Sistema reúne dados de sustentabilidade de materiais de construção
Projeto desenvolvido por diversos centros de pesquisa brasileiros terá informações sobre desempenho ambiental de produtos e sistemas construtivos
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Na primeira versão da ferramenta, serão disponibilizados dados genéricos disponíveis no país relativos aos materiais mais usados nas edificações (Crédito: Fascinadora/Shutterstock.com)
Quantos quilos de gás carbônico são emitidos para a produção de um metro cúbico de concreto? Perguntas como essa são o foco do desenvolvimento do Sistema de Informação do Desempenho Ambiental da Construção (Sidac), com base na emissão de CO2 e consumo de energia na cadeia produtiva de materiais de construção.
Para detalhar o projeto, falam ao podcast do Portal AECweb a pesquisadora Fernanda Belizário, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), e Vanderley John, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e diretor do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS).
Na primeira versão da ferramenta, serão disponibilizados dados genéricos disponíveis no país relativos a materiais de construção como cimento, cal, agregados, concreto, argamassas, entre outros. “Selecionamos esses materiais porque compõem 95% da massa das edificações”, diz Belisário. Em etapa posterior, serão incluídos outros materiais, inclusive com dados específicos de fabricantes que queiram cadastrar suas informações no sistema. Além disso, será e ampliado o escopo para além dos atuais quesitos de emissão de CO2 e consumo de energia.
Vanderley John conta que o projeto é financiado pela comunidade europeia de apoio a países, visando o cumprimento do Acordo de Paris de redução do aquecimento global. “Estamos desenvolvendo o Sidac com foco na emissão de CO2, o principal problema ambiental, e no consumo de energia dos processos produtivos”, explica.
Os índices de emissão de gás carbônico não serão fixos, mas haverá faixas de variação. O concreto de 25 MPa, por exemplo, poderá ter de “x” a “y” quilos de CO2 por metro cúbico, dependendo do cimento e de quem é o fabricante. Apesar de simples, mas com mentalidade evolutiva, a ferramenta vai abranger dados “do berço ao portão” e, no futuro, deverá ser incorporada a fase de uso, com base no consumo de energia da edificação. “O Sidac fornecerá informação objetiva e quantificável para que, principalmente os arquitetos, ao tomarem decisões de projeto, possam quantificar o impacto em CO2 da edificação”, diz o professor.
Na prática, a ferramenta será uma grande base de dados. “Haverá uma interface para o cadastro dos fabricantes, sendo que o próprio sistema calcula e armazena os indicadores. Terá, também, uma interface de consulta aberta, além de uma calculadora de projetos. Ou seja, o profissional poderá consultar os indicadores de cada material e fazer os comparativos, como também inserir no sistema as quantidades de cada material e, assim, calcular os indicadores ambientais do seu projeto”, conta Belisário.
De acordo com John, o acesso à ferramenta será gratuito. “Devemos, agora, tratar da governança e financiamento, porque manter um sistema desse porte e conteúdo exigirá a atualização permanente dos dados e da tecnologia da informação”, comenta.