Textura de aço corten reproduz as aparências do metal
Primer, massa e reagentes aplicados de maneira personalizada em paredes e objetos resultam nas mais variadas etapas de vida do aço patinável, em tonalidades e aspectos
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Mais realista do que a pintura, a textura resulta num efeito visual e tátil, além de proteger paredes internas e externas (Arquivo: Textura aço corten – Textura & Cia)
Acabamentos com aspecto de aço corten marcam presença em fachadas, destacam paredes de ambientes internos, compõem painéis e objetos decorativos. “A proposta tem sua origem nas antigas ferrovias e foi ganhando espaço na arquitetura, por conta da dificuldade do acesso e do custo do uso da chapa”, comenta Ângela Ferraz, designer de Produto da Textura & Cia.
Apresentadas na forma de massa, as texturas conferem maior espessura ao acabamento e, também, alteram o relevo existente, caracterizando um aspecto mais rústicoOsiel Alves Pereira
Há duas possibilidades de obtenção desse tipo de acabamento: as tintas com aparência do metal e as texturas. “Apresentadas na forma de massa, as texturas conferem maior espessura ao acabamento e, também, alteram o relevo existente, caracterizando um aspecto mais rústico”, explica o químico industrial Osiel Alves Pereira, diretor de Produção da Terracor.
Mais realista do que a pintura, a textura resulta num efeito visual e tátil, além de proteger paredes internas e externas. “Desenvolvemos uma infinidade de cores e texturas do aço corten, que permite chegar a uma corrosão que vai da ferrugem inicial até o estado de decomposição do metal”, conta Ferraz. O processo envolve a unificação de massa e reagentes, combinado com as inúmeras formas de aplicação. Ela diz que é possível, por exemplo, criar uma parede com um efeito único, dando a impressão de uma gigantesca placa, como também frisar a superfície através de uma medida pré-determinada, remetendo a chapas parafusadas.
Aplicação da Terracor
De acordo com Pereira, existem diversos tipos de texturas no mercado, além do aço corten, com destaque para aquelas com os aspectos de pedra; veludo; caiação; cimento queimado; granito apicoado; envelhecida, entre outras. “Algumas massas são aplicadas com desempenadeira, outras não têm reagentes, mas quase sempre usam a mesma sequência de aplicação”, diz ele. As texturas são compostas por primer, massa e reagente. A fórmula é constituída de água, resina acrílica, cargas minerais e aditivos.
Com rolo, é feita a aplicação do primer. Logo após a secagem, é aplicada a massa com trincha grande ou rastelo e, a seguir, o reagente utilizando as mesmas ferramentas. O diretor explica que também é possível aplicar utilizando máquinas para projeção da massa, usando rolo com desenhos em relevo. “Isto resulta em efeito estético diferente dos nossos produtos”, comenta e detalha os rendimentos de cada material:
Material | área x litros | área x litros |
Primer | 90 m² / lata 18 litros | 19 m² / galão de 3,6 litros |
Massa | 51 m² / lata 18 litros | 10 m² / galão de 3,6 litros |
Reagente | 120 m² / lata 18 litros | 24 m² / galão de 3,6 litros |
Aplicação da Textura & Cia
Ângela Ferraz comenta que cada linha de textura da empresa conta com um kit próprio. No caso do aço corten, ele corresponde a um galão de 5 kg de Primer Premium; um balde de 30 kg de massa corten; um pote de 1 kg de reagente Óxido na cor Laranja Corten; e um pote de 1 kg de reagente Óxido em tom Cinza Corten. Esse kit permite fazer entre 15 e 18 m² do efeito corten. “A utilização efetiva do kit vai de acordo com a proposta, se desejo um resultado alinhado, sem relevo, posso usar o Primer Premium e sobre ele utilizar os reagentes. No entanto, se a proposta for garantir maior proteção à parede e criar o aspecto áspero da ferrugem, o uso da massa é primordial”, diz ela.
Para a aplicação da textura, são necessárias as ferramentas: desempenadeira de aço inox; espátula de aço; espátula plástica; trinchas; fita crepe; duas esponjas; rolo de nylon de 5 cm largura; pano limpo; borrifador com água potável; galão Primer Premium cor tabaco; balde corten cor marrom corten; pote reagente óxido cor cinza corten; pote reagente óxido cor laranja corten.
Antes de iniciar a aplicação, é preciso verificar se a parede não apresenta nenhuma deficiência, como bolhas, partículas soltas ou mal aferidas, umidade, mofo/bolor ou sujeiraÂngela Ferraz
“Antes de iniciar a aplicação, é preciso verificar se a parede não apresenta nenhuma deficiência, como bolhas, partículas soltas ou mal aferidas, umidade, mofo/bolor ou sujeira”, orienta a designer de Produto. É interessante proteger o piso com forração, e usar fita crepe nas molduras, paredes laterais, portas, janelas e rodapés. O primer acrílico deve ser diluído na proporção de 3% de água potável e bem misturado, mantendo a mesma diluição em todos os lotes. O rolo de lã é mergulhado na mistura e, depois de removido o excesso, é pressionado na parede de cima para baixo em movimentos verticais ou horizontais – o que não influencia no resultado final, por se tratar de um fundo. A cura leva cerca de 4 horas.
Utilizando a desempenadeira de aço, isenta de ferrugem, a distribuição da massa na parede deve ser iniciada num canto superior, pressionando e deslizando a ferramenta. “Há a opção de remover as rebarbas com a desempenadeira de PVC. Mas, para dar um ar ainda mais óxido, a sugestão é que deixe com rebarbas. Após distribuir a massa por igual, com espessura de 1,2 mm, a fita crepe deve ser removida e secar por 24 horas”, explica.
A aplicação do reagente corten vai tornar o resultado muito particular, o que depende do profissional que executa a tarefa. “Por isso, apresentamos uma das diversas formas de aplicação do efeito corten: pincelar uma camada do reagente laranja corten sobre a superfície texturizada. Sobre ela, distribuir o reagente com trincha, borrifar água potável e espalhar. Essa movimentação fará com que o laranja fique mais carregado em alguns pontos da parede, e menos em outros. O objetivo é que o fundo na cor marrom também apareça”, ensina.
Para cada 2 m² aplicados do reagente cor laranja corten, deve ser iniciada a sobreposição do reagente cor cinza, espatulando aleatoriamente com a espátula plástica flexível. Depois, com uma esponja limpa e levemente úmida, é preciso esfumar entre o reagente cor cinza e o laranja, de forma a criar uma terceira cor. “Com o rolo de nylon próprio para texturização, criaremos a ferrugem, pressionando sutilmente o rolo sobre a cor laranja em pontos aleatórios. Depois de 12 h está seco e pronto”, afirma.
Quem aplica
Ferraz assegura que a aplicação é simples, prática e muito rápida. “Com a facilidade da informação e vídeos de tutoriais, é possível criar com tranquilidade. Além disso, a execução pode se tornar uma terapia e, de repente, um despertar para mais uma profissão”, diz. Porém, concorda com Pereira que o ideal é sempre contratar um profissional para realizar a aplicação. “Normalmente, indicamos mão de obra treinada, já cadastrada nos nossos representantes. Outra opção é o treinamento realizado na fábrica para pintores com alguma experiência”, recomenda o diretor.
As texturas podem ser aplicadas em diversos tipos de superfícies, seja a partir do reboco desempenado fino curado, conforme norma ABNT, como também sobre superfícies com massa fina, massa PVA (corrida), massa acrílica, massa niveladora, drywall, gesso e repintura, entre outros. “Essa é uma solução de acabamento prática e econômica, até mesmo por se tratar de produtos acrílicos, hidrorrepelentes e anti-mofo. A hidrorrepelência detém a água, impedindo sua passagem do ambiente para dentro da parede, evitando infiltrações. Já o microbicida inibe a ação de fungos e algas”, complementa Ferraz.
Veja, passo a passo, como é feita a aplicação de massa corrida
E mais: Como fazer texturas de paredes?
Colaboração técnica
- Ângela Ferraz – É graduada em Administração de Empresas e pós-graduada em Gestão de Negócios pela Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul). Com formação em Designer de Moda pela Escola Panamericana de Artes e autodidata em artes plásticas. Atua como designer de Produtos da empresa Textura & Cia desde 2004, no segmento da construção civil, em especial no desenvolvimento de produtos e técnicas de aplicação de texturas. Responde, também pelas apresentações, workshops e capacitação de profissionais da área da pintura.
- Osiel Alves Pereira – É formado em química industrial, com 33 anos de experiência em formulação de tintas, texturas e correlatos. Iniciou a Terracor em 1993, em sociedade com o arquiteto Leo Laniado. Atua no desenvolvimento dos produtos e, entre os atuais, há três patenteados.