Vantagens do concreto dosado em central superam a do virado em obra
O material usinado apresenta vantagens técnicas, como qualidade controlada e produtividade, que não são alcançadas pelo concreto preparado no canteiro
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
(Foto: Z_beth/Shutterstock)
Controle de qualidade e produtividade são questões-chave quando os responsáveis por uma obra precisam decidir entre o concreto usinado e aquele virado em obra. Se, de um lado, o concreto dosado em central se caracteriza pela produção em grandes volumes, o material preparado no canteiro é feito em pequenas quantidades e em qualquer horário que for conveniente. Esta é, de acordo com engenheiro e professor Mauricio Bianchini, gerente Técnico de Mercado da Votorantim Cimentos, a única vantagem do concreto dosado na obra.
“Nas centrais, as matérias-primas são dosadas por meio de balanças com rigorosos controles de produção, a partir de receitas formuladas em laboratório para os materiais empregados na produção”, explica. Esse concreto é misturado em caminhão betoneira, que também transporta o material até a obra.
Cada caminhão leva, em geral, 8 m³ (8000 litros) de concreto em cada entrega. O concreto chega pronto para aplicação na obra e é transportado até o local de aplicação com a utilização de bombas de concreto, carrinhos de mão, jericas, gruas, entre outros.
Segundo Bianchini, o concreto virado em obra possui baixo ou nenhum controle de qualidade. “Os materiais são dosados em latas, padiolas ou números de pás, por meio de receitas que os pedreiros aprenderam ao longo dos anos e que não são formuladas especificamente para os materiais empregados”, comenta, admitindo que é possível utilizar aditivos em concreto feito em canteiro, mas dificilmente isso acontece por falta de conhecimento dos pedreiros.
De maneira geral, essa preparação em obra exige a participação de muitos trabalhadores, e o transporte é feito em carrinhos de mão. “É produzida uma pequena quantidade de concreto a cada betonada, possuindo baixa produtividade”, observa.
Vantagens
As principais vantagens do concreto dosado em central começam com o maior controle de produção e, consequente, da qualidade do concreto. “Passam pela garantia de atendimento da resistência especificada em projeto, ausência de necessidade de estoque e de perdas de materiais como areia, brita e cimento”, destaca Bianchini.
Ao utilizar concreto usinado, há diminuição do número de operários e maior produtividade na obra, com redução dos custos totais para produção da estrutura e de processos administrativos e de gestão de suprimentos. Além da possibilidade de bombear o concreto até o local de aplicação.
Bianchini aponta que o concreto dosado em central é mais barato quando comparado ao virado em obra. Porém, é preciso olhar para os números considerando todos os custos envolvidos na operação, como perdas, mão de obra, produtividade, tempo de execução, equipamentos, eletricidade, água, gastos com estoque, entre outros.
Onde usar cada solução
O concreto dosado em central pode ser utilizado para qualquer aplicação, desde a construção de calçadas até grandes estruturas. “Por outro lado, para se produzir concreto virado em obra, são necessários muitos controles que dificilmente são executados. Dessa forma, o ideal é usar concreto feito em obra apenas para pequenos serviços não estruturais, como canteiros de flor, pequenas calçadas e reparos nãos estruturais, entre outros”, recomenda.
Nas grandes obras, há casos em que o concreto pode ser preparado no canteiro. Para tanto, é montada uma central dosadora de concreto in loco, com todos os estudos e processos de uma empresa de serviço de concretagem que funcionará lá até a obra acabar.
O concreto virado em obra tem inclusive restrições normativas, referência à ABNT NRB 12.655/2015 Concreto de Cimento Portland – Preparo, controle, recebimento e aceitação – Procedimento.
“Ela prescreve que, para concretos produzidos sem os controles usuais das centrais de concreto (controle de umidade, pesagem dos materiais e correção da umidade dos agregados), o que é quase, ou senão a totalidade das obras onde o concreto é virado em obra, que a resistência máxima a ser produzida seja de 20 MPa. Porém, a mesma norma indica que obras em ambiente urbano tenham uma resistência mínima de 25 MPa”, adverte.
Pequenas obras
O uso de concreto dosado em central já prevalece sobre o concreto virado em obra nas médias e pequenas obras, segundo Bianchini. A alta produtividade e qualidade do concreto dosado em central são ideais para as pequenas obras ao garantirem a execução de estruturas de elevada qualidade, de maneira econômica e com alta produtividade.
As pequenas obras são um mercado relevante para os produtores de concreto. “Empresas como a Engemix, unidade de negócio de concreto da Votorantim Cimentos, tem um setor especializado em atender pequenas obras, prestando o atendimento adequado às necessidades do pequeno construtor ou pessoa física”, finaliza.
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- Maurício Bianchini – Engenheiro Civil, pós-graduado em Gestão de Negócios e mestre em engenharia civil pela Universidade Federal do Paraná. Tem experiência de 25 anos em materiais de construção, patologia nas obras civis e recuperação de estruturas, com atuação em obras imobiliárias, de infraestrutura e industriais. Gestor em empresas de grande porte. Professor e coordenador de cursos de pós-graduação. Diretor regional e conselheiro de sócio mantenedor no Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON). É gerente Técnico de Mercado da Votorantim Cimentos.