Vendas e locações de máquinas e equipamentos de obra crescem
Após crise, mercado da construção civil se recupera e deixa locadores, vendedores e fabricantes de máquinas e equipamentos otimistas para 2010
Redação AECweb
O aumento da demanda por máquinas e equipamentos para a construção civil - em razão da crescente mecanização dos processos construtivos e também pelo bom momento econômico pelo qual passa o setor – atinge diretamente os fornecedores desses equipamentos: fabricantes, locadores e vendedores. Os três segmentos têm motivos para estarem otimistas em relação aos próximos anos. Este início de 2010 já dá provas de que a demanda por equipamentos para construção começa a chegar nos níveis pré-crise, aqueles de 2008.
Locação ou compra, tudo depende do porte da construtora e do tipo de obra. “Uma ponte é uma obra civil que usa pouquíssimos equipamentos e que se diferencia da construção de uma estrada, onde se usa trator, niveladora, compactadora, rolo para asfaltar, caminhão. Na construção de um prédio, entram os equipamentos até concluir a fundação. Acabou a fundação, não se usa mais nada de equipamento”, explica o empresário Maurício Briard, da Loctrator e presidente da APELMAT – entidade paulista que reúne empresas locadoras.
VENDA
“No que se refere à venda equipamentos, a queda foi de cerca de 20% entre 2008 e 2009. Caiu muito, mas houve uma recuperação. Os números desse início de ano já nos dão algum balizamento”, conta Fernando Forjaz, proprietário da Formeq, que vende e aluga equipamentos para construção e está há 18 anos no mercado. “A estimativa de aumento de vendas é de 15% a 18% acima do alcançado em 2008 e 38% superior a 2009”, completa. Entre locações e vendas de equipamento, ele estima que as vendas da empresa correspondem hoje a cerca de 40% do total – volume que foi bem menor na crise de 2008.
Para a fabricante Ciber, um fator que tem impulsionado a venda de equipamentos são as obras públicas e, no caso da empresa, que produz máquinas para pavimentação de vias, os recentes investimentos em infraestrutura. “A grande movimentação de obras de modernização e ampliação da malha rodoviária brasileira tem gerado grandes investimentos e movimentado o mercado”, avalia Walter Rauen, diretor presidente da Ciber Equipamentos Rodoviários, que em 2009 cresceu 20%. Vai bem, ainda, nas exportações, tendo conquistado a Austrália com as usinas de asfalto - carro-chefe do portfólio. “Consolidamos posição na África e seguimos mantendo a liderança na América Latina no desenvolvimento de equipamentos para construção e manutenção de estradas”, conclui.
LOCAÇÃO
Quem não compra, aluga. Essa é a opção mais utilizada pelas construtoras, diante das vantagens que, em muitos casos, são superiores às da compra: “Para uma obra que requer entre seis meses e um ano, não compensa para a construtora comprar equipamento. O equipamento acaba não se pagando na obra”, diz Maurício Briard, proprietário da Loctrator, há 13 anos no mercado de locação. Outras vantagens que levam as construtoras a alugar incluem a manutenção das máquinas e a operação, que geralmente ficam por conta da locadora. “Hoje as locadoras estão se profissionalizando, atendendo melhor às demandas do cliente”, diz Fernando Forjaz, que completa: “No ano de 2009, com o agravamento da crise, o mercado de locação cresceu, porque as construtoras preferiram evitar mobilização de capital na compra de equipamento, e passaram a alugar mais”.
O perfil das construtoras que alugam equipamentos é diferente daquelas que compram: “as grandes dependem de uma variedade maior de equipamentos, então preferem alugar. Já as pequenas construtoras compram mais”, explica Maurício Briard. O perfil de equipamento que tem mais saída das locadoras são os pequenos, aqueles de até 25 ton. Nessa faixa, grandes construtoras já não compram mais, apenas alugam quando necessário.
Um fenômeno recente desse setor é que o aumento da demanda por equipamentos para locação tem atraído a atenção de grupos estrangeiros. “De uns anos pra cá, começaram a chegar as grandes redes de locadoras ao mercado, que por conta disso começou a mudar. Essas ‘rentals’ compram equipamentos e máquinas entre 50 ton e 70 ton, sempre importados, pois não se fabrica aqui, e alugam para as grandes obras. Portanto, fazem o atacado, enquanto nós, locadoras individuais, nos ocupamos do varejo”, diz Maurício Briard.
“Observamos o interesse de empresas de fora, a médio prazo o Brasil é a bola da vez. Isso está forçando a mudança de hábitos de algumas locadoras, que estão se profissionalizando mais para competir com as estrangeiras. É uma concorrência sadia, que estimula as construtoras a contratarem boas empresas”, completa Forjaz. Briard lembra que os equipamentos de primeira linha, nacionais ou importados, têm características semelhantes e mundiais. “Já o equipamento chinês, não tem muita tecnologia. São mais baratos e, para quem trabalha e mede resultado, ele deixa a desejar”, alerta.
Redação AECweb
COLABORARAM PARA ESTA MATÉRIA
Walter Rauen - Principal executivo do grupo Wirtgen na América Latina, o diretor-presidente da Ciber Equipamentos Rodoviários Ltda., Walter Rauen, é PhD pela Technische Universität Braunschweig, da Alemanha. Cursou engenharia e fez mestrado na Unicamp com MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Paulista de nascimento, vive em Porto Alegre há mais de dez anos, o diretor-presidente da Ciber também foi pesquisador exercendo atividades no ramo acadêmico no Brasil e na Alemanha. Em 1984, Rauen conquistou o prêmio Instituto de Engenharia como o melhor formando de todas as faculdades de engenharia da Unicamp.
Fernando Forjaz - Formado em engenharia mecânica, Forjaz tem larga experiência em atividades ligadas à construção civil e prefeituras. Há mais de 29 anos atua no mercado de equipamentos para vibração de concreto, compactação de solos e serviços de engenharia para a montagem e manutenção de piscinões com Motobombas Submersíveis.
Maurício Briard – Sócio- presidente da Loctrator e presidente da APELMAT – Associação Paulista dos Empreiteiros e Locadores de Máquinas de Terraplanagem, Ar Comprimido, Hidráulicos e Equipamentos de Construção Civil.