Salvador implanta o IPTU verde
Com soluções sustentáveis, nova sede do SindusCon-BA terá desconto de 10% no imposto
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Certificada com o selo Aqua-HQE (Alta Qualidade Ambiental) nas fases de programa, concepção e realização, a nova sede do SindusCon-BA acaba de conquistar o IPTU Verde na modalidade Ouro - benefício fiscal concedido pela prefeitura de Salvador. “Valeu muito a pena investir em um edifício que contribui, de fato, com a cidade. A obra ficou em torno de 15% mais cara em relação às convencionais, devido às soluções ambientalmente eficientes, com payback de, no máximo, dez anos”, avalia o engenheiro Carlos Henrique de Oliveira Passos, presidente do SindusCon-BA.
Em vigor desde março de 2015, o IPTU Verde é um programa da prefeitura de Salvador que oferece até 10% de desconto no tributo a proprietários de imóveis que adotam medidas de sustentabilidade. Cada solução vale pontos e, dependendo da quantidade somada, a construção recebe um selo: bronze para quem tem, no mínimo, 50 pontos; prata para os que alcançarem 70 pontos; e ouro para os que atingirem 100 pontos. As condições são verificadas a cada três anos e o benefício é cancelado no caso de as soluções terem sido descaracterizadas.
“O IPTU Verde é um estímulo importante para todos, não só incorporadores, mas principalmente para a população. O que falta ao mercado são investimentos para que as construções sejam mais sustentáveis, com a consciência de que existe um retorno ao longo do tempo. O programa facilita essa comunicação entre aquele que constrói e quem compra, já que o desconto no imposto é mais fácil de ser percebido do que a economia nas contas de água e energia gerada por soluções sustentáveis”, finaliza Oliveira.
O EDIFÍCIO
O prédio inaugurado em dezembro de 2013, tem 1,8 mil m2 de área privativa e sete pavimentos, dos quais a entidade ocupa três, sendo um deles constituído por auditório e, outro, por salas de reuniões. “Os quatro outros andares se destinam à locação”, esclarece Oliveira.
O IPTU Verde é um estímulo importante para todos. O programa facilita essa comunicação entre aquele que constrói e quem compra, já que o desconto no imposto é mais fácil de ser percebido do que a economia nas contas de água e energia gerada por soluções sustentáveisCarlos Oliveira
O projeto arquitetônico foi concebido pelo escritório Paulo Cunha e Mário Vieira Lima Arquitetos Associados, que contou com a colaboração do arquiteto Thales de Azevedo, conselheiro do SindusCon-BA para as soluções sustentáveis. O projeto de climatização foi responsabilidade da MSA Projeto e Consultoria, a consultoria de sustentabilidade foi trabalho da ProActive Consultoria e a construção ficou a cargo da Almeida Matos Engenharia.
“Todo o conceito foi norteado pelos ideais da sustentabilidade. O sindicato ocupava uma antiga casa térrea, que foi descontruída para o reaproveitamento de materiais. Até esse processo foi planejado para acontecer de maneira responsável”, afirma o engenheiro. O canteiro também foi todo preparado para causar o mínimo impacto possível, com o aproveitamento de água, por exemplo. “A comunidade vizinha também foi envolvida, com a realização de concurso de grafite nos tapumes da obra”, complementa.
SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS
O sistema construtivo foi o convencional, em concreto armado nas estruturas. “A envoltória é constituída por fachada ventilada, em placas de alumínio composto, associada à fachada bioclimática, comandada por estação meteorológica dedicada para cada face da edificação. Os vidros são de baixa transmitância térmica, que proporcionam a redução no sistema de climatização e maximizam a iluminação natural. O vidro laminado especificado foi de 8 mm com fator solar de 0,36”, explica Oliveira, ressaltando que a implantação do prédio buscou a melhor orientação cardeal, com as áreas de baixa permanência e/ou escadas de acesso aos pavimentos voltadas para o norte.
Na cobertura, foram instaladas 16 placas fotovoltaicas com capacidade individual de 245 Watt-pico (Wp), potência instalada máxima de 3.920 Wp e uma geração média de 640 Watt-hora (Wh), correspondente a 1.843,2 Kwh/ano, o equivalente a cerca de 2,5% das necessidades de energia elétrica das áreas comuns. “Também contamos com usina eólica. Foi instalado gerador de eixo vertical no topo do prédio com capacidade de 1,5 mil Wp, gerando em média 1.555,2 Kwh/ano, o que representa 2,06% do consumo anual das áreas comuns”, diz o engenheiro.
A envoltória é constituída por fachada ventilada, em placas de alumínio composto, associada à fachada bioclimática, comandada por estação meteorológica dedicada para cada face da edificaçãoCarlos Oliveira
A economia de energia elétrica se amplia com o uso de lâmpadas de LED; acendimento inteligente das luzes; monitoramento das cortinas em função da incidência solar; sistema de ar condicionado com a utilização de gás natural e do emprego da roda entálpica - equipamento acoplado ao sistema de ar condicionado central com o intuito de realizar a renovação do ar e recuperação de calor. “Com todas as soluções, o ganho previsto é de cerca de 69,49% na demanda de energia elétrica”, avalia o profissional. O edifício conta também com pontos de energia para recarga de automóveis elétricos.
A economia da água é feita através da utilização de sistemas redutores de consumo, como torneira com aeradores tipo spray; descarga com duplo fluxo; e mictórios que não necessitam de água. “Também é feito reaproveitamento das águas cinzas e pluviais que, após tratamento, são reutilizadas nas descargas dos vasos sanitários e irrigação. A redução no consumo é de 98% se comparada a uma edificação convencional”, diz o engenheiro.
Colaborou para esta matéria
- Carlos Henrique de Oliveira Passos – engenheiro civil pela Escola Politécnica de Pernambuco. É diretor na Gráfico Empreendimentos e ocupa o cargo de presidente do SindusCon-BA.