Setor da cerâmica fortalece o foco sustentável
Anfacer lança programa de sustentabilidade para tornar as atividades da indústria ambientalmente mais responsáveis
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Fixação de revestimento cerâmico (Yunava1/ Shutterstock.com)
O tema ambiental vem, de maneira crescente, integrando as agendas de discussão em qualquer segmento político, comercial, financeiro, produtivo e cultural. Para atender a essa demanda e com o objetivo macro de sustentação do setor, a Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer) lançou seu Programa de Sustentabilidade Setorial. De acordo com Antonio Carlos Kieling, superintendente da entidade, o projeto contempla diversos objetivos pontuais, divididos nas dimensões ambientais, sociais e econômicas.
ETAPAS
A primeira ação dessa iniciativa é realizar um mapeamento e estabelecer o panorama atual da indústria. Com base nesse levantamento, será possível a criação de metas e programas de ações. “Esses dados serão públicos e demonstrarão o comprometimento setorial com o tema”, afirma. No desenvolvimento do programa, as atividades foram divididas em duas fases. A primeira está focada na dimensão ambiental e a segunda, em um objetivo macro, visando à sustentabilidade setorial da indústria.
“Vamos iniciar o programa com o mapeamento das legislações ambientais federais, estaduais e municipais dos polos cerâmicos para alinhar as exigências legais junto às empresas”, explica Kieling. As demais ações que fazem parte dessa etapa são relativas à divulgação e transparência da iniciativa para o mercado da construção civil, com o objetivo de não confundir o consumidor; evitar propaganda ecológica incorreta e enganosa; e permitir que os compradores possam comparar produtos similares.
Vamos iniciar o programa com o mapeamento das legislações ambientais federais, estaduais e municipais dos polos cerâmicos para alinhar as exigências legais junto às empresasAntonio Carlos Kieling
Já na segunda fase, será desenvolvida uma Política de Sustentabilidade Setorial, visando o comprometimento de toda a indústria nacional de revestimentos cerâmicos. “A política reúne um conjunto de diretrizes e princípios, além do panorama atual do setor, e estabelece metas de contabilização, mitigação, adaptação e compensação dos seus impactos no ambiente. Serão indicadas possíveis ações para atingir essas metas, em linha com os valores, a filosofia, a missão e a realidade prática das empresas”, detalha o superintendente.
A Política de Sustentabilidade Setorial norteará as atividades das indústrias na busca do desenvolvimento sustentável e da melhoria contínua na gestão. Nessa fase, também estão previstas a criação de um inventário de emissão de gases de efeito estufa (GEE); uma política corporativa de mudanças climáticas; e a elaboração de indicadores e metas. “A realização de um inventário de emissões de gases de efeito estufa depende do aprimoramento das boas práticas ambientais. No cenário econômico atual, tal procedimento tem valorizado a inserção das empresas em rankings de sustentabilidade. Adotar tais princípios torna-se um padrão para desenvolver práticas e políticas individuais e internas”, diz Kieling.
RECICLAGEM
Grande parte dos resíduos produzidos pela indústria nacional de revestimentos cerâmicos é utilizada no ciclo produtivo como matéria-prima, o que reduz o consumo de recursos naturais.
“O setor é ainda excelente consumidor de resíduos de outros processos industriais, como vidro, lâmpada, extração, entre outros”, ressalta o especialista, lembrando que outro fator favorável é a possibilidade da reciclagem do elemento cerâmico, que pode ser 100% reaproveitado de diversas formas. “Porém, seu descarte na construção civil é feito em conjunto com outros produtos, como argamassa, gesso e cimento, o que torna a logística reversa mais complexa”, complementa.
Os consumidores precisam valorizar os empreendimentos e produtos que demonstrem comprometimento com o meio ambienteAntonio Carlos Kieling
CONSTRUTORAS E CONSUMIDORES
Nessa nova iniciativa da entidade, o papel das construtoras será o de projetar, gerir e executar suas obras incentivando os conceitos de sustentabilidade. “Já os consumidores precisam valorizar os empreendimentos e produtos que demonstrem comprometimento com o meio ambiente, com a gestão e redução dos impactos e com a gestão social e preocupação com a sociedade. Essa cultura vem crescendo e deve ser o foco dos negócios”, finaliza Kieling.
Colaboração técnica
- Antonio Carlos Kieling – Economista e mestre em Engenharia de Produção. Atuou como Secretário Municipal de Turismo em Florianópolis/SC e como superintendente do SEBRAE/SC. Atualmente, é superintendente da Anfacer – Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres.