reservatório com corpo em polietileno, com tampa em polietileno ou em polipropileno, para água potável, de volume nominal até 2 000 litros (inclusive) — Instalação em obra
- ABNT NBR 5649:2006 - Reservatório de fibrocimento para água potável – Requisitos
- ABNT NBR 5650:2006 - Reservatório de fibrocimento para água potável – Verificação da estanqueidade e determinação dos volumes útil e efetivo
- ABNT NBR 13194:2006 - Reservatório de fibrocimento para água potável – Estocagem, montagem e manutenção
- ABNT NBR 13210:2005 - Reservatório de poliéster reforçado com fibra de vidro para água potável - Requisitos e métodos de ensaio
- ABNT NBR 10355:1988 - Reservatório de poliéster reforçado com fibra de vidro – Capacidades nominais - Diâmetros internos – Padronização
- ABNT NBR 10354:1988 - Reservatórios de poliéster reforçado com fibra de vidro – Terminologia
- ABNT NBR 14863:2012 - Reservatório de aço inoxidável para água potável.