Soluções imprimem eficiência e economia à construção de habitações populares
PVC Concreto, Steel frame e Wood frame podem reduzir custos em até 10% em relação aos sistemas convencionais em prazos de execução seis vezes menores
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Divulgação_Construtora Sequência - Obras na Vila Dignidade, em Avaré (SP): primeira experiência da Construtora Sequência no uso do Steel frame em habitações populares
Na esteira do crescimento do mercado de habitações populares, métodos construtivos industrializados começam a ganhar terreno como alternativas para dar mais eficiência e qualidade à execução desses empreendimentos. São tecnologias como o PVC Concreto, o Steel Frame, o Wood Frame, entre outras, bastante disseminadas em países da Europa, Estados Unidos, Canadá e Japão, mas que apenas agora parecem estar ganhando o aval necessário para figurar nos canteiros de obra pelo Brasil.
Para construtoras e incorporadoras – sejam elas experientes ou que somente visualizaram oportunidades no segmento de moradias econômicas partir do lançamento de programas como o Minha Casa, Minha Vida (MCMV) – um dos desafios de atuar nesse mercado é fechar a conta, uma vez que as margens de lucro são enxutas. “É uma característica típica desse mercado e que não pode ser evitada. A melhor estratégia para conviver com ela é aumentar a previsibilidade de todo o processo de produção”, diz o engenheiro Luis Carlos Bonin, professor do departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Segundo Bonin, o emprego das tecnologias industrializadas por parte das construtoras é um primeiro passo na direção da substituição de práticas construtivas artesanais e de difícil controle por métodos mais racionalizados e de montagem simplificada no canteiro de obras. Além da maior previsibilidade, a grande vantagem que ele vê nas novas tecnologias é a capacidade destas de impulsionar uma contínua transformação no processo de construção.
“É difícil antecipar o futuro imediato da tecnologia de construção voltada para habitações populares. Se programas como o MCMV tiverem continuidade, é grande a chance de novos kits racionalizados entrarem no mercado. Pode ser viabilizada também uma maior diferenciação dos subsistemas de construção, com soluções específicas desenvolvidas para estrutura e vedação exterior (cobertura e fachada) e para compartimentação interior e instalações”, projeta Bonin.
Presidente da Associação Brasileira de Cohabs e Agentes Públicos de Habitação (ABC), Mounir Chaowiche também vê como positiva a inserção de novas técnicas construtivas no segmento popular. “Somente no MCMV a meta é entregar 2,4 milhões de moradias até 2014. É um volume considerável e sem soluções capazes dar mais agilidade à execução dos empreendimentos. Será difícil cumprir esse objetivo, ainda mais com as dificuldades atuais de carência de mão de obra”, comenta.
Outro ponto importante, ressalta Mounir, é o fato dos métodos alternativos resultarem em menor produção de resíduos nos canteiros. “São soluções muito mais limpas e racionais. Por isso, são aliadas no atendimento a requisitos de sustentabilidade”.
Tecnologias alternativas de construção
PVC Concreto
Divulgação_LP Brasil - Casas construídas pela Royal do Brasil Technologies para a CDHU em São Luiz do Paraitinga (SP)
O sistema, explica o arquiteto Tiago Ferrari, da Royal do Brasil Technologies, consiste em fôrmas de PVC rígido coextrusadas, que são montadas por meio de encaixes macho-fêmea. “Após montados, os perfis recebem as instalações elétrica e hidráulica, alguns reforços em aço e são preenchidas com concreto. As fôrmas ficam incorporadas após a concretagem, assim, temos uma parede de concreto revestida com PVC.”
Como o PVC utilizado é resistente à ação do sol e de intempéries, a parede dispensa acabamentos, como pintura e texturas. O método, garante o arquiteto, é indicado para todos os tipos de edificações, de casas populares a prédios de cinco pavimentos. No Brasil, já existem cerca de 2,5 mil unidades construídas, a maior parte no Rio Grande do Sul.
Vantagens
- Para o construtor, alta produtividade, redução de mão de obra e custo competitivo.
- Redução de patologias com eliminação de manchas de umidade, mofo e rachaduras.
- Custos menores relativos à manutenção do imóvel, porque o material dispensa acabamentos.
Custo-benefício
Tiago Ferrari informa que o valor do metro quadrado varia entre R$ 650 e R$ 750 (sem contar o valor de BDI - Benefícios e Despesas Indiretas), que tem relação com a escala de aplicação do produto em obra. O índice de produtividade também acompanha o número de unidades projetadas: “Uma casa isolada, padrão popular de aproximadamente 42 m2, pode ser construída em sete, oito dias. No entanto, se construída em série, atingimos índices de uma ou duas casas/dia, manejando as equipes de montagem”, diz o profissional da Royal do Brasil Technologies, uma das pioneiras na implantação do PVC Concreto no país.
Qualidade: Diretriz Sinat nº 004.
Wood frame
Divulgação_Rede-iVerde - Residencial Haragano, em Pelotas (RS): mais de 260 moradias foram construídas com Wood frame
A tecnologia é composta por estruturas de perfis leves de madeira (geralmente pinus) reforçados nas duas faces com chapas estruturais de madeira transformada tipo OSB (Oriented Strand Board). Na face externa são afixadas placas cimentícias, que podem receber diferentes tipos de revestimento. Além das paredes, lajes e coberturas são produzidas em fábrica. “Todos os elementos recebem isolamento térmico e acústico integral”, afirma Lucas Maceno, sócio-diretor da Rede iVerde (formada pelas empresas Tecverde Engenharia e Construtora Roberto Ferreira, com o objetivo de disseminar a tecnologia no Brasil).
Vantagens
- Rapidez e controle de gastos na construção: os componentes são industrializados.
- Perfis fabricados em madeira reflorestada e tratada.
- Desempenho termoacústico: segundo Lucas Maceno, o sistema tem eficiência duas vezes maior do que o de uma casa construída com métodos convencionais.
Custo-benefício
O sistema construtivo permite alcançar custos em torno de 5 a 10% abaixo dos sistemas convencionais e prazos de execução seis vezes menores. “Esses números têm sido comprovados no residencial Haragano, em Pelotas (RS), onde já foram finalizadas mais de 260 unidades”, afirma o sócio-diretor da Rede iVerde.
Qualidade: Diretriz Sinat nº 005.
Steel frame
A estrutura da edificação é feita com perfis leves de aço galvanizado conformados a frio (a espessura varia de 0,80 mm a 1,25 mm). Nela são afixados componentes de revestimento, geralmente placas cimentícias, gesso acartonado ou chapas de madeira tipo OSB. “Qualquer tipo de construção pode ser feita com Steel frame. A grande vantagem do sistema para habitações econômicas, onde temos muitas repetições, é que com ele conseguimos trabalhar em escala, o que traz economia”, diz o engenheiro Alexandre Mariutti, diretor da Construtora Sequência, especializada no sistema.
Vantagens
- Diversidade de opções de acabamento.
- Perfis em aço galvanizado são leves e têm resistência comprovada.
- Diminuição do desperdício: elementos construtivos chegam prontos ao canteiro de obras.
Custo-benefício
O preço de uma casa estruturada em Steel frame, esclarece Mariutti, está diretamente relacionado ao acabamento escolhido. O sistema é competitivo principalmente quando há volume de produção. O mesmo ocorre com o prazo de execução: “Em larga escala, conseguimos entregar uma casa a cada quatro dias”.
Qualidade: Diretriz Sinat nº 003.
O Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (Sinat) foi criado em 2007 dentro do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), ligado ao Ministério das Cidades. Sua proposta: suprir, provisoriamente, as lacunas deixadas pela falta de normas e referenciais técnicos para novos sistemas utilizados na Construção Civil. Diversas inovações voltadas para o segmento de habitações populares receberam a chancela do Sinat nos últimos anos. Para mais informações, acesse: http://www.cidades.gov.br/pbqp-h/projetos_sinat.php