Tecnologias adicionam assertividade aos testes de estanqueidade
Simples e de amplo domínio, ensaio serve para assegurar que não há vazamentos ou infiltrações após a execução da impermeabilização
O objetivo do teste é localizar possíveis falhas na impermeabilização (Foto: Aisyaqilumaranas/Shutterstock)
O teste de estanqueidade é uma das etapas mais importantes na execução de uma impermeabilização. Descrito na ABNT NBR 9574/2008, ele acontece com a inserção de água limpa sobre a superfície recém-impermeabilizada por ao menos 72 horas. O objetivo é encontrar falhas na execução do sistema antes de prosseguir com a finalização da obra. Vale lembrar que quanto mais tarde for a identificação de eventuais falhas de impermeabilização, mais trabalhosos e custosos tendem a ser os reparos.
Em lajes planas é recomendável a manutenção de uma lâmina de água de 5 a 10 cm, enquanto os locais de armazenamento, como piscinas, reservatórios e jardineiras, devem ser testados cheiosIrene Joffily
“Em lajes planas é recomendável a manutenção de uma lâmina de água de 5 a 10 cm, enquanto os locais de armazenamento, como piscinas, reservatórios e jardineiras, devem ser testados cheios”, explica a engenheira Irene Joffily, sócia-diretora da Virtus Soluções.
Passadas as 72 horas do ensaio, uma análise é realizada para constatar se o nível de água não baixou consideravelmente. Caso haja qualquer indício de infiltração, a correção do problema deverá ser providenciada e um novo teste precisará ser realizado. Só então a área poderá ser liberada para aplicação de revestimento.
NOVAS TECNOLOGIAS DE APOIO
Nos últimos anos, novos métodos surgiram para complementar e dar mais precisão à verificação da estanqueidade de impermeabilizações. Entre eles há o teste Holiday Detector (arco voltaico), que permite encontrar furos em impermeabilizações não condutoras de eletricidade. Esse ensaio não destrutivo deve ser realizado diretamente sobre a camada impermeabilizante e com a superfície seca. O equipamento identifica fuga de corrente pelas descontinuidades (falhas), emitindo uma faísca e um sinal sonoro para alertar o operador.
Há, também, o ensaio de campo elétrico, que pode ser realizado diretamente sobre a impermeabilização ou proteção mecânica, desde que se tenha uma impermeabilização não condutora.
TERMOGRAFIA INFRAVERMELHA
Outra técnica indicada para detectar infiltrações e falhas na camada impermeabilizante é a análise por termografia infravermelha. O ensaio começa com a retirada de toda a água do teste de estanqueidade. Na sequência, a camada impermeabilizante é seca e submetida à análise de uma câmara termográfica. A imagem capturada distingue a temperatura na superfície em função da radiação de calor emitida. Dessa forma, locais com infiltração aparecem mais azulados (menor temperatura) que o restante da superfície.
Irene Joffily explica que um desafio desse ensaio é o intervalo de tempo para fazer a termografia, após a retirada da água. “É importante garantir que ainda exista diferença de temperatura entre o local com falha e o restante da área seca. Isso porque, uma vez que toda a superfície aquece, atingindo a mesma temperatura, a termografia não consegue identificar o local com possível falha”, explica a engenheira.
ATENÇÃO A FALHAS DE EXECUÇÃO COMUNS
Quanto mais espesso for o elemento estrutural em concreto armado, mais tempo a água precisa para atravessar a falha da impermeabilização e se manifestar do outro lado da estruturaIrene Joffily
Todo e qualquer teste de impermeabilização deve ser realizado pela empresa que realizou a impermeabilização que precisa ter competência comprovada. Vale lembrar que alguns erros durante a execução dos testes podem colocar a perder a efetividade do ensaio.
Joffily conta que um equívoco comum é realizar o tamponamento dos ralos com um pedaço de manta asfáltica. Outro ponto que merece atenção da equipe de execução é o tempo de duração do ensaio. “Quanto mais espesso for o elemento estrutural em concreto armado, mais tempo a água precisa para atravessar a falha da impermeabilização e se manifestar do outro lado da estrutura. Portanto, nesses casos, a recomendação é ampliar o prazo de realização do teste de 72 horas para 7 ou até 15 dias”, finaliza a engenheira.
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Colaboração técnica
- Irene Joffily — Engenheira civil, mestre em estruturas e construção civil pela Universidade de Brasília. Especialista em impermeabilização pelo IDD, é professora em cursos de graduação e pós-graduação. Também é sócia-diretora da Virtus Soluções, empresa que atua no desenvolvimento de projetos, consultorias, fiscalização e acompanhamento de obras de impermeabilização e climatização.