Transporte de equipamentos requer logística bem elaborada
Utilizar carreta própria nem sempre é a melhor solução. O desafio é encontrar quem faça fretes rápidos
Transportar máquina é um trabalho desgastante, especialmente quando o contratante não quer assumir os custos com o transporte. Isso motivou algumas locadoras a adquirir carretas para deslocar por conta própria os equipamentos até o local de trabalho. O problema é que há custos operacionais para essa carreta. Em situações de boa demanda de trabalho, não é possível atender a várias saídas simultâneas e isso obriga prestadores de serviço a contratar transporte adicional.
“Arcar com despesas de uma ou mais carretas quando a frota é composta por poucas máquinas, não compensa, pois ela ficará boa parte do tempo ociosa e gerará custos”, observa Waldemir Rodrigues de Oliveira, diretor da Transtati Transporte de Máquinas e Equipamentos. “É preciso analisar a viabilidade para manter uma estrutura de prancha, reboque e até escolta, já que não existe um tipo de carreta que transporte todos os tamanhos de máquinas, ou seja, cada porte exige dimensões específicas”, complementa.
Waldemir possui também uma empresa de locação, a Laimaq, e explica que os locadores que adquiriram carreta própria não queriam depender exclusivamente do transporte terceirizado. Como grande parte das transportadoras trabalha com frete para longas distâncias, eles relatam sobre a dificuldade para conseguir quem faça fretes rápidos ou supra as necessidades emergenciais, como por exemplo, a substituição às pressas de um equipamento no canteiro.
Mesmo o locador que opte por transporte próprio, geralmente acaba terceirizando quando precisa de locomoção para equipamentos grandes e, principalmente para longas distâncias. Entre 100 a 150 quilômetros, no máximo, locadores costumam utilizar carreta própria a fim de evitar atrasos decorrentes da indisponibilidade imediata de frete. Transportadoras não têm preços atraentes para mobilização a curta distância”, explica o diretor comercial da Flecha de Prata Logística, Jhon Ferrazza.
De acordo com ele, nessa alternativa de curta distância, locadores conseguem obter redução nos custos. Eles não gastam com operadores especializados em carreta prancha de três e quatro eixos, combustível, pneus, manutenção, valor de reboque e semirreboque (que deve ter potência maior devido às distâncias), estrutura administrativa com filial em outras cidades e estados, investimento em segurança, entre outros fatores.
Legislação pesada nas rodovias
As regras para a circulação de cargas pesadas variam de acordo com as legislações de cada cidade ou estado. Muitas vezes, existe uma determinação diferente para se transportar máquina. “São exigidas autorizações distintas”, enfatiza Jhon.
Os cuidados na logística merecem atenção tanto de quem transporta como do contratante. “Além dos horários, que hoje são uma condição agravante para quem trabalha com essa mobilização na grande São Paulo, para se transportar é exigido conhecimento e habilidade específica, que em nada tem a ver com terraplenagem”, ressalta Waldemir, da Transtati. “A empresa contratante verifica se a transportadora utiliza carreta adequada para a mobilidade do seu equipamento, por isso devem ser especificadas as dimensões, o peso da carga, a capacidade da carreta etc”.
Seguro específico para o transporte de cargas
Quando se chega a uma cidade para passear e a opção é o aluguel de um carro, normalmente, um pacote com seguro será bem mais caro. No caso do transporte de equipamentos, o seguro já vem cobrado na contratação do frete e o risco de locomoção é do transportador, porque o seguro do equipamento não cobre mobilização e desmobilização.
“Aqui no Brasil as pessoas têm receio de cobrar por isso”, enfatiza o diretor da Monteli Seguros, Luiz Carlos Monteli. “Todo acidente que um funcionário causa a terceiros ele responde criminalmente, mas civilmente quem sofre processos é o proprietário do bem. Se fizer o seguro da empresa, por exemplo, estará mais preparado para enfrentar essas situações”, explica.
Monteli informa que já viu falência de empresas transportadoras com a concepção de que investir no seguro de toda a frota. O valor arcado é muito alto, o equivalente a adquirir mais um equipamento. “Na verdade, a empresa acaba não comprando e nem fazendo seguro. Quando acontece algum sinistro, os prejuízos são astronômicos”, diz.
Para Jhon, da Flecha de Prata Logística, não basta apenas contratar seguro. É importante ter gerenciamento de risco eficiente, pensando na urgência dos prazos do contratante, além de uma programação que otimize a prestação do serviço. “Sempre fazemos o seguro das cargas transportadas. Em média, mobilizamos 1400 equipamentos por mês, com isso, obtemos um valor de seguro bem abaixo do preço de tabela – cerca de 70% – para quem transporta 10 máquinas nesse mesmo período. Quem tem acima de 15 carretas não compensa fazer seguro”, informa.
Monteli conta que certa vez, um veículo chegou a uma empresa conhecida com um amassado na parte dianteira e o motorista informou que havia encostado num poste. O tempo passou, o motorista saiu da empresa, e meses depois chegou uma carta informando um processo por acidente: “O motorista havia mentido. Ele tinha atropelado uma pessoa, que bateu a cabeça na calçada e morreu. Ele se ausentou do local, mas as pessoas viram o nome da empresa no veículo e entraram com processo. Por causa de situações como essa, é importante colher uma assinatura de próprio punho do condutor ou operador com a justificativa, sempre que aparecer alguma alteração no veículo”, finaliza Monteli.
Colaboraram para esta matéria
- Jhon Ferrazza – Diretor comercial da Flecha de Prata Logística
Luiz Carlos Monteli – Diretor da Monteli Seguros
Waldemir Rodrigues de Oliveira – Diretor da Transtati Transporte de Máquinas e Equipamentos