Tecnologia alavanca crescimento do setor
Mercado brasileiro produz lâmpadas, reatores, componentes e fios com alta tecnologia e ótimo design
Prêmio Prêmio Abilux 2009, Residência. Autor: Airton José Pimenta
Permeado por elevada competitividade industrial, o setor de iluminação responde pela geração, estável nos últimos cinco anos, de cerca de 55 mil empregos, 55% dos quais voltados à produção estimada em 1,4 bilhão de peças-ano. Predominam empresas de micro e pequeno porte, 87,5% sediadas na região metropolitana de São Paulo. “É um mercado que chegou a crescer 6% no ano passado. Este ano, estimamos um crescimento entre 3% e 4%”, calcula Carlos Eduardo Uchoa Fagundes, presidente da Abilux - Associação Brasileira da Indústria da Iluminação.
Entretanto, a Copa em 2014 e as Olimpíadas alimentam as expectativas de crescimento setorial maior. Para Fagundes, existem outros fatores a concorrer para a expansão do mercado como a inovação tecnológica, a crescente conscientização em relação à conservação de energia e o fato de que as moradias populares começam a ser produzidas com sistema completo de iluminação.
A propósito, a Abilux e a CDHU – Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo - assinaram acordo setorial com objetivo de melhorar a qualidade da iluminação das habitações empreendidas pela empresa, no que diz respeito a luminárias de uso residencial e condominial fabricadas por indústrias representadas pela associação. “O acordo é fundamental para que as moradias sejam entregues equipadas com sistema de iluminação adequado e em conformidade com normas técnicas vigentes, que garantem baixo consumo de energia e segurança, aliadas à qualidade, bem estar e preços competitivos”, explica Uchoa Fagundes.
Prêmio Abilux 2009, Corporativo. Autores: Rodrigo Salerno e Rodrigo Jardim (luminotécnico), Carlos Rossi (acompanhamento)
Para ele, milhares de moradores de baixa renda serão beneficiados, já que passarão a contar com equipamentos eficientes que foram especialmente desenvolvidos para atender às necessidades dos ambientes projetados. A Abilux, em conjunto com as empresas que representa, criou um Programa Setorial da Qualidade (PSQ). Conforme estudos em andamento, o programa definirá padrões de qualidade para os produtos e serviços a serem fornecidos. Em seguida, o PSQ deverá ser aprovado pelo comitê do Qualihab e os fornecedores terão um período para adequação, revela o presidente da Associação.
INFLUÊNCIAS
O mercado da iluminação está sujeito a influências econômicas internacionais com nuances adversas. A Abilux conseguiu fazer com que o Brasil se tornasse um dos pólos mundiais da indústria de iluminação, concentrando aqui a produção das fábricas fechadas em vários países latino-americanos. Esta realidade, contudo, foi alterada a partir do momento em que as indústrias no Brasil não conseguiram escala de produção para alimentar a América Latina, levando empresas a transferirem suas operações daqui para outros países como, por exemplo, a China e mesmo a Hungria, explica o presidente da associação.
O mercado brasileiro tem à disposição tecnologias semelhantes às encontradas no exterior. As fábricas que aqui estão produzem lâmpadas, reatores, componentes e fios. A própria manufatura e o design brasileiro são muito bons, na avaliação de Uchôa Fagundes.
As lâmpadas de sódio começam a ser substituídas na iluminação de vias públicas brasileiras. Os LEDs desenvolvem-se rapidamente em eficiência e gradativamente em preço e, junto com eles, desenvolvem-se luminárias de alto rendimento, revela o presidente. “Além disso, com os LEDs há novos desenvolvimentos em lâmpadas fluorescentes compactas e tubulares, além de lâmpadas a vapor metálico em cápsula cerâmica. Para todas as novas fontes de luz estão sendo desenvolvidos novos reatores e luminárias com design avançado”, diz e continua: “A indústria de iluminação pública é muito boa e está bem qualificada. O que é ruim no Brasil é a política de iluminação pública, inclusive em São Paulo”, afirma.
Prêmio Abilux, Hotéis. Autor: Luciana Costantin e Paula Carnelós
TECNOLOGIAS
A iluminação começa pela lâmpada que tem uma história de grande evolução, considera o presidente da Abilux. E vai além. “A própria lâmpada incandescente tem tido uma boa evolução tecnológica, melhorou e se tornou bem mais eficiente. Na parte das fluorescentes, o desenvolvimento foi grande, assim como as tubulares que evoluíram até as atuais, mais econômicas e eficientes, consumindo muito menos mercúrio. Já as fluorescentes compactas, além de se tornarem ainda mais compactas, tiveram o reator incorporado. Agora, começamos a introduzir os LEDs no mercado, que é um diodo emissor de luz. A evolução está no aumento de vida útil do LED para até 100 mil horas. A relação lumens/watt ainda não é muito significativa, mas será com certeza”, acredita ele.
Já começa a despontar, principalmente no Japão, uma outra tecnologia que é o OLED – o LED orgânico – também denominado de White Organ LED (WOLED). Há muita expectativa por esse fantástico desenvolvimento na área de iluminação. Trata-se de uma molécula de carbono e hidrogênio que, combinadas se compõem e formam uma molécula emissora de luz. É possível dispor dessa molécula de várias formas, como fazer um tecido, uma tinta, um papel - tudo iluminado. “Então, poderão ser feitas roupas, uma luminária de papel ou pintar a janela da casa, tudo iluminado pelo OLED. O sistema funciona a partir de uma fonte de energia, que pode ser elétrica ou fotovoltaica”, comenta o presidente da Abilux.
Há uma outra tecnologia, concomitante com as lâmpadas, que também evoluiu. São os reatores eletrônicos que substituíram os eletromagnéticos, resultando em grande economia de mais de 40% de energia e maior durabilidade. Desponta no mercado uma série de matérias primas desenvolvidas para a confecção das luminárias, como o alumínio de altíssimo brilho dotado de elevada eficiência de refletância. “A filosofia é se ter o conjunto todo muito eficiente, desde a lâmpada de última geração aos soquetes, fios, refletores, parabólicas até as luminárias. Mas é preciso ter um projeto luminotécnico perfeito para tirar proveito de todo esse desenvolvimento”, recomenda Uchoa.
Prêmio Abilux 2009, Bares e Restaurantes. Autor: Daniela Turchetti Conte Magalhães
FUTURO DO LED
Com o aumento da produção, o preço dos LEDs vem caindo, projetando níveis de preço razoáveis para o futuro próximo. Conforme Uchoa Fagundes, hoje, em algumas aplicações já é econômico usar a tecnologia que está gerando 50 ou 60 lumens/watt, o que representa vantagem se comparado com uma lâmpada incandescente comum que fornece algo em torno de 15 lumens/watt. A fluorescente rende de 60 a 80 lumens/watt e o LED pode chegar a até 150, “dependendo do desenvolvimento porque ele é muito sensível à corrente e emite muito calor”. Portanto, os materiais que são usados com ele têm que ser bons dispersores de calor. Hoje, são usados fios de ouro na sua produção, por exemplo. “Se não tiver como dispersar o calor, ele queima. É essa tecnologia que o torna caro”, acrescenta.
“Hoje já existem os reatores para retificadores de voltagem e de corrente, fazendo com que o LED trabalhe num limite muito estreito de alimentação elétrica, reduzindo a variação de calor. O LED tem muitas vantagens, a começar pelo fato de ser muito pequeno - é a metade de um grão de arroz – o que permite fazer muitas coisas. Muda o conceito de iluminação. Pode se apresentar em várias cores e já é usado em semáforos, por exemplo. Outra vantagem é que, como ele é um diodo, portanto, uma peça física e sólida, não tem nenhum componente que se quebre. E sua vida útil pode chegar a até 100 mil horas, o que é interessante para locais de difícil acesso como um farol marítimo numa ilha no oceano, ou no alto de um prédio. E, ainda, como dissemos acima, é mais eficiente que as incandescentes”, explica o presidente da Abilux.
Prêmio Abilux 2009, Vias Públicas. Autor: Peter Gasper Associados
REALIDADES INTERNACIONAIS
As lâmpadas incandescentes foram banidas dos mercados europeu e norte-americano, sob a justificativa de que são grandes consumidoras de energia, na medida em que produzem cerca de 15 lumens/watt. Uchoa Fagundes constata que a Europa enfrenta sérios problemas de geração de energia, basicamente fóssil (carvão ou petróleo) comprometendo o meio ambiente. “Como a iluminação responde por 25% do consumo de energia, os europeus decidiram proibir a fabricação dessa lâmpada e substituí-la pela fluorescente que, embora mais cara, está de acordo com o maior poder aquisitivo local”, diz o presidente. “Só que não levam em conta que essa lâmpada mais eficiente contém mercúrio, o que exige todo um trabalho de logística reversa para recolher e reciclar as fluorescentes”, alerta.
No Brasil, a lâmpada incandescente passou por melhorias tecnológicas e tem um custo muito baixo – chega a custar 10 vezes menos que a fluorescente. “Para um país pobre como o nosso, esse custo baixo é importante. Por outro lado, é uma lâmpada que não possui elementos de poluição na sua confecção. Além disso, a incandescente apresenta vantagens para certas aplicações, como em banheiros onde há uma grande freqüência de uso (acende/apaga), ou numa geladeira”, observa.
O movimento no exterior repercutiu aqui. E negativamente. “Quando houve o ‘apagão’, em 2001, o Brasil estava produzindo 2 milhões de lâmpadas fluorescentes por ano. Mas, era insuficiente, precisávamos de 10 a 15 milhões/ano. Fomos ao governo pedir incentivos, como isenção de impostos para importação de componentes, e o governo não deu. Começou a entrar o produto importado e a produção nacional basicamente artesanal cessou, pois não dava para competir. Hoje o mercado já é de 150 milhões/ano de fluorescentes compactas importadas, que substituíram o consumo de incandescentes: chegamos a fabricar 400 milhões de lâmpadas/ano e, hoje, estamos em torno de 250 milhões/ano – queda de quase 50%”, diz Fagundes.
Prêmio Abilux 2009, Especial (Túnel 9 de Julho). Autor: Departamento Técnico da Trópico
PRÊMIO ABILUX
A Abilux instituiu o ‘Prêmio Projeto de Iluminação’ para reconhecer o trabalho de projetistas de iluminação, arquitetos, engenheiros elétricos e indústrias que desenvolvem projetos luminotécnicos inovadores que cumprem normas técnicas, oferecem conforto, segurança e conservam energia.
Em sua IV edição este ano, o prêmio contou com a participação de 90 projetos. Houve um crescimento de 35% se comparado a edição anterior. Foi do Estado de São Paulo o maior número de projetos (43). Em segundo lugar, com 26, ficou o Rio de Janeiro seguido de Santa Catarina (13), Pernambuco (5), Minas Gerais (2) e Pará (1).
Distribuição geográfica das indústrias do setor:
58% das indústrias estão localizadas na Grande São Paulo
17% no Interior do Estado de São Paulo
25% restantes nos Estados: RGS, SC, PR, RJ, MG, BA, PE
Áreas de atuação:
23% iluminação residencial
18% iluminação comercial
13% iluminação industrial
8% iluminação pública, luminotécnica e reatores
6% componentes e outros
4% lâmpadas
3% cênica
3% publicitária
Fonte: Abilux
Redação AECweb