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Salário de engenheiros brasileiros está entre os mais altos do mundo

Levantamento feito em mais de 30 países revela que um diretor de contratos pode receber até 220 mil dólares por ano

Publicado em: 20/05/2015

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Apesar do cenário de estagnação que afeta o mercado imobiliário e grandes obras de infraestrutura, o bom momento vivido por esses setores na última década elevou a remuneração dos engenheiros brasileiros a um dos maiores patamares do mundo.

De acordo com a pesquisa global da Michael Page, feita com 1,5 mil executivos em mais de 30 países, o salário dos profissionais das áreas de propriedade e construção no Brasil superam a de países considerados mais ricos e desenvolvidos.

Um diretor de construção, por exemplo, pode receber entre 160 mil a 220 mil dólares no Brasil, enquanto em países como Canadá, França e Alemanha, a remuneração para o mesmo profissional varia entre 80 mil e 150 mil dólares

Ainda de acordo com os dados, um diretor de contratos recebe, no Brasil, entre 145 mil e 215 mil dólares por ano, superando a remuneração praticada na China (de 135 mil a 155 mil dólares), Austrália (de 100 mil a 140 mil dólares) e Espanha (de 117 mil a 137 mil dólares) para o mesmo cargo.

Apesar de 2015 ser um ano de bastante cautela, as obras e os projetos de infraestrutura espalhados pelo país juntamente com o boom do mercado imobiliário das últimas décadas, impulsionaram o aumento da remuneração desses profissionais
Cristiano Aron

FATORES ECONÔMICO-SOCIAIS

Atrelado à alta remuneração dos profissionais de engenharia no Brasil, destacam-se o crescimento do mercado imobiliário nos últimos 10 anos e as grandes obras da Construção Civil. “Apesar de 2015 ser um ano de bastante cautela, as obras e os projetos de infraestrutura espalhados pelo país juntamente com o boom do mercado imobiliário das últimas décadas, impulsionaram o aumento da remuneração desses profissionais”, explica Cristiano Aron, diretor da Michael Page.

Outro fator relevante, de acordo com o estudo, está ligado aos grandes eventos que aconteceram ou ainda vão acontecer, como a Copa do Mundo da FIFA de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Considera-se que, por meios desses eventos, o país mantenha projetos de infraestrutura em desenvolvimento. A principal tendência encontra-se no transporte urbano, que já conta com diversos projetos em fase de implantação, como Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) e Transporte Rápido por Ônibus (BRT – Bus Rapid Transit), além de novas rodovias.

FATORES POLÍTICO-ECONÔMICOS

O estudo também analisa o cenário de instabilidade da política e a questão da crise econômica. Fica constatado que esses fatores encorajaram construtoras a serem mais proativas na otimização de suas estruturas internas, o que qualifica os gestores de contrato e consolida as equipes técnicas.

Nesse contexto, a expectativa é de que a demanda por profissionais qualificados aumente ainda mais no setor privado imobiliário, especialmente das posições focadas em controle de custos, planejamento e instalações das obras.

MAIOR MERCADO DO PAÍS

De acordo com estudo da Kelly Services, a cidade de São Paulo é o maior mercado do segmento no Brasil, com cerca de 30 mil engenheiros empregados. O dado representa 14% de todo o mercado nacional de engenharia. Rio de Janeiro aparece em segundo lugar, com 11%, seguido por Belo Horizonte, com 5%.

A engenharia civil é a principal carreira em São Paulo. Isso pode ser explicado pelo crescimento do mercado de Construção Civil nos últimos 10 anos, sobretudo nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Esse movimento demandou a contratação de muitos profissionais especializados
Paulo Exel

Além disso, o levantamento também revela que a engenharia civil é a principal carreira em São Paulo. “Isso pode ser explicado pelo crescimento do mercado de Construção Civil nos últimos 10 anos, sobretudo nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Esse movimento demandou a contratação de muitos profissionais especializados”, explica Paulo Exel, gerente de recrutamento especializado e vendas da Kelly Services Brasil.

De acordo com a Kelly Services Brasil a remuneração para engenheiros civis também é superior na capital paulista. Os profissionais recebem 136 mil reais ao ano contra 121 mil na média nacional. Engenheiros de produção também recebem mais em São Paulo (132 mil reais contra 118 mil reais no resto do país). Na média de todas as indústrias, os engenheiros paulistanos têm remuneração anual de, aproximadamente, 136 mil reais, pouco superior à média do país, de 134 mil reais.

ESTAGIÁRIOS

De acordo com o estudo realizado pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (NUBE), os estagiários de engenharia aparecem como um dos melhores remunerados em relação às demais áreas, ganhando cerca de 1,3 mil reais. A média da bolsa-auxílio para níveis superiores é de 1,1 mil reais.

Segundo o ranking do NUBE, apenas as áreas de agronomia, estatística, ciências atuariais, economia e ciência e tecnologia recebem mais do que os estagiários de engenharia. O estudo também constatou que a remuneração média paga a estagiários cresceu 12,8% em 2014, valor que representa o dobro da inflação acumulada no ano passado.

CONTRAPONTO

Embora os profissionais de engenharia no Brasil recebam salários elevados, sejam eles de cargos ligados à direção, gestão ou estágio, também existem casos em que a remuneração é considerada inadequada, como os peritos da justiça gratuita. De acordo com o IBAPE/SP (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo) o valor pago pelo Estado a esses profissionais inviabiliza a prestação do serviço e prejudica cidadãos que necessitam desse atendimento.

A Resolução CSPD nº 92 do Conselho Superior da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, de 29 de agosto de 2008, estabelece honorários que variam entre R$292 e R$883. Custos para elaborar laudos, que incluem fotografias, ensaios tecnológicos, impostos, transporte, alimentação e outros, ficam sob responsabilidade do perito. “Há a necessidade de alterar e corrigir os valores de referência, garantindo àquele que atua na condição de auxiliar da Justiça o ressarcimento de todas as despesas diretas realizadas na elaboração dos trabalhos, além de uma verba honorária digna e compatível com a relevância dos serviços prestados”, defende a engenheira civil Flávia Pujadas, presidente do IBAPE/SP.

O instituto lançou um manifesto público na internet com o objetivo de obter a revisão da medida do Conselho, convidando a sociedade a participar da causa. A petição mobiliza assinaturas de associados, profissionais da área e qualquer cidadão que queira colaborar.

PERÍCIA TÉCNICA

Esse serviço é desempenhado quando ocorre falha em uma obra e é preciso descobrir as razões do problema. Dessa forma, o profissional fica encarregado de analisar a forma como a construção foi conduzida e apresentar laudos. Os peritos da justiça gratuita são profissionais nomeados por juízes para atender pessoas de baixa renda que abrem uma ação judicial.

Segundo o Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPOG), nos últimos anos, o trabalho dos peritos se tornou cada vez mais requisitado devido ao crescimento da construção civil. “O mercado espera profissionais habilitados, pois esta área é muito requisitada por empresários, advogados, juízes e pela sociedade como um todo”, explica Carlos Eduardo, coordenador da pós-graduação Auditoria, Avaliações e Perícias da Engenharia do IPOG.

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Colaboraram para esta matéria

Carlos Eduardo – coordenador da pós-graduação Auditoria, Avaliações e Perícias da Engenharia do Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPOG)
Cristiano Aron – Formado em Engenharia de Produção Mecânica pela UNIP com MBA executivo em Marketing pela ESPM. Teve sua carreira desenvolvida na indústria metalúrgica entre 1999 e 2006, quando começou a atuar como headhunter na Michael Page. Em 2015, assumiu a área de operações em São Paulo e foi promovido a diretor, assumindo também as áreas de IT e Healthcare.
Flávia Zoéga Andreatta Pujadas – Engenheira civil; presidente do IBAPE/SP Biênio 2014-2015; Pós-graduada em Perícias e Avaliações de Engenharia; Máster em Tecnologia da Educação; Professora de Inspeção Predial e Perícias em Edificações I nos cursos de pós-graduação em parceria com o IBAPE/SP e IBAPE junto à FAAP e Moura Lacerda; Professora convidada no curso Investimentos Imobiliários da Fundação Getúlio Vargas - FGV PEC; Professora convidada no curso de MBA de Investimentos Imobiliários da Fundação Getúlio Vargas – FGV
 
Paulo Exel – gerente de recrutamento especializado e vendas da Kelly Services Brasil.