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Sistema convencional e tilt up são opções para construção de galpões

A escolha entre eles deve ser orientada pelo tipo de terreno, como será feita a manutenção, áreas de apoio e operação do centro de distribuição

Publicado em: 04/12/2013

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Galpão Industrial

Os sistemas construtivos para galpões são divididos, normalmente, em quatro elementos: pilar, cobertura, fechamento lateral e piso. O mais usual no Brasil, segundo a engenheira Sandra Haruna, gerente de Propostas da Libercon Engenharia, são os pilares de concreto, cobertura metálica e fechamento lateral em telha metálica. “Mas existe, também, a possibilidade de o pilar ser metálico e a cobertura composta por telhas recobertas com isolamento térmico e manta. Neste caso, a estanqueidade da cobertura é assegurada pela manta que, por se tratar de elemento contínuo com emendas soldadas, facilita o escoamento da água, possibilitando reduzidas inclinações”, diz.

Para o fechamento lateral existem as opções com telhas, painéis pré-moldados de concreto ou o sistema construtivo tilt up. “Em um galpão convencional são colocados, primeiramente, todos os pilares, inclusive na fachada, depois a cobertura e o fechamento lateral – as estruturas das telhas são fixadas nos pilares que ficam na fachada. Já no sistema tilt up, muito usado nos Estados Unidos, painéis de concreto estruturais fecham toda a fachada. Nesse sistema, o piso é concretado e utilizado como forma para a execução dos painéis de concreto, que em seguida são levantados até a posição vertical e escorados. Após a montagem da cobertura e travamento dos painéis o escoramento é retirado. No sistema tilt up os painéis de concreto servem como elemento estrutural e de fechamento”, explica Sandra.

Ela comenta que a maioria dos clientes que optam pelo sistema tilt up em seus empreendimentos possui a cultura americana. “Eles usam quase que exclusivamente essa tipologia nas construções”, revela. No Brasil, o fechamento por telha é, normalmente, mais barato. “A influência do custo dos equipamentos no valor total do empreendimento é relevante. Por exemplo, necessitamos de guindaste para elevar as placas de concreto e, aqui no Brasil, a hora parada desses equipamentos é muito cara, diferente dos Estados Unidos. Portanto, para utilizarmos o sistema tilt up, é fundamental que haja planejamento”, diz a engenheira. E completa: “Dependendo das características do empreendimento pode ficar um pouco mais caro, mas nada que inviabilize o projeto”.

Em termos estéticos, o sistema tilt up tem maior flexibilidade, devido à possibilidade que as paredes de concreto oferecem de trabalhar com texturas e relevos, explica a gerente. “Podem visualmente ficar mais bonitos, além de passar uma sensação de segurança maior para o cliente. Mas isso é contestável, afinal, atualmente, os ladrões estão entrando pela porta da frente”.

Relação custo-benefício

Em um galpão convencional são colocados, primeiramente, todos os pilares, inclusive na fachada, depois a cobertura e o fechamento lateral – as estruturas das telhas são fixadas nos pilares que ficam na fachada. Já no sistema tilt up, muito usado nos Estados Unidos, painéis de concreto estruturais fecham toda a fachada. Nesse sistema, o piso é concretado e utilizado como forma para a execução dos painéis de concreto, que em seguida são levantados até a posição vertical e escorados. Após a montagem da cobertura e travamento dos painéis o escoramento é retirado. No sistema tilt up os painéis de concreto servem como elemento estrutural e de fechamento

De acordo com Sandra, para fazer a escolha certa é preciso conhecer a necessidade do cliente. “É ele quem irá selecionar qual sistema usar, mas é fundamental que a construtora informe quais as opções disponíveis no mercado, suas vantagens e desvantagens”. Porque, às vezes, a diferença de custo, que pode ser grande ou pequena, é vista pelo cliente como algo que agrega valor ao produto, tornando-o mais vendável e ajudando na locação mais rápida.

Segundo a engenheira, a escolha do sistema construtivo precisa ser feita desde o começo da obra. “Não é possível mudar o sistema no meio do caminho, porque os planejamentos e sequência executiva são diferentes. Em um sistema convencional, a fundação é a primeira coisa a ser feita, depois é executada a estrutura e o fechamento do galpão, com a colocação da cobertura e o fechamento lateral. Por fim, é feito o piso interno já em um ambiente fechado. No sistema tilt up, um dos primeiros serviços a ser executado é o piso na periferia da edificação, que servirá de base para a concretagem dos painéis de concreto. Depois de levantar os painéis e cobrir o galpão, finaliza-se a execução dos pisos internos. A sequência do planejamento é totalmente diferente. É por isso que essa decisão tem que ser tomada antes”.

Conhecer a atividade do locatário e o tipo de produto que será armazenado antes da construção do galpão pode colaborar com a definição do sistema construtivo ou de alguns itens. “Por exemplo, no caso de produtos farmacêuticos que precisam ficar em uma temperatura constante de cerca de 23ºC, pode ser necessário um sistema de ar-condicionado ou ventilação mecânica. Se o centro de distribuição tiver um fechamento lateral em telha simples, será necessário um sistema mais eficiente de condicionamento de ar se comparado ao painel de concreto”, explica a gerente de Projetos. Entretanto, ela reforça que é possível fazer alguns ajustes pós-obra, como colocar isolamento na telha ou painel térmico na parte interna.

Outros quesitos também são levados em consideração para a definição do sistema utilizado: tipo do terreno, como será feita a manutenção, áreas de apoio, qual o tipo de empilhadeira que será usada, entre outros. “O tipo de operação no centro de distribuição influencia na configuração da edificação. Por exemplo, existem clientes que necessitam de docas dos dois lados, nas duas fachadas, por causa do tipo de operação que irão realizar ou então precisam da chamada doca sider, porque o descarregamento dos caminhões é feito pela lateral e não pelos fundos como nas docas convencionais”, explica Sandra.

Outro ponto relevante é se o galpão será monousuário ou multiusuário. “Isso muda muito o projeto do centro de distribuição. Normalmente opta-se pela construção de um galpão único com possibilidades de locação para vários inquilinos, o que implica na execução ou previsão de fechamentos entre os módulos, medições individuais de energia, acessos, sanitários e áreas de apoio independentes, entre outros”, afirma.

Pisos

Não é possível mudar o sistema no meio do caminho, porque os planejamentos e sequência executiva são diferentes. Em um sistema convencional, a fundação é a primeira coisa a ser feita, depois é executada a estrutura e o fechamento do galpão, com a colocação da cobertura e o fechamento lateral. No sistema tilt up, um dos primeiros serviços a ser executado é o piso na periferia da edificação, que servirá de base para a concretagem dos painéis de concreto. A sequência do planejamento é totalmente diferente. É por isso que essa decisão tem que ser tomada antes

A escolha do piso depende do solo e da capacidade do piso solicitada pelo usuário. “Existe o piso que é apoiado diretamente sobre o solo e o estaqueado, que é usado quando o terreno não possui capacidade de suporte adequada. No piso direto, há algumas opções com armação em tela ou fibra ou ainda o piso protendido que permite menor quantidade de juntas, uma das maiores patologias no piso de concreto”, comenta a engenheira.

No piso armado, com tela ou com fibra, é possível fazer placas com aproximadamente 10 m x 10 m. Já no protendido as placas são maiores, podendo ter cerca de 50 m x 50 m, havendo redução nas quantidades de juntas. “Os rasgos de aproximadamente 6 mm são preenchidos com material selante, mastique, para possibilitar o movimento das placas. Porém, com a passagem das empilhadeiras sobre o piso, as bordas das juntas podem começar a quebrar, desta forma o ideal é já prever um reforço nas juntas nestas regiões com a utilização de lábios poliméricos ou juntas metálicas”, afirma a gerente.

Além das características do terreno e dimensionamento, a escolha da melhor solução de piso deve também levar em consideração as cargas a que este piso será submetido. “Desta forma é importante conhecer não somente as cargas distribuídas como também as pontuais, por exemplo, das estanterias e tipo de empilhadeira que será utilizada na operação do centro de distribuição”, comenta Sandra.

Colaborou para esta matéria

Sandra Haruna – Engenheira Civil, formada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com Mestrado Profissional em Habitação pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Docente da disciplina “Análise de custos e viabilidade de construções” no curso de Mestrado Profissional em Habitação do IPT. Trabalhou nas empresas Wtorre Engenharia, Matec Engenharia e Construtora Shimizu. Atualmente atua como Gerente de Propostas na Libercon Engenharia Ltda., empresa de engenharia com mais dez anos de existência e presença em diversos segmentos de mercado, com destaque para os setores logístico, industrial e corporativo.