Saiba como planejar casas inteligentes e usar sistemas de automação
Projeto pode custar menos de 3% do orçamento final do imóvel e ainda proporcionar economia de água e de energia, além de conforto e segurança aos usuários. Saiba mais
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
A automação de residências – ou casas inteligentes – começou em meados da década de 1970 nos Estados Unidos. Com o tempo, porém, a tecnologia foi se aperfeiçoando e conquistando outras áreas da casa. Hoje é possível automatizar praticamente tudo. O objetivo é um só: levar mais conforto aos moradores, atendendo às necessidades cotidianas da família.
A casa inteligente pode ser dividida em três pilares: conforto, economia e segurança, como explica Marcos Nogueira, da empresa AZ Home. Nela, é possível integrar iluminação, áudio, vídeo, rede de informática e telefonia, ar-condicionado, sistema de aquecimento de pisos, persianas, irrigação e até mesmo geladeiras e fornos, tudo num único sistema. Mas, para isso, é preciso pensar no assunto desde a construção.
Isso porque a automatização é cabeada. “Quando planejada durante a obra, custa bem menos do que se imagina”, revela Daniel Lima, diretor comercial da área de automação (Automation &Sound Division) da Avantime. Um projeto médio pode custar menos de 3% do orçamento final do imóvel, ou seja, um sistema de automação despende quase o mesmo que o gasto com tubos e conexões. O importante, para baixar os custos é planejar a instalação desde o momento da idealização. Porém, é importante ter em mente que quanto maior o projeto de automação, maiores serão os custos.
Marcos Nogueira lembra, no entanto, que também é possível desenvolver um projeto totalmente wireless sem a necessidade de infraestrutura alguma. “Trata-se da tecnologia normalmente usada para os projetos retrofit”.
Não há limites
Para o uso da tecnologia, a imaginação do usuário é o único limite. Pode-se automatizar um portão via reconhecimento da placa do veículo, agendar a irrigação do jardim da residência, preparar um banho, selecionar uma música, determinar a temperatura do ar-condicionado e até mesmo do vinho que será degustado antes mesmo de chegar à sua casa.
A única ressalva é ter certeza de que tudo aquilo que está sendo solicitado no projeto de automação seja, realmente, desfrutado pelos moradores. Muitas vezes, o proprietário pede um projeto tão elaborado e fora da sua realidade tecnológica, que, depois de pronto, ele não sabe nem como utilizá-lo. Luciano Imperatori, da Hochheimer Imperatori Arquitetura, conta que já passou por isso: “Em geral, as pessoas pedem o sistema, mas não têm intimidade com as novas tecnologias, o que acaba complicando na hora de usar. Uma boa comparação é você comprar um carro ultrassofisticado com vários recursos de gerenciamento de motor, suspensão e câmbio, sendo que você apenas quer dirigir, e não pilotar. Hoje, os sistemas e interfaces são muito mais amigáveis, mas deve-se dosar bem para não ter uma instalação muito onerosa e pouco utilizada. Já realizamos o projeto de uma casa em que foram necessários cerca de oito mil metros de cabo para fazer a automação e, no final, o morador sabe usar pouquíssimas funções”.
O que é necessário
Para automatizar, é preciso dispor de uma central de automação, que é o cérebro do sistema, onde todo o software é gravado. Mas também são necessários controladores de áudio e vídeo, interruptores inteligentes, módulos, cabos, roteador e aplicativo de comando.
Ao contrário do que muitos pensam, automatizar uma residência não implica em maiores gastos com energia. Pelo contrário. Bruna Tavares, bacharel em Gestão Ambiental, revela que a automação gera uma economia de energia que varia de 60% a 70%. Também é possível economizar água por meio da reutilização do líquido da lavagem das mãos na pia para a descarga. “Em projetos corporativos, só para se ter uma ideia, a automação apenas do sistema de iluminação tem retorno de investimento de 2 a 3 anos, dependendo do projeto”, pontua.
Peculiaridades automatizadas
Veja como criar um projeto ousado e funcional:
Coifa da cozinha | Desliga sozinha após um tempo pré-determinado, para dissipar o cheiro de fritura |
Exaustor do lavabo | Só liga quando as pessoas saem do local, e não na entrada, como nos modelos tradicionais, que causam desconforto devido ao ruído |
Liberação de comida para animais domésticos | O programa tem uma funcionalidade, chamada ‘rotina’, que define dias e horários específicos para um compartimento incorporado ao pote do animal realizar a tarefa automaticamente, podendo, inclusive, determinar a quantidade de alimento que será disponibilizada |
Ativação de alarmes | O alarme é acionado por meio de interruptores instalados em lugares estratégicos pelo morador, como dentro da gaveta do escritório ou próximo à cama |
Duchas higiênicas | Ainda pouco comuns no Brasil, a sugestão é lançar mão de uma pequena ducha instalada dentro do próprio vaso sanitário. Para isso, não é necessário ter contato com a ducha em si; basta usar o controle remoto posicionado ao lado do vaso e selecionar o modo preferido (ritmos diferentes para a água, massagens, modo turbo, controle de temperatura da água e posicionamento da ducha). |
Ativação do chuveiro | Com apenas um clique, o banho é preparado na temperatura e fluxo de água desejado |
Sensor de luminosidade para economia de energia | Regula automaticamente a dimerização das lâmpadas de acordo com a entrada de luz na residência |
Central meteorológica | Recolhe dados do tempo, analisa e envia para o sistema a partir de sensores de vento, chuva, luminosidade e temperatura. Após essa análise, ações são realizadas automaticamente, como fechamento de janelas, toldos, coberturas e capa para piscina |
Colaboraram para esta matéria
- Daniel Lima – Diretor Comercial da área de Automação (Automation &Sound Division) da Avantime.
- Luciano Imperatori – Arquiteto da Hochheimer Imperatori Arquitetura.
- Bruna Tavares – Bacharel em Gestão Ambiental para MyPontoCom Automatização de Ambientes.
- Marcos Nogueira, da AZ Home.