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O que é Alta Tensão

Instalações elétricas de empreendimentos que consomem grande quantidade de energia devem ser projetadas e construídas com atenção especial

Publicado em: 19/12/2013Atualizado em: 17/10/2022

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Sistema Elétrico

A principal diferença do sistema elétrico de uma residência unifamiliar para aqueles instalados em edificações que consomem quantidade maior de energia é a complexidade do sistema necessário para alimentar a carga elétrica a partir da rede de distribuição da concessionária. Enquanto uma residência é atendida pela chamada baixa tensão (127V e 220V), uma indústria ou prédio comercial é alimentado em tensão primária de distribuição, que pode ser de 13,8 quilovolts (denominada ‘alta tensão’) e, por isso, exigirá do consumidor a aplicação de uma subestação ou posto de transformação que fará a conversão dessa tensão para os valores de consumo – 127V ou 220V.

“Para as indústrias e dependendo do porte da fábrica, como no caso de uma cimenteira ou siderúrgica, poderá ser exigida tensão de alimentação maior do que 13,8 quilovolts. Esses empreendimentos podem ser atendidos em tensões de 69 quilovolts ou 230 quilovolts, o que torna a instalação bem mais complexa”, explica o engenheiro Joaquim Antonio Dalledone Neto, docente da Universidade Federal do Paraná.

Especificação

O sistema elétrico para grandes empreendimentos deve ser planejado e projetado por profissional com sólida formação em sistemas elétricos e de distribuição. Esse engenheiro deve ter registro no CREA e será responsável por encontrar as melhores soluções para o projeto. “Em cada caso há soluções específicas que devem ser adequadas a cada situação. Edificações que abrigam uma carga maior (conjunto de equipamentos, máquinas, motores, iluminações especiais, entre outros) podem exigir o emprego de várias subestações, com a aplicação de instalações aéreas ou subterrâneas. As soluções são inúmeras, mas devem ser adequadas a cada tipo de construção e compete ao projetista determinar qual a melhor alternativa”, afirma o engenheiro.

Ele detalha também que nas grandes instalações geralmente não se empregam fontes de energia alternativa, como painéis fotovoltaicos ou aerogeradores individuais. “Há soluções com o emprego da cogeração de energia, por exemplo, em uma indústria de papel ou celulose, em que os subprodutos do processo como restos de madeira ou serragem podem ser aproveitados para a produção de vapor e, assim, utilizados para gerar energia elétrica. Ou seja, há processos em que é possível utilizar a cogeração para diminuir a parcela da energia que deve ser comprada da concessionária”, diz o professor, lembrando que todas essas alternativas devem ser objeto de estudos, para se avaliar a viabilidade técnica e econômica caso a caso.

Instalação

Edificações que abrigam uma carga maior (conjunto de equipamentos, máquinas, motores, iluminações especiais, entre outros) podem exigir o emprego de várias subestações, com a aplicação de instalações aéreas ou subterrâneas. As soluções são inúmeras, mas devem ser adequadas a cada tipo de construção e compete ao projetista determinar qual a melhor alternativa

Existem empresas especializadas que contam com profissionais habilitados para executar toda a infraestrutura necessária para a instalação do sistema. “Para garantir a segurança, tanto dos trabalhadores quanto do próprio sistema, é imprescindível seguir o que está determinado nas normas técnicas, sejam da ABNT ou de outros órgãos normativos reconhecidos”, ressalta Dalledone, comentando que outro ponto importante é seguir as recomendações da norma NR-10 do Ministério do Trabalho, que regulamenta os serviços em eletricidade. “Essa norma determina como a instalação deve ser prevista, projetada, realizada e depois operada de maneira que não traga risco aos trabalhadores. A NR-10 foi revisada no início dos anos 2000, ganhando relevância e força de lei na regulamentação das instalações elétricas, inclusive nas de grande porte”, afirma.

A instalação elétrica deve ser construída concomitantemente ao processo de edificação. “Nas instalações onde se aplicam as chamadas malhas de aterramento compostas por hastes e condutores de cobre cravados no solo, a instalação desse sistema de proteção deve anteceder a construção do empreendimento, acontecendo já no início da obra, pois as instalações de aterramento, seja para proteção de equipamentos ou do próprio sistema contra descargas atmosféricas, ficam sob a edificação, portanto, uma das primeiras etapas que devem ser concluídas no processo de construção”, adverte o engenheiro.

Manutenção

Segundo o professor, as manutenções preventivas e corretivas do sistema devem ser ações contínuas e permanentes. “Deve existir um calendário prevendo a periodicidade de inspeção das instalações. Sistemas mais complexos podem exigir verificações e acompanhamento permanente para assegurar a segurança e operacionalidade”, alerta.

Confira também: 

Acessórios e ferragens para instalações elétricas

Condutores elétricos

Conectores elétricos

Fios e cabos de cobre encapados

Qualidade

Para garantir a segurança, tanto dos trabalhadores quanto do próprio sistema, é imprescindível seguir o que está determinado nas normas técnicas, sejam da ABNT ou de outros órgãos normativos reconhecidos

Todos os materiais empregados nas instalações elétricas devem seguir as normas técnicas e os projetos também devem atender as suas normas específicas. Existem normas publicadas pela ABNT e também por outros órgãos, sendo que todas devem ser seguidas pelos fabricantes de componentes. “Há todo um conjunto de aparatos normativos para garantir a segurança e desempenho das instalações. Há um movimento muito grande nas associações de engenheiros para que haja o efetivo cumprimento das exigências da ABNT NBR 5410 - Instalações elétricas de baixa tensão -, quanto ao laudo de certificação das instalações de baixa tensão. Entretanto, ainda não há um consenso sobre qual órgão público será o responsável por fiscalizar tal exigência”, explica o engenheiro.

Há uma iniciativa no estado de São Paulo que fez com que o Corpo de Bombeiros assumisse essa função de verificação, pois estima-se que mais de 50% das causas primárias de incêndio são decorrentes de problemas das instalações elétricas. “Como não havia regulamentação das concessionárias, do CREA ou das prefeituras, houve um consenso e o Corpo de Bombeiros cumpre o papel de fazer inspeção visual das instalações elétricas, sendo que após essa visita é emitido um laudo”, diz o professor.

Outra medida tomada pelo Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo na tentativa de se iniciar a fiscalização das instalações elétricas já passou por consulta pública e está em processo de revisão. Com a entrada em vigor da chamada Instrução Técnica nº 41, ou simplesmente IT-41, o Corpo de Bombeiros passará a realizar inspeções visuais nas instalações elétricas com o objetivo de encontrar possíveis defeitos. Caso seja verificada alguma situação que não esteja em conformidade com a norma, os responsáveis terão até seis meses para adequarem suas instalações e, após esse prazo, começam a ser punidos. A IT-41 abrange todas as construções novas do estado, porém não inclui as habitações unifamiliares. “Essa medida vem sendo bastante discutida, pois muitos profissionais questionam o papel dos bombeiros como inspetores, alegando que estes não possuem a formação específica exigida pela norma ABNT NBR 5410 para realização deste trabalho. Apesar da polêmica, a medida representa mais um pequeno passo rumo à certificação compulsória no Brasil”, afirma o engenheiro.

É bom saber

Há partes essenciais das instalações elétricas que devem ser alimentadas por energia ininterrupta. “Nos sistemas mais complexos, componentes e equipamentos que garantem a proteção devem estar em perfeito funcionamento, inclusive nas situações de interrupção ou falta de energia. Por isso, esses equipamentos têm de ser alimentados por uma fonte ininterrupta, que podem ser nobreaks ou baterias. Há também instalações com setores vitais, que possuem equipamentos que não podem ter sua alimentação descontinuada, por exemplo, o centro cirúrgico ou UTI de um hospital. Tais instalações exigem o emprego de geradores de emergência que entram em funcionamento no instante em que há falta de energia da rede da concessionária”, finaliza Dalledone.

Colaborou para esta matéria

Joaquim Antonio Dalledone Neto – Engenheiro eletricista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1980. Docente do Departamento de Engenharia Elétrica da UFPR, ocupa ainda os cargos de diretor e responsável técnico da empresa Engelco Eletromecânica Industrial – fabricante de painéis elétricos e subestações de energia.