Saiba por que utilizar o sistema light steel framing na sua obra
Solução relativamente nova no mercado da construção civil do Brasil, o light steel framing tem vantagens frente a alvenaria, pois garante obras mais leves e econômicas
Redação AECweb
Light Steel Frame – Obra concluída.
O sistema de construção Light Steel Framing (LSF) é uma realidade quando se trata de sistema de cobertura, principalmente na substituição do substrato de madeira do telhado por aço. Mas, quando o assunto é a estruturação das paredes, a solução ainda é pouco utilizada. No país, os cases mais comuns são de residências de alto padrão - se comparado com o mercado dos Estados Unidos e Europa. Para alcançar o volume de utilização registrado nesses países, o arquiteto Eduardo Munhoz, consultor da ABCEM – Associação Brasileira de Construção Metálica - acredita que a cadeia produtiva deveria investir mais na propaganda, bem como na distribuição dos materiais complementares. “Não encontramos esses materiais em qualquer loja como o tijolo, cimento, areia e pedra. O aço, por exemplo, encontramos somente em distribuidores. Já o gesso acartonado e os acabamentos, apenas em casas especializadas. O processo do sistema de montagem é muito particular, com o qual o brasileiro ainda não está acostumado” explica.
As vantagens frente a uma obra de alvenaria convencional são muitas. Exemplo dado por Munhoz é a quebra de parede para se fazer a instalação do sistema elétrico ou hidráulico, causando perda de materiais. Com o uso do LSF esses sistemas são instalados antes de colocar as placas de gesso acartonado. Outra vantagem do LSF é a rapidez. Em, no máximo, 60 dias é possível fazer uma casa de 40 m² com apenas quatro pessoas trabalhando na obra. Com preço próximo ao de uma construção convencional, no Brasil o sistema de LSF é utilizado em casas de alto padrão, mesmo já existindo estudos que indicam a possibilidade de construir prédios de até nove andares. “E se forem feitas casas ou prédios em larga escala, dá para baixar o custo. Isso acontece porque nesse sistema conseguimos saber o valor exato do que se está comprando e do que será investido, ou seja, há um controle total dos materiais utilizados”, conta o consultor, que também faz um alerta para o acabamento. “O LSF é um sistema que exige acabamento, pois não foi feito para ficar exposto”.
LSF: Fechamento de casa.
O Light Steel Framing não é um sistema voltado apenas para residências. Pode ser usado em áreas comerciais, postos de gasolina, restaurantes, ou seja, é indicado para qualquer tipo de edificação. No Brasil, é utilizado em estandes de vendas por ser muito resistente às questões climáticas e por ser de rápida montagem e desmontagem. “Com os acabamentos que temos hoje, principalmente o gesso acartonado, esses estandes ficam expostos ao ar livre, tomando chuva e sol, e não se deterioram. É rápido para se construir e todo o material pode ser reaproveitado”, acrescenta Eduardo Munhoz. O gesso acartonado já possui um grande mercado no país. Muito utilizado em forros, é comum vê-los em hotéis e em grandes áreas comercias, em forma de dry wall.
CONSTRUÇÃO SEM PREOCUPAÇÃO
Por se tratar de um processo todo pré-fabricado, a manutenção é quase inexistente, a menos que se faça um plaqueamento do lado externo ou se utilize um revestimento. “Quando se faz muito plaqueamento com revestimento exposto, como o texturizado, a manutenção deve ser periódica”, explica Munhoz.
A construção em LSF se diferencia já na fundação, pois o radier recebe toda a carga do LSF. Já as lajes entre os pavimentos podem ser de LSF ou LSF incorporado ao concreto. Para as paredes internas, a melhor indicação é o uso de gesso acartonado. “O gesso fornece uma regularidade da superfície, e possui ótimo efeito acústico, principalmente se usamos lã de vidro ou de rocha no preenchimento dessa parede”, explica. Já o acabamento externo pode ser feito de várias maneiras. “Mas antes de qualquer aplicação de revestimentos, é preciso fazer a proteção das placas de OSB – chapas de madeira não trançada”, diz Eduardo Munhoz.
A proteção é feita com Tyvek, para que a umidade de fora não passe para a lã ou para o próprio aço – mesmo este estando protegido. Somente depois dessa proteção será possível fazer o acabamento externo, que pode ser de alvenaria, tijolos aparentes, réguas de pvc ou metálicas, enfim, vai de acordo com o que o arquiteto criar. Não há restrições para a cobertura. “No telhado, também é possível utilizar qualquer tipo de telha, como as metálicas – com ou sem isolamento térmico, as de cerâmica, a de cimento, e por aí vai”, exemplifica Eduardo Munhoz.
Em relação ao projeto arquitetônico, não há diferença. “É possível executar qualquer tipo de desenho, inclusive arredondados, e o acabamento fica perfeito, tão bom quanto o convencional”, comenta Eduardo. Por ser uma obra pré-engenheirada, ou seja, pré-pensada e pré-calculada, uma vez estruturada, não é possível mudar as paredes de lugar. “Permite fazer uma composição mista, usando alvenaria no térreo de uma edificação e na parte superior usá-se o LSF. Infelizmente, esse é um nicho pouco divulgado e há um mercado gigante esperando para ser explorado”, conta Munhoz.
Redação AECweb
EDUARDO MUNHOZ DE LIMA CASTRO, é formado em arquitetura e urbanismo pela UniBASP Belas Artes de São Paulo, especialista em Marketing pela FAAP/SP e mestre em Arquitetura e Urbanismo pelo Mackenzie/SP. Há 19 anos participa ativamente do setor da construção em aço, desenvolvendo projetos, consultoria, execução de coberturas, fechamentos metálicos, obras no sistema a seco e reformas. Contribuiu para o desenvolvimento do mercado do sistema estrutural light steel framing e da fôrma laje metálica – steel deck - implantando seu uso em diversas obras no país. É professor convidado da ABCEM (Associação Brasileira da Construção Metálica) e YCON – Formação continuada.