Vai especificar revestimentos? Conheça opções com apelo ecológico
Embora essa questão ainda seja um pouco confusa no Brasil, alguns produtos atendem à norma NBR ISO 14024:2004, outros possuem certificação ambiental LEED, FSC® ou SustentaX
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
A sustentabilidade atravessou as paredes do setor da decoração e chegou até a construção civil, onde reciclar materiais e resíduos já é comum durante toda a execução da obra. Porém, o mercado pediu mais e, agora, até mesmo os revestimentos usados na finalização dos projetos se tornaram sustentáveis, adquirindo o apelo de reciclados.
De acordo com Miriam Gurgel, autora do livro Design Passivo Baixo Consumo Energético – Guia para Conhecer, Entender e Aplicar os Princípios do Design Passivo em Residências, essa busca por produtos sustentáveis começou com o advento do global warming: aquecimento gradual da Terra e mudanças climáticas drásticas. Ou seja, era chegada a hora de melhorar a qualidade do ar e prevenir urgentemente os impactos do superaquecimento para as gerações futuras.
Mas o que se pode entender por revestimento sustentável? “O revestimento só pode ser considerado sustentável se houver preocupação com o meio ambiente durante seu processo de fabricação – seja na redução do consumo de água ou energia, seja na escolha de matéria-prima”, explicam as arquitetas Giselle Macedo e Patrícia Covolo, do escritório Macedo&Covolo. “Além disso, precisam atender à norma NBR ISO 14024:2004 ou possuir selo de certificação”, conclui a arquiteta Patricia Totaro.
Há, portanto, algumas opções interessantes. A arquiteta Camila Klein lembra os revestimentos feitos de madeira reflorestada: “Eles são válidos desde que sejam certificados pelos órgãos competentes, como o Forest Stewadship Council (FSC)”.
Outra sugestão é o revestimento feito de bambu, considerado sustentável por sua proveniência de recursos rapidamente renováveis, como esclarece Francine Ferrari Gautier, arquiteta da Neobambu, empresa que possui certificado de qualidade ambiental ISO 14001 e ISO 9001. “Usadas em pisos, paredes, forros e mobiliário, as fibras de bambu podem ser prensadas de três formas: na horizontal, na vertical ou entrelaçadas, definindo seu design único e garantindo alta resistência. Só não podem ser usadas em áreas externas, pois não suportam chuvas nem altas variações de temperatura”, pontua a profissional.
O que se encontra por aí
Cerâmica Atlas
Para reduzir seus resíduos de produção, a empresa criou o REC 65 que tem, em sua composição, 65% de produtos reciclados da própria fábrica, evitando o aumento da poluição. Além disso, é ecológico, porque economiza recursos da natureza que seriam necessários para sua produção. “O REC 65 pode ser aplicado em fachadas internas e externas e em pisos internos graças à sua aparência artesanal, com amplas nuances de cores”, relata Cristina Ricciardi Brisighello, diretora de marketing da companhia. Esta empresa não tem certificação. Porém, o produto é feito com materiais reciclados.
Giclée
O fabricante lançou o Papier Souche, produto sustentável que possui em sua fórmula 30% de revestimentos que seriam inutilizados, além de tinta eco-solvente para impressão. É antiácaro, não retém poeira e a cola utilizada para sua aplicação é à base de água. “Este material pode ser aplicado em paredes, divisórias, vidros, MDF, teto e mobiliário e segue a norma de Certificação LEED CI, para projetos de interiores ou edifícios comerciais. Só não pode ser usado em pisos”, explica Mônica Lacerda Gomes, diretora da Giclée Revestimentos.
Amazonas
As linhas Copacabana e Piso Play são ecologicamente produzidas com aparas de solados, placas e outros rejeitos de borracha. Como possuem alta performance, são ideais para playgrounds ou áreas comuns, como calçadas, quadras esportivas, academias e áreas fitness. “Os pisos reutilizam as aparas de borrachas látex de solados e placas que são produzidos na empresa. Diferentemente dos pneus, o látex tem melhor propriedade anti-impacto, o que proporciona melhor performance”, afirma Leandro Araújo, gerente de marketing do grupo.
A Amazonas participa do programa Atuação Responsável. Criado no Canadá, pela Canadian Chemical Producers Association (CCPA), e atualmente encontrado em mais de 40 países com indústrias químicas em operação, o Responsible Care se propõe a ser um instrumento eficaz para o direcionamento do gerenciamento ambiental. Esse, considerado no seu aspecto mais amplo, inclui a segurança das instalações, processos e produtos, e a preservação da saúde ocupacional dos trabalhadores, além da proteção do meio ambiente por parte das empresas do setor e ao longo da cadeia produtiva.
Solarium
O revestimento cimentício, que pode ser utilizado em áreas externas e internas, não polui durante o processo de fabricação, pois as placas curam sem auxílio de fornos, o que propicia dois grandes benefícios: não exige fontes de energia extra (elétrica, gás ou carvão) e não expele gases poluentes na atmosfera. A marca possui o selo SustentaX. “O cimentício pode ser considerado sustentável porque é feito a partir de componentes reciclados, como o cimento branco e o mármore moído”, explica Ana Cristina de Souza Gomes, presidente da Solarium Revestimentos.
Formica®
Todos revestimentos da marca (sejam eles laminados decorativos de alta pressão, fitas de borda ou pisos vinílicos) são sustentáveis. Para isso, adota algumas políticas para a produção eficiente dos produtos, como a matéria-prima utilizada, que é oriunda do manejo sustentável e do reflorestamento e possui certificação de origem.
Os laminados, independentemente de padrões e cores, são ecológicos, sendo que os padrões Madeirados e Pedras preservam as jazidas minerais. Para os padrões Unicolores, são utilizados pigmentos 100% orgânicos e livres de metais ou outros componentes nocivos à saúde e ao meio ambiente. “Além disso, não exigem manutenção, a limpeza é feita com água e sabão neutro, não necessitam de verniz para acabamento, têm maior resistência à exposição solar e a manchas, não trincam, não soltam farpas, têm baixa absorção de umidade, são imunes às pragas, cupins e fungos, e também são antialérgicos e antimicrobianos”, explica José Reginaldo Missiato, gerente de marketing/ produto e desenvolvimento da marca.
A Formica® possui a certificação FSC® da cadeia de custódia para os laminados de alta pressão. A certificação assegura que estes laminados sejam produzidos com matérias-primas provenientes de florestas manejadas com responsabilidade e fontes controladas.
Eliane
As coleções ecológicas Ecocement, Ecostone e Platno são consideradas sustentáveis por reutilizarem matérias-primas no seu processo de produção. O Ecostone é o primeiro porcelanato técnico ecológico do Brasil feito com até 60% de matéria-prima reaproveitada do processo de fabricação (Ecostone Preto). Já a linha Platno é produzida com, no mínimo, 35% de matéria-prima reaproveitada do processo de fabricação. Da mesma forma, a Ecocement apresenta até 10,5% de reaproveitamento de massa, com a inclusão de porcelanato britado na sua formulação, evitando que 90% dos materiais gerados sejam destinados para aterros.
“Todas as coleções são feitas com 90% de reutilização de água e até 50% de economia de energia elétrica e certificadas pelo BRTÜV (órgão alemão que atua nas áreas de sistemas de gestão da qualidade, gestão ambiental e de produtos”, afirma o coordenador de portfólio e produto Sérgio Ruzza.
Lepri
A fabricante está com 95% da sua linha feita a partir da reciclagem do vidro da lâmpada fluorescente e do vidro de telas de TV e monitores de computadores descartados. A Lepri é membro do Green Building Council Brasil, que aceita apenas empresas com produtos fabricados com consciência ecológica.
José Lepri, presidente da empresa, explica que a maioria dos produtos cerâmicos utiliza resíduos de outros materiais e também da própria cerâmica, reduzindo ou até eliminando o envio de materiais para o lixo.
Colaboraram para esta matéria
- Giselle Macedo e Patrícia Covollo – Giselle Macedo é arquiteta e urbanista graduada pela Universidade Mackenzie. Atuando no mercado desde 1998, fez parte da equipe de escritórios de arquitetura e interiores de São Paulo, adquirindo ampla experiência no desenvolvimento de projetos residenciais, comerciais e no gerenciamento de obras. Patricia Covolo é graduada em Artes Plásticas pela Universidade São Judas e em Design de Interiores pela Panamericana Escola de Arte e Design. No mercado desde 2004, atuou em escritórios de arquitetura e interiores, especializando-se em decoração residencial, corporativa e de festas e eventos.
- Francine Ferrari Gautier – Graduada em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário Moura Lacerda, Ribeirão Preto, SP. Pós-graduada em MBA em Gestão de Negócios pela FAAP, São Paulo, SP. Atuou na área de projetos/vendas em empresas do ramo mobiliário como Ornare e Collectanea/MisuraEmme. Atualmente é diretora na empresa NeoBambu Pisos Ecológicos deste 2006.
- Mônica Lacerda Gomes – Fundadora e diretora da empresa Giclée Revestimentos desde 2007. É especialista em captação, digitalização, tratamento e reprodução de todo tipo de imagem para revestimentos. Há sete anos trouxe para o Brasil uma nova possibilidade de reprodução em materiais específicos para revestimentos de parede, aliando os produtos sustentáveis em sua produção. Graduada em Design de Interiores pela Panamericana de Arte – SP e em Administração de Empresas pela FGV –SP.
- Patricia Totaro – Arquiteta do escritório Patricia Totaro | Arquitetura de Resultados. Atua desde 1994 no mercado esportivo desenvolvendo projetos de arquitetura para academias de ginástica, escolas de natação, clubes, centros esportivos e spas. Patricia é formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1995), possui MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios pela Fundação Getúlio Vargas. É, também, palestrante nos mais importantes eventos esportivos, como IHRSA – o mais importante da América Latina, Fitness Brasil, Brasília Capital Fitness e Sports Business.
- Ana Cristina de Souza Gomes – É formada em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Aos 21 anos, mudou-se para a Inglaterra, onde iniciou sua carreira no escritório The John Madison Design Group, na cidade de Birmighan, e participou de projetos como o da Biblioteca Pública da cidade. Voltou ao Brasil, montou o próprio escritório, em Porto Alegre, e fez pós-graduação em Desenho Industrial. Em 1973, mudou-se para São Paulo e trabalhou durante 6 anos no escritório de arquitetura Aflalo e Gasperini, atuando em obras como o Tribunal de Contas de São Paulo, Playcenter, entre outros. Inaugurou sua primeira fábrica em Porto Alegre, e batizou-a de Solarium Revestimentos.
- José Reginaldo Missiato – Formado em Engenharia Industrial Mecânica pela Universidade Braz Cubas e com Pós-graduação em Marketing pela ESPM. Também possui MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Hoje atua como Gerente de marketing/Produto e Desenvolvimento da Formica®.
- Camila Klein – Foi aprendiz do renomado arquiteto Ruy Othake, e conseguiu um lugar de destaque entre grandes nomes da arquitetura nesses cinco anos de carreira solo.
- Miriam Gurgel – Autora do livro Design Passivo – Baixo consumo energético – Guia para conhecer, entender e aplicar os princípios do Design Passivo em residências.
- Cristina Ricciardi Brisighello – Diretora de Marketing da Cerâmica Atlas.
- José Lepri – Presidente da Lepri - Finas Cerâmicas Rústicas.
- Sérgio Ruzza – Coordenador de portfólio e produto da Eliane Revestimentos.
- Leandro Araújo – Gerente de Marketing do grupo Amazonas.