Usar vidro em pisos e escadas é seguro e proporciona leveza ao ambiente
Para a especificação da melhor solução deve ser considerado, dentre outros elementos, o tipo de instalação
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
São vários os fatores que devem ser considerados para a elaboração dos projetos de pisos e escadas de vidro, de acordo com Claudia Mitne, gerente de Marketing da GlassecViracon. “Local de aplicação, número de usuários e, principalmente, o tipo de instalação devem ser considerados para a especificação da melhor solução em vidros”, afirma. Já para o dimensionamento é importante levar em consideração o tamanho dos degraus e patamar, do vão livre, carga máxima que deverá suportar, apoios dos degraus e da estrutura, temperatura máxima, acessos no caso de emergência, entre outros. “A composição ideal de laminação do vidro de pisos e escadas é aquela que atende, com segurança, todos esses requisitos. E é muito importante considerar que essas estruturas devem ter redundância para o caso de falha de uma das lâminas de vidro, diz José Carlos Alcon, gerente Técnico de Soluções para Laminação de Vidros de Segurança da Divisão de Embalagens e Polímeros Industriais da DuPont.
Especificação
Alcon afirma que não é recomendado utilizar vidros recozidos em escadas e pisos devido à sua baixa resistência a impactos. “O mais usual é utilizar composições com vidros temperados e, em alguns casos, uma combinação de temperados e termoendurecidos, como o utilizado no SkyWalk do Gran Canyon, nos Estados Unidos. Porém, o fundamental é respeitar as tensões máximas admissíveis para cada tipo de vidro”. Mitne acrescenta que outro desafio é manter o design proposto pela arquitetura.
Dependendo do projeto da escada é necessário prever ferragens para ancoragem como, por exemplo, nas escadas de vidro em balanço. “Atualmente o sistema é tão seguro quanto a sua parte mais frágil. Existem vidros laminados tão resistentes que, durante os testes extremos, a falha ocorre no suporte metálico ou na fixação antes de atingir o ponto de ruptura dos vidros, ou seja, a estrutura falha com o vidro intacto”, explica Alcon.
No momento de especificar pisos e escadas de vidro é importante o arquiteto pensar em todas as condições e possibilidades em que essas soluções serão utilizadas. O gerente exemplifica: “A existência de outra rota de fuga, o uso do trajeto de vidros durante uma emergência, transporte de carga, peso das pessoas e das cargas, entre outras”.
Normas Técnicas
Local de aplicação, número de usuários e, principalmente, o tipo de instalação devem ser considerados para a especificação da melhor solução em vidros
Não existe nenhuma norma técnica no Brasil sobre o assunto. “A norma ABNT NBR 7199 – Projeto, execução e aplicações de vidros na construção civil – especifica a resistência máxima que um vidro deve suportar”, diz Alcon. Mas na aplicação dessa norma é necessário consultar também a NBR 6123 – Forças devidas ao vento em edificações – Procedimento, e a NBR 7210 – Vidro na construção civil – Terminologia.
Aplicação
De acordo com o gerente técnico, as cores para pisos e escadas não dependem apenas do PVB. “Existem muitos materiais que podem alterar a cor da composição. O próprio vidro, por exemplo, pode ser colorido”, diz. Mitne explica que as cores dos vidros aplicados em escadas podem atender aos mais ousados projetos. “Desde os vidros mais transparentes, como o extraclaro, e cores diferenciadas até desenhos feitos através de serigrafias ou de vidros impressos. O que o arquiteto sonhar é transformado em realidade”, brinca.
Segundo Alcon, muitos profissionais optam pelo desenvolvimento de escadas e pisos de vidro devido à estética e a baixa interferência visual. “Isso se contrapõe à sensação de insegurança, que é breve, pois os usuários logo se acostumam e passam a sentir confiança ao caminhar sobre os vidros. Temos algumas obras famosas, como o SkyWalk e o The Ledge, que exploram exatamente a sensação de caminhar sobre o vazio, utilizando vidros de alta transparência e nenhum tipo de camada antiderrapante sobre eles”, afirma. “Grandes shoppings também utilizam esta sensação de transparência, interação e leveza que as escadas e pisos de vidro transmitem”, acrescenta a gerente de Marketing.
Vantagens
O mais usual é utilizar composições com vidros temperados e, em alguns casos, uma combinação de temperados e termoendurecidos, como o utilizado no SkyWalk do Gran Canyon, nos Estados Unidos
Os vidros temperados e laminados proporcionam maior resistência aos pisos e degraus. Em eventual quebra, ele não estilhaça, mantendo os fragmentos presos e evitando o transpassamento do vão.
A utilização de vidro impresso com sua textura voltada para cima, por exemplo, compondo um vidro laminado, também agrega várias vantagens ao piso. A textura tem o efeito antiderrapante e impede a visualização de riscos e arranhões que se formam naturalmente devido ao uso. Ou seja, é possível ter um piso de vidro com vida útil maior do que um piso composto de vidro laminado somente com float.
É bom saber“Pode acontecer de uma determinada composição de vidro ser totalmente segura, porém a deflexão ser alta, causando o efeito de ficar sobre uma ponte que balança com a passagem dos automóveis. Nesses casos, é preciso engrossar a composição, utilizando mais vidro ou usando materiais mais rígidos”, diz o gerente técnico. A especificação do vidro deve ser muito cuidadosa, comenta Mitne, levando em consideração, além da resistência mecânica, a flexão e deflexão da placa do vidro, o acabamento das bordas e o possível contato com a água que, dependendo do vidro utilizado, torna-se escorregadio.
Colaboraram para esta matéria
- José Carlos Alcon – Ingressou na DuPont do Brasil em 1996 como engenheiro Sênior. Nesta função, foi responsável pelo desenvolvimento de soluções de embalagens para envase de líquidos e laticínios. Em 2004, Alcon assumiu o desenvolvimento de novas soluções em vidros de segurança para blindagem arquitetônica, área na qual se especializou. Quatro anos mais tarde, o executivo foi promovido a consultor técnico em Cálculos Estruturais em Vidros, cargo que exerce até o momento. Em 2011, José Carlos Alcon também assumiu a liderança técnica da área de Segurança em Vidros para a DuPont América Latina. Graduado em Tecnologia Eletrônica pela Universidade Mackenzie, Alcon acumula experiência em outras companhias do setor, como Coca-Cola, Pepsi e Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), neste último exerceu cargo de técnico em aceleradores de partículas (energia nuclear). O executivo também participa das comissões da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para a área de vidros de segurança.
- Claudia Mitne – É graduada em Arquitetura pela Universidade de Mogi das Cruzes, com MBA em Administração de Marketing pela FIA – Fundação Instituto de Administração. Experiência de 20 anos no setor de construção civil e 15 anos no mercado de vidros para arquitetura. É gerente de Marketing e Produtos da GlassecViracon.