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Shafts exigem projeto e execução precisos

Erros podem por a perder todos os benefícios do shaft de sistema hidráulico. Nem sempre os problemas têm solução

Publicado em: 10/04/2013

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Redação AECweb / e-Construmarket

Projetos mal resolvidos ou instalação incorreta dos shafts hidráulicos acarretam problemas e custos adicionais e elevados para a obra. Essas colunas ou prumadas abrigam, além das tubulações, equipamentos associados ao sistema hidráulico como válvulas redutoras ou de manutenção de pressão, misturadores, válvulas de sinalização ou controle de sistemas hidráulicos de combate a incêndio, e medidores de consumo de água ou gás.

“Nesse caso, os shafts são facilmente visitáveis, fechados com portas, para que possam ser acessados quando necessário, e posicionados em locais a partir de onde esse acesso possa ser feito”, lembra o engenheiro Fabio Pimenta, diretor da Projetar Engenharia.

O shaft serve, ainda, de local para instalação de tubulações e válvulas de aparelhos sanitários em banheiros – as mais comuns são as instalações de chuveiros.

“Em geral, os shafts são fechados com painéis de gesso acartonado, o que torna essas instalações acessíveis para manutenção através da quebra dos painéis, operação muito mais fácil do que se elas estivessem embutidas em paredes de alvenaria”, explica, observando que, hoje, shafts pré-montados chegam à obra na forma de kits, resultando em mais rapidez, qualidade e, muitas vezes, em menor custo de instalação.

De acordo com Pimenta, um bom projeto deve considerar a disposição e fixação adequadas das tubulações verticais; o espaço suficiente e correto para os dispositivos ou kits instalados no interior dos shafts; condições apropriadas de acesso aos equipamentos que acompanham a tubulação, permitindo a sua fácil manobra, leitura ou eventual substituição.

“O projeto de um shaft deve sempre abranger, pelo menos, o detalhamento dimensional de todas as tubulações, instalações e dispositivos contidos no seu interior, tanto em planta como em vista; a especificação das formas de fixação; condições de acesso; eventuais dispositivos de ventilação; detalhamento de perfurações em laje”, diz, acrescentando que "quando contratado na fase inicial do empreendimento e bem orientado, o projeto de shafts de sistema hidráulico evita incorreções.

FuraÇÕes

“Mas, nem sempre é assim, principalmente no segmento de obras residenciais”, comenta Fabio Pimenta, que alerta também para erros de execução, a começar pelas imprecisões de construção das vedações e perfurações nas lajes. “Isto acontece quando o shaft é feito nas dimensões ou posição errada, ou, ainda, se as furações de laje são feitas nas posições erradas. A solução é refazer os furos, com o cuidado de vedar as aberturas anteriores”, recomenda o projetista, dizendo que, normalmente, são empregados entre três e oito furos nas lajes. Já quando há erros na construção das vedações – paredes, drywall – dos shafts, a única solução é derrubar e começar de novo.

FixaÇÕes

Quando o projeto não previu as condições para fixação das tubulações ou dos equipamentos associados a elas, não há soluções a serem adotadas na obra. “O pessoal acaba apelando para gambiarras, improvisações que prejudicam o resultado final. O ideal seria voltar para o projeto, mas se o problema só foi percebido na fase de execução, essa é uma solução que vai paralisar e encarecer a obra, por isso, normalmente não se faz”, informa Pimenta.

VedaÇÕes

Outro problema apontado pelo projetista é a falta de vedação das lajes na passagem de tubulações. Para que a vedação seja eficaz e econômica, é preciso que o projeto determine os furos das lajes na posição correta. Além disso, existem materiais apropriados para essa vedação, dependendo de o shaft estar exposto a riscos de incêndio ou não. “Se expostos, há massas especiais – e caras – para a vedação, o que leva ao uso do mínimo volume possível. Para que funcione, é preciso que a tubulação passe justa no furo que foi deixado na laje, caso contrário, será utilizada muita massa e exigirá a instalação de algum tipo de suporte para evitar que o material caia”, ensina.

“Mas, se a exposição a incêndio é baixa, pode ser usada massa de cimento, que é difícil de preparar e, principalmente, com qualidade, e pede uma forma por baixo”, orienta. A melhor vedação, segundo ele, emprega poliuretano expandido. “Diante da necessidade, no futuro, de remoção da tubulação, será preciso quebrar o cimento, enquanto o poliuretano é retirado facilmente”, diz.

Duplo uso

Em várias obras, os shafts hidráulicos são utilizados, erroneamente, para instalações de outra natureza, principalmente de sistemas elétricos. O risco é danificar a prumada elétrica com água e causar problemas de segurança, como choques elétricos. “A solução, no caso, é voltar para o projeto. Mas isto também não é feito”, alerta.

Pouco espaÇo

A falta de espaço no interior dos shafts para a inserção do sistema hidráulico traz prejuízos de operação, como impedir a manobra de uma válvula ou a leitura do hidrômetro, porque o visor fica escondido. “De novo, a solução é retomar o projeto e, na pior das hipóteses, fazer um rearranjo de forma que o sistema possa se adequar. O resultado é muito variável, podendo ficar bom ou não. É possível, ainda, ampliar o espaço do shaft, avançando sobre áreas do edifício, como as de circulação”, orienta.

Acesso

O acesso inadequado ao shaft visitável pode ser solucionado com a ampliação da porta, se for pequena. “Mas, muitas vezes, isto não é possível e o shaft vai perder parte dos benefícios inerentes a ele”, conclui Fabio Pimenta, ressaltando que para evitar que o sistema apresente esses ou outros problemas, é necessário que sejam projetados de modo a considerar todos os fatores envolvidos, e que a sua construção e instalação seja feita com a precisão adequada. “Empresas ou profissionais de projeto e execução cuidadosos e experientes sempre garantirão que não ocorrerão problemas nesse tipo de instalação, e o máximo benefício poderá ser obtido”, conclui.


COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA

Fabio Pimenta – Engenheiro civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Há 32 anos atua na área de projetos de obras hidráulicas e industriais de grande porte. É sócio diretor da Projetar Engenharia de Projetos, empresa de projetos de sistemas industriais e prediais. Fundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais (ABRASIP), é atuante em várias comissões da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).