Saiba o que mudou com a revisão da norma técnica de cargas para estruturas
Novo texto da ABNT NBR 6120 prevê cargas mínimas a serem atendidas em diferentes situações de projeto e traz novidades com relação às ações variáveis. Saiba mais
A ABNT NBR 6120 trata das ações de cargas em estruturas de concreto, metálicas, mistas etc. (foto: shutterstock/Bannafarsai_Stock)
Uma das normas técnicas mais importantes para subsidiar a elaboração de projetos de estruturas, a ABNT NBR 6120 foi recentemente revisada. O texto, que ganha uma nova versão após quase quatro décadas de sua primeira publicação, trata das ações de cargas nas estruturas, sejam elas de concreto, metálicas, mistas etc.
Mais completa, a norma passou de cinco para mais de 60 páginas e ganhou uma nova nomenclatura: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações. "O texto passou por uma formatação completa com a inclusão de termos, definições e simbologias, adequando-se às demais normas pertinentes", conta o engenheiro João Alberto Vendramini, presidente da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece).
Coordenador da comissão de estudo responsável pela revisão, Vendramini explica que a norma foi adaptada às mudanças das últimas décadas. Ele se refere, por exemplo, à maior quantidade de eletrodomésticos dentro das residências, assim como de móveis planejados, varandas gourmet e, até mesmo, carros blindados em garagens.
No caso das sacadas, as cargas foram completamente remodeladas. Antes, considerávamos o mesmo valor do pavimento contíguo. Agora não é mais assimJoão Alberto Vendramini
A norma traz considerações sobre situações novas de uso, desde call centers com grande densidade de mobília, às varandas transformadas em verdadeiras áreas de lazer. “No caso das sacadas, as cargas foram completamente remodeladas. Antes, considerávamos o mesmo valor do pavimento contíguo. Agora não é mais assim”, compara o engenheiro.
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NOVIDADES DA NBR 6120
Entre outras mudanças introduzidas no novo texto está a inclusão de uma tabela de forças horizontais em guarda-corpos e barreiras de proteção de pessoas, cujas prescrições antes estavam espalhadas por diversas normas. Também foi adicionado um capítulo de cargas em coberturas, inexistente na versão anterior. A intenção, nesse caso, foi evitar acidentes provocados pelo fenômeno de empoçamento progressivo, que acometem principalmente coberturas com pouca inclinação em centros logísticos e de distribuição.
Com relação às ações de veículos, foi desenvolvida uma categorização de garagens e demais áreas de circulação. “O objetivo foi classificar estas áreas de acordo com o tipo de veículo que ali trafega e, por conseguinte, especificar cargas diferentes para cada categoria”, diz o presidente da Abece. O novo texto define, ainda, forças horizontais devido ao impacto de veículos em pilares e barreiras, e inclui uma tabela de cargas decorrentes da ação de empilhadeiras para obras comerciais e industriais.
Concreto convencional dosado em central
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CARGAS VARIÁVEIS
Uma preocupação que tomou as discussões para a revisão da NBR 6120 foi a necessidade de incorporar as inovações construtivas observadas nas últimas décadas. “Todas as tabelas de peso específico dos materiais de construção foram revistas e checadas, assim como as tabelas de ações permanentes, que também foram ampliadas”, revela João Alberto Vendramini. Ele ressalta que, agora, as tabelas apresentam materiais que antes não eram contemplados, como o drywall, por exemplo.
A abordagem sobre as cargas variáveis é um dos destaques da revisão, em um reconhecimento de que determinadas construções, como aeroportos, shopping centers e estádios, não estão expostas à mesma carga o tempo todo. “Em determinadas situações, esses espaços estarão vazios e, em outras, com carga de multidão. Saber projetar uma obra com carga variável é um grande mérito”, afirma Vendramini, lembrando que o capítulo que trata deste assunto foi reescrito de forma a se tornar mais claro e explicativo.
Em especial as tabelas de ações variáveis foram remodeladas estabelecendo distinções por tipo de ambiente e uso. “Em um banco, por exemplo, devemos considerar que há áreas administrativas, área de atendimento, caixas eletrônicos, cofre etc., cada qual com uma exigência de carga mínima”, finaliza o engenheiro.
Colaboração técnica
- João Alberto Vendramini — Engenheiro civil com especialização em estruturas pré-moldadas de concreto pela Universidade Federal de São Carlos (UFScar). É presidente da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE), diretor técnico da Vendramini Engenharia e professor do curso de pós-graduação em Estruturas de Concreto Armado para Edifícios. É coordenador da Comissão de Estudo de Cargas para o Cálculo de Estruturas de Edifícios (CE-02:124.11), responsável pela produção do texto-base da revisão da ABNT NBR 6120:1980 Cargas para o cálculo de estruturas de edificações.