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Sistema de drenagem de túneis requer manutenção

Especialista da Ecovias explica procedimentos necessários para evitar gotejamento dentro de túneis

Publicado em: 20/04/2016Atualizado em: 25/04/2016

Texto: Redação PE

Redação PE

Você sabia que o gotejamento dentro de túneis é o principal indício de mau funcionamento do sistema de drenos de água? De acordo com o engenheiro Giuliano Scagion Gazabim, da Concessionária Ecovias, o sistema de drenagem em túneis requer atenção contínua para evitar que a água infiltrada pelo maciço atinja pistas de rolamento. Em palestra realizada durante a Brazil Road Expo 2016, Giuliano explicou como funciona o programa de manutenção das drenagens nos túneis do sistema Anchieta/ Imigrantes.

“Esse sistema de drenagem é necessário devido ao fato de não existir impermeabilização na camada de revestimento”, conta o engenheiro. “A cada seis meses é feito um mapeamento para detecção das necessidades, uma vez em época de chuvas e outra em época seca. A intervenção para desobstrução precisa ser anual, em época seca, e tem como base a soma dos gotejamentos encontrados nos mapeamentos semestrais”, explica.

A Ecovias possui 176,80 quilômetros de concessão que incluem as rodovias SP-150, SP-160 e SP-055, com 201 Pontes e Viadutos, 61 Passarelas e 21 Túneis. A pista descendente da SP-160 (Sul), conhecida como pista nova da Rodovia dos Imigrantes, possui quatro túneis que somam 8,351 quilômetros. O projeto de drenagem superficial nos túneis dessa rodovia é feito em duas camadas de concreto, sendo a primeira no concreto projetado (de suporte e estabilização do maciço) e a segunda na camada de concreto moldado no local (sem função estrutural).

Giuliano explica que a drenagem foi projetada no extradorso da segunda camada de revestimento. Esse sistema conduziu as águas infiltradas para canaletas laterais. “Para complementar a operação, foram adicionadas canaletas de condução de águas infiltradas nas juntas de construção e trincas do revestimento”, diz. Os drenos utilizados são constituídos de tubos perfurados de duas polegadas, envoltos por tela de nylon, comprimento de seis metros e três graus de inclinação.

Sistema conta com drenagem por ruptura e canaleta

Na primeira metade do túnel TD-01 foi implantado um sistema de drenagem por ruptura e remoção do concreto da junta, com introdução da canaleta e recobrimento com argamassa de vedação. Na segunda metade do TD-01 e nos demais túneis TD-02 e TD-03, foram deixados recessos durante a concretagem do revestimento.

Os túneis possuem trincas com aberturas superiores a 0,4 milímetros, com ou sem infiltração de água, além daquelas com insurgência de água. De acordo com Giuliano, houve a necessidade de intervenções para serem implantadas canaletas meia cana. “O remanescente de trincas com aberturas inferiores a 0,4 milímetros ficou sem mapeamento e tratamento. Isso gerou potenciais pontos de infiltração”, explica.

Materiais obstruem os drenos

Quem passa pelos túneis e vê gotejamentos escorrendo pelas paredes não sabe o conjunto de causas que interferem na obstrução dos drenos e fazem a água vazar. Entupimentos criam pressão interna no sistema de drenagem que resultam em aparecimento de pontos de infiltração pelas laterais dos drenos e percolação de água para outras aberturas.

Entre algumas causas citadas por Giuliano está o hidróxido de cálcio. Ele protege a armadura contra a ferrugem e pode ser carreado pela água; o carbonato de cálcio, material sólido geralmente observado pelas manchas esbranquiçadas nas paredes dos túneis; colônia de ferro-bactéria que forma coágulos, impedindo ou dificultando o escoamento da água; água rica em ferro e magnésio em trechos dos túneis.

Equipamentos são essenciais para agilidade das manutenções

Manutenções do sistema de drenagem e limpeza das calhas normalmente acontecem com uma ou duas faixas interditadas, sem a interrupção total do tráfego de veículos. A pressão dos prazos exige agilidade e equipamentos são imprescindíveis nesse processo. As plataformas de trabalho aéreo, por exemplo, são normalmente utilizadas para elevar pessoas e cargas ao longo do trajeto onde é feita a desobstrução com jatos de água.

Por possibilitar total controle durante o trabalho em altura, plataformas facilitam a vida dos operadores em trabalhos como inspeção e limpeza das calhas e condutores de descida de água, vedação das juntas das calhas, remoção e substituição de peças danificadas.

Os caminhões-pipas também são aliados para limpeza da superfície de concreto, por meio do sistema de hidrojateamento, que limpa paredes, tetos e remove fungos e liquens aderidos. “Nesse processo também é feita a limpeza completa de restos de argamassa, concretos e outros materiais aderidos na recuperação das juntas, trincas e fissuras da estrutura”, observa Giuliano.

Para a desobstrução dos drenos com jateamento de água é feita a abertura de janelas de inspeção a 1,0 metro da cota do piso – trecho mais crítico, de acordo com Giuliano. Em seguida são executadas aberturas na abóbada e inserido o tubo lavador, uma bomba de alta pressão e, caso necessário, são abertas novas janelas, até que o dreno esteja desobstruído por completo.

 

Colaboraram para esta matéria

Giuliano Scagion Gazabim – da Concessionária Ecovias

Brazil Road Expo 2016