Sistema de docas pede especificação cuidadosa
Para garantir o bom funcionamento do galpão logístico, projetista deve conhecer os detalhes técnicos e de funcionamento da edificação. Veja as principais soluções
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Etapa importante no projeto de galpões logísticos é a especificação do sistema de docas, composto pelas portas industriais, docas, PITs, entre outros equipamentos. Esse conjunto de soluções precisa ser bem pensado e planejado para otimizar ao máximo a entrada e a saída das cargas. “O projetista tem de considerar a frequência de carregamento e descarregamento, o tipo de produto, o modelo de equipamento de movimentação de carga que será utilizado na doca, o peso máximo deslocado, o ambiente interno do galpão e os tamanhos dos caminhões atendidos”, enumera o engenheiro Matheus Puttinati Casari, coordenador de Engenharia e Suprimentos da Kopron do Brasil.
Além de todos esses dados, outras dimensões precisam ser de conhecimento do projetista, como o tamanho do vão da porta e do fosso do nivelador, além do desnível positivo e negativo do nivelador. Com base nos detalhes técnicos e de funcionamento da edificação, o responsável pela especificação do sistema de docas deve optar por produtos que seguem as normas técnicas, tanto as brasileiras quanto as internacionais. “Por exemplo, as portas seccionais têm de estar em conformidade com a norma europeia EN 13241-1. Já os niveladores de doca necessitam seguir a EN 1398”, menciona a engenheira Amanda Felippe, analista comercial e técnica da Hörmann Brasil.

Doca incorporada a galpão logístico com portas industriais (hacohob/ Shutterstock.com)
PORTAS INDUSTRIAIS
Existem diferentes modelos de portas industriais, entre elas as de vários acessos, com aberturas e fechamentos rápidos, de enrolar, entre outras. O tipo de solução mais indicada para cada galpão logístico varia segundo características do próprio empreendimento, como a frequência do tráfego de equipamentos, nível de vedação necessário e a temperatura interna. “Também interferem na especificação o produto armazenado e a agressividade do ambiente (atmosfera química)”, informa Puttinati, lembrando que, nessa equação, precisam ser considerados detalhes da obra como orçamento disponível, arquitetura e estética.
Os PITs, por serem uma estrutura de proteção, não possuem variações em sua capacidade de resistência, sendo que suas dimensões variam de acordo com as medidas do fossoMatheus Puttinati Casari
As portas industriais precisam atender a alguns requisitos técnicos e funcionais. O equipamento deve apresentar bom isolamento entre ambientes; vedação adequada do prédio; ser leve e fácil de operar; resistir às pressões do vento; apresentar segurança contra invasões; e ter acabamento e estética agradáveis. No entanto, determinadas características variam de acordo com o tipo de porta. “As portas frigoríficas, por exemplo, precisam ter capacidade de isolamento térmico, enquanto as portas rápidas requerem alta velocidade do ciclo de abertura e fechamento”, exemplifica Puttinati. Existem também requisitos de segurança que devem ser atendidos, como a presença de sistemas antiqueda, acabamento livre de cantos vivos e pontas cortantes, além de controle com grau de proteção IP 65.
É interessante que as portas industriais sejam adquiridas juntamente com o restante do sistema de docas, para facilitar a total interligação dos elementos, garantindo a segurança e funcionalidade de toda a doca. “É recomendável que as portas sejam interligadas aos niveladores de doca, oferecendo, assim, o melhor custo-benefício”, diz Felippe.
“As portas podem ser integradas aos demais elementos niveladores, de modo a formar um sistema de automação de intertravamento. Esse conjunto impede, por exemplo, que a niveladora seja acionada com a porta fechada ou que a porta feche durante o carregamento”, completa Puttinati.
DEMAIS COMPONENTES DO SISTEMA
Os abrigos de doca têm a função de isolar o espaço de carregamento e descarregamento do ambiente externo. O funcionamento do equipamento se baseia em uma estrutura com amortecedor interno com abas em PVC flexível, que formam uma pequena antecâmara onde o caminhão é acoplado. “Já as niveladoras são plataformas de carregamento articuladas que permitem o nivelamento entre o piso da doca e o caminhão. Podem ser manuais (com molas tração, mola-gás ou contrapeso) ou automatizadas (eletro-hidráulicas) e funcionam de modo a formar uma rampa entre a doca e o veículo”, ensina Puttinati.
Indicamos apenas manutenções preventivas a cada 12 meses para garantia do perfeito funcionamento da docaAmanda Felippe
Os PITs são estruturas de cantoneiras que servem para reforçar os fossos para niveladoras de docas embutidas. Esses equipamentos funcionam de modo a proteger as arestas e cantos vivos dos fossos, regiões que têm o maior acúmulo de tensões. São responsáveis por evitar o surgimento de trincas ou quebras de concreto nessas áreas. “Os PITs, por serem uma estrutura de proteção, não possuem variações em sua capacidade de resistência, sendo que suas dimensões variam de acordo com as medidas do fosso”, comenta Puttinati.
Já as niveladoras estão disponíveis em grande variedade de modelos, de forma a atender a uma enorme gama de necessidades logísticas. “Os principais equipamentos são de 6, 9 e 12 toneladas”, fala Puttinati. “No Brasil, utilizam-se, normalmente, niveladores 2,00 x 2,50 m com capacidade de carga de 60 kN”, complementa Felippe.
INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO
O primeiro passo do procedimento de instalação é a concretagem do fosso juntamente com o PIT (no caso de niveladoras embutidas). “Esse trabalho é realizado enquanto o galpão está sendo construído”, informa Puttinati. Com as docas e as paredes prontas, as niveladoras e as portas são instaladas. As niveladoras são entregues montadas, sendo necessária somente sua colocação no fosso por meio de empilhadeira ou munck, além da ligação do equipamento à energia elétrica. Já as portas precisam ser montadas no local, sendo que o processo começa com a fixação e nivelamento das guias. Logo após, é montado o fechamento, finalizando com a instalação do acionamento elétrico ou manual.
Todo o sistema, se adquirido de empresas com boa reputação no mercado, é durável e resistente. “Indicamos apenas manutenções preventivas a cada 12 meses para garantia do perfeito funcionamento da doca”, recomenda Felippe. Muitos fornecedores oferecem contratos para execução dos serviços de manutenções preventivas, com o objetivo de evitar paradas dos equipamentos devido ao desgaste excessivo. Assim, dificilmente as intervenções corretivas precisarão ser realizadas.
AUTOMAÇÃO
A busca por automação dos sistemas de docas é crescente, devido à maior preocupação com a segurança do trabalho, ergonomia e otimização dos processos. “Dentre as soluções de automação mais procuradas estão os sistemas de intertravamento entre portas e niveladoras, sistemas de semáforos e cunhas de roda com sensores de presença e o acionamento de portas por sensores (controle remoto, sensor indutivo e sensor de presença)”, finaliza Puttinati.
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Colaboração técnica
- Amanda Felippe – Engenheira Civil. Ocupa o cargo de analista comercial e técnica da Hörmann Brasil.
- Matheus Puttinati Casari – Engenheiro mecânico pela Escola de Engenharia de Piracicaba e mestre em projetos pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atualmente é coordenador de engenharia e suprimentos da Kopron do Brasil.